A Associação Meditar é uma sociedade civil com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, não religiosa ou doutrinária. O primeiro núcleo surgiu em Porto Alegre-RS, e, atualmente, possui núcleos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Lajeado, Novo Hambugo, Santa Maria, São Francisco de Paula, Capão da Canoa, Florianópolis, Chapecó e Cuiabá.

A Associação Meditar se propõe a: Difundir a prática da meditação; Congregar os praticantes da meditação; Coletar e divulgar os benefícios à saúde física e mental promovidos pela prática adequada da meditação; Criar, apoiar e promover a difusão de locais adequados para a prática de meditação (Núcleo ou Centros Meditar) no Brasil e no exterior; inclusive, com sedes rurais para abrigar seus membros em vida comunitária voltada à meditação, ao estudo, ao trabalho natural na terra, à contemplação da natureza.

Dedica-se a orientar a iniciação e o desenvolvimento das pessoas (empresa, escolas, associações) na meditação de forma clara, simples, objetiva e segura; Promover cursos, palestras, workshops, retiros e atividades voltadas à prática da meditação; Incentivar e promover a atitude mediativa, altruísta e pacífica, que implique na paz interna e externa, na não-violência, no respeito pela natureza, alimentação natural, bons valores humanos, no conhecimento e na sabedoria.

A Associação Meditar de Cuiabá se reúne sempre aos Sábados, às 08h00, no Espaço Ligia Prieto. Endereço: Rua Min.João Alberto, 137 – Araés - Cuiabá. Informações pelo tel. (65)3052-6634.

terça-feira, 23 de março de 2010

O Nobre Caminho Óctuplo e os Cinco Poderes


Thich Nhat Hanh

Quando o Buddha tinha 80 anos e estava próximo de seu falecimento, um jovem homem chamado Subhadda veio vê-lo. Ananda, o atendente do Buddha, pensou que seria muito exaustivo para o seu mestre ver alguém, mas o Buddha ouviu o pedido de Subhadda e disse, "Ananda, por favor convide-o para entrar." Mesmo morrendo, o Buddha queria dar uma entrevista.
Subhadda perguntou, "Honrado pelo Mundo, há outros mestres religiosos em Magadha e Koshala totalmente iluminados?" O Buddha sabia ter apenas um curto período de vida e que responder essa questão seria um perda de momentos preciosos. Quando você tiver a oportunidade de perguntar a um mestre sobre o Dharma, pergunte uma questão que possa mudar sua vida.
O Buddha respondeu, "Subhadda, não é importante se eles são totalmente iluminados. A questão é se você quer liberar a você mesmo. Se quiser, pratique o nobre caminho óctuplo. Onde quer que o nobre caminho óctuplo seja praticado, a alegria, a paz e o insight estarão lá". O Buddha ofereceu o caminho óctuplo em seu primeiro sermão, continuou a ensiná-lo por 45 anos e em seu último sermão do Dharma, dito para Subhadda, ele ofereceu o nobre caminho óctuplo — visão correta, pensamento correto, fala correta, ação correta, meio de vida correto, esforço correto, atenção correta e concentração correta.
Arya ashtangika marga ("um nobre caminho de oito ramos") sugere a natureza interexistente destes oito elementos do caminho. Cada ramo contém todos os outros sete. Por favor, use sua inteligência para aplicar os elementos dos nobre caminho óctuplo em sua vida diária.
A atenção é a energia que podemos produzir em nossas vidas diárias para trazer nosso paraíso de volta. As cinco faculdades, ou bases (sânsc. indriyani), são as usinas que podem nos ajudar a gerar esta energia em nós mesmos. Os cinco poderes (sânsc. balani) são essa energia em ação. As cinco faculdades e poderes são a fé, a energia, a atenção, a concentração e o insight. Quando praticadas como bases, são como fábricas que produzem eletricidade. Quando praticados como poderes, têm a capacidade de nos trazer todos os elementos do caminho óctuplo, assim como a eletricidade manifesta-se como luz ou calor.
O primeiro dos cinco é a fé (sânsc. shraddha). Quando tempos fé, é desatrelada uma grande energia em nós. Se nossa fé é inconfiável ou falsa em algo, não informada pelo insight, mais cedo ou mais tarde ela nos conduzirá a um estado de dúvida e suspeita. Mas quando nossa fé é feita de insight e compreensão, tocaremos as coisas que são boas, belas e confiáveis. A fé é a confiança que recebemos quando colocamos em prática um ensinamento que nos ajuda a superar as dificuldades e a obter alguma transformação. É como a confiança que um fazendeiro tem em seu modo de fazer crescer as colheitas. Não é uma fé cega. Não é uma crença em um conjunto de idéias ou dogmas.
O segundo poder é a diligência (sânsc. virya), a energia que traz felicidade para a nossa prática. A fé dá nascimento à diligência, e esta diligência continua a fortalecer nossa fé. Animados com esta energia diligente, nos tornamos verdadeiramente vivos. Nossos olhos brilham e nossos passos são sólidos.
O terceiro poder é a atenção (sânsc. smriti). Para olhar profundamente, para ter um insight profundo, usamos a energia da atenção correta. A meditação é uma usina para a atenção. Quando nos sentamos, comemos uma refeição ou lavamos pratos, podemos aprender a ser atentos. A atenção nos permite olhar profundamente e ver o que está acontecendo. A atenção é o arado, a enxada e a fonte d'água que irriga o insight. Somos o jardineiro — arando, semeando e irrigando nossas sementes benéficas.
O quarto poder é a concentração (sânsc. samadhi). Para olhar profundamente e ver claramente, precisamos de concentração, precisamos de concentração. Quando comemos, lavamos pratos, andamos, nos sentamos, deitamos, respiramos ou trabalhamos em atenção, desenvolvemos a concentração. A atenção conduz à concentração, e a concentração conduz ao insight e à fé. Com estas quatro qualidades, nossa vida é preenchida com alegria e com a energia de ser vivo, que é o segundo poder.
O quinto poder é o insight, ou sabedoria (sânsc. prajna), a habilidade de olhar profundamente e ver claramente, e também o entendimento que resulta desta prática. Quando podemos ver claramente, abandonamos o que é falso e nossa fé torna-se a fé correta.
Quando todas as cinco usinas estão trabalhando, produzindo eletricidade, não são mais faculdades apenas. Tornam-se os cinco poderes. Há uma diferença entre produzir algo e ter o poder que ele gerou. Se não houver energia suficiente em nosso corpo e mente, nossas cinco usinas precisam de reparo. Quando nossas usinas funcionam bem, somos capazes de produzir a energia que precisamos para a nossa prática e para a nossa felicidade.
(Thich Nhat Hanh. The heart of the Buddha's teaching - transforming suffering into peace, joy, and liberation:the four noble truths, the noble eightfold path and other basic Buddhist teachings. Broadway Books: New York, 1999)

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