A Associação Meditar é uma sociedade civil com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, não religiosa ou doutrinária. O primeiro núcleo surgiu em Porto Alegre-RS, e, atualmente, possui núcleos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Lajeado, Novo Hambugo, Santa Maria, São Francisco de Paula, Capão da Canoa, Florianópolis, Chapecó e Cuiabá.

A Associação Meditar se propõe a: Difundir a prática da meditação; Congregar os praticantes da meditação; Coletar e divulgar os benefícios à saúde física e mental promovidos pela prática adequada da meditação; Criar, apoiar e promover a difusão de locais adequados para a prática de meditação (Núcleo ou Centros Meditar) no Brasil e no exterior; inclusive, com sedes rurais para abrigar seus membros em vida comunitária voltada à meditação, ao estudo, ao trabalho natural na terra, à contemplação da natureza.

Dedica-se a orientar a iniciação e o desenvolvimento das pessoas (empresa, escolas, associações) na meditação de forma clara, simples, objetiva e segura; Promover cursos, palestras, workshops, retiros e atividades voltadas à prática da meditação; Incentivar e promover a atitude mediativa, altruísta e pacífica, que implique na paz interna e externa, na não-violência, no respeito pela natureza, alimentação natural, bons valores humanos, no conhecimento e na sabedoria.

A Associação Meditar de Cuiabá se reúne sempre aos Sábados, às 08h00, no Espaço Ligia Prieto. Endereço: Rua Min.João Alberto, 137 – Araés - Cuiabá. Informações pelo tel. (65)3052-6634.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Shushogi – Significado da Prática Autêntica (2/1)



SHUSHOGI
Significado da Prática Autêntica ou
Significado de Prática-Iluminação

PRIMEIRA PARTE
PRINCÍPIOS GERAIS
Clarificar completamente o significado de vida-morte é o assunto mais importante para todos que trilham o Caminho Iluminado. Quando há Buda na vida-morte, não há vida-morte. Compreenda, simplesmente, que vida-morte é em si mesmo Nirvana. Não há viver-morrer a ser odiado nem Nirvana a ser desejado. Então, pela primeira vez, você estará livre de nascer-morrer.

Compreenda que esse assunto é de suprema importância. É raro nascer humano, mais raro ainda entrar em contato com os ensinamentos de Buda.
Devido às nossas virtudes do passado nascemos humanos e também pudemos encontrar o Budismo. Dentro do campo de vida-morte esta vida atual deve ser considerada a melhor e a mais excelente de todas.

Não desperdice seu precioso corpo humano à toa, abandonando-o ao vento da impermanência. Não se pode depender da impermanência. Não sabemos quando nem onde nossa vida transiente terminará. Este corpo já está além de nosso controle e a vida, à mercê do tempo, continua sem parar nem por um só momento.

Assim que a face da juventude desaparecer é impossível encontrar mesmo seus traços. Quando pensamos a respeito do tempo cuidadosamente, descobrimos que o tempo, uma vez perdido, nunca volta. Repentinamente, ao estarmos de frente para a possibilidade de morrer, governantes, reis, rainhas, ministros e ministras de estado, parentes, servos, companheiras, companheiros, filhos, filhas, jóias raras, não servem para nada.

Devemos entrar no campo da morte a sós. Apenas nos acompanha nosso carma bom ou mau. A lei da causalidade, entretanto, é ao mesmo tempo clara e impessoal: os que fazem o mal inevitavelmente descendem e os que fazem o bem inevitavelmente ascendem. Se assim não fosse, os vários Budas não surgiriam neste mundo nem Bodidarma teria ido à China.

A retribuição do bem e do mal ocorre em três diferentes períodos de tempo: Retribuição experimentada na vida presente, Retribuição na vida seguinte a esta e, por fim,
Retribuição em vidas subseqüentes.

Esse é o primeiro assunto que deve ser estudado e compreendido quando se pratica o Caminho. Caso contrário muitos de vocês cometerão erros e manterão pontos de vista errados. Mais do que isso: poderão descender aos mundos do mal, passando por um longo período de sofrimento.

Compreenda que nesta vida você só tem esta vida, não duas ou três.
Quão lamentável se, infrutiferamente, mantendo pontos de vista falsos, você em vão errar, pensando que não está cometendo nenhum mal, quando de fato o está cometendo.
Você não poderá evitar a retribuição cármica de seus atos, mesmo que, erroneamente assuma que, por não reconhecer sua existência não está sujeito a eles.

SEGUNDA PARTE
LIVRE ATRAVÉS DO ARREPENDIMENTO
Budas Ancestrais devido á sua infinita bondade deixam abertos os grandes portais da compaixão, a fim de que todos os seres – tanto humanos quanto celestiais – possam realizar a Iluminação.

Embora a retribuição cármica por atos maléficos deva surgir em um dos três estágios do tempo, o arrependimento abranda seus efeitos, trazendo alívio e pureza. Logo, vamos, com toda sinceridade, arrepender-nos em frente a Buda.

O poderoso mérito do arrependimento ante Buda não apenas nos liberta e purifica, mas também encoraja o crescimento, em nós mesmos, da pura fé, do esforço correto, e a eliminação das dúvidas. Quando a pura fé aparece nos transformamos e os benefícios se estendem a tudo que existe, todas as coisas, todos os seres e todos os objetos.

A essência do arrependimento é a seguinte: ”O acúmulo de carma prejudicial, desde o passado mais remoto, tem sido imenso, gerando dificuldades à prática.
Rogo a todos os Budas Iluminados e Benfazejos que me liberte da retribuição cármica, eliminando todos os obstáculos à prática do Caminho. Rogo que me envolvam em sua compaixão, pois é através dessa compaixão que os méritos de seus ensinamentos preenchem tudo que existe nos céus, nos mares e nas terras.

Budas Ancestrais do passado foram originalmente como sou agora. No futuro, serei como os Budas Ancestrais. Todo carma prejudicial, alguma vez cometido por mim, (desde os tempos mais remotos); Devido à minha ganância, raiva e ignorância (sem princípio); Produzido por meu corpo, fala e mente, Agora, de tudo, eu me arrependo.”

Quem se arrepender dessa maneira deverá, sem dúvida, receber invisível ajuda dos Budas Ancestrais. Compreender e agir de maneira correta é a forma de se arrepender.
O poder advindo (do arrependimento) purifica os erros até suas raízes.

TERCEIRA PARTE
PRECEITOS E ILUMINAÇÃO
Em seguida devemos venerar profundamente os Três Tesouros. Os Três Tesouros sempre merecem veneração e respeito, independentemente das mudanças em nossa vida e em nosso corpo. Budas Ancestrais, tanto na Índia como na China, corretamente transmitiram a veneração a Buda, ao Darma e à Sanga.

Pessoas sem sorte e sem virtude são incapazes de ouvir até mesmo o nome dos Três Tesouros, menos ainda podem se refugiar neles. Não aja como aqueles que em vão se refugiam nas divindades e espíritos das montanhas ou adoram altares não budistas, porque é impossível obter alívio do sofrimento dessa forma. Pelo contrário, rapidamente se refugie em Buda, no Darma e na Sanga, procurando não apenas alívio ao sofrimento, mas também completa iluminação.

Refugiar-se nos Três Tesouros significa, antes de tudo, fé pura. Quer durante a vida do Tathagata ou mesmo depois, com as mãos em gassho (palma com palma) e abaixando a cabeça devemos entoar o seguinte: Retorno e me abrigo em Buda. Retorno e me abrigo no Darma. Retorno e me abrigo na Sanga.

Retorno e me abrigo em Buda porque é o Grande Mestre.
Retorno e me abrigo no Darma, porque é um Bom Remédio.
Retorno e me abrigo na Sanga, porque é composta de Excelentes Amigos.

É somente através do refúgio nos Três Tesouros que alguém se torna discípulo (a) de Buda e se qualifica a receber todos os outros preceitos. O mérito de se refugiar nos Três Tesouros inevitavelmente aparece quando há comunhão espiritual entre quem pratica e Buda.

As pessoas que experimentam essa comunhão sempre se refugiam, quer estejam existindo como seres celestiais ou humanos, vivendo nos reinos dos sofrimentos, espíritos famintos ou animais.

Como resultado, o mérito assim acumulado inevitavelmente aumenta através dos vários estágios da existência, conduzindo, finalmente, a mais alta e suprema iluminação.
Saiba que o Bhagavata já testemunhou que esse mérito é de valor insuperável e de profundidade incomensurável. Logo, todos os seres devem assim tomar refúgio.

Em seguida devemos receber os Três Preceitos Puros. O primeiro é o de não fazer o mal. O segundo é o de fazer o bem. O terceiro é o de beneficiar abertamente a todos os seres. Então, nos comprometemos a aceitar e manter as dez graves proibições:
- não matar
- não roubar
- não praticar atos sexuais impróprios
- não mentir
- não negociar tóxicos (usar ou fazer com que outros usem)
- não falar dos erros alheios                                                                           
- não ser controlada pelo orgulho (não se elevar e rebaixar os outros, não se rebaixar e elevar os outros, não se igualar)
- não ser controlada pela ganância ou avareza (não cobiçar e/ou não compartilhar o Darma e/ou coisas materiais)
- não difamar os Três Tesouros (Buda, Darma e Sanga)

Todos os Budas têm recebido e observado os Três Refúgios, os Três Preceitos Puros e as Dez Graves Proibições. Recebendo esses Preceitos a pessoa realiza a Suprema Sabedoria Iluminada (Anokutara Sammyaku Sanbodai), a sólida e indestrutível iluminação de todos os vários Budas nos três estágios do tempo (passado, futuro e presente). Há alguma pessoa sábia que, alegremente, não procure alcançar isso?

O Bhagavata mostrou claramente a todos que quando as pessoas recebem os Preceitos de Buda, entram no nível de todos os Budas. Nível de todos os Budas é o da grande iluminação. Verdadeiramente se tornam crianças Buda. Todos os Budas existem nesse campo, percebendo tudo claramente e sem deixar rastros. Quando pessoas comuns fazem desse o seu campo, deixam de distinguir entre sujeito e objeto.

Nesse momento tudo que existe – tanto terra, grama, árvore, muro, tijolo, pedregulho – funciona como manifestação da iluminação. Aqueles que recebem os efeitos dessa manifestação realizam iluminação mesmo sem o perceber. Esse é o mérito do não fazer e não lutar: acordar a mente Bodhi (iluminada).

Extraído com contentamento e gratidão do site: http://www.monjacoen.com.br/

Shushogi – Significado da Prática Autêntica (2/2)


SHUSHOGI
Significado da Prática Autêntica ou
Significado de Prática-Iluminação

QUARTA PARTE
FAZER O VOTO ALTRUISTA

Acordar a mente Bodhi significa fazer o voto de não atravessar para a outra margem antes que todos os seres o tenham feito. Quer laico ou monástico, quer vivendo no mundo de seres celestiais ou humanos, sujeito à dor ou ao prazer, todos rapidamente devem fazer este voto.

Embora de aparência humilde, uma pessoa que desperte a mente Bodhi já é um mestre de toda a humanidade. Até mesmo uma menina de sete anos pode se tornar uma mestra nas quatro classes de praticantes (monges, monjas, leigos, leigas) e ser a mãe compadecida de todos os seres, pois há completa eqüidade entre homens e mulheres. Este é um dos mais altos princípios do Caminho.

Após acordar a mente Bodhi, tudo se torna uma oportunidade para praticar o voto altruísta, mesmo vagabundear pelos seis planos de existência e pelas quatro formas de vida. Logo, se até agora você tenha passado o tempo em vão, deve rapidamente fazer este voto, enquanto é tempo. Embora você tenha adquirido mérito suficiente para realizar o Caminho de Buda, você deve colocá-lo à disposição de todos os seres, a fim de que todos se tornem o Caminho.

Desde tempos imemoriais sempre tem existido quem sacrifique sua própria iluminação a fim de que todos os seres se beneficiem, ajudando-os, primeiramente, a cruzar para a outra margem. Há quatro espécies de sabedoria, que beneficiam outros: Ofertas, palavras amorosas, benevolência e ide
ntificação – todas são práticas de um Bodisatva. Dar ofertas significa não cobiçar.

Embora seja verdade que, em essência, nada pertence ao ser, isto não deve nos restringir de fazer ofertas. O tamanho da oferta não importa. É a sinceridade com a qual é dada. Logo, a pessoa deve estar pronta a compartilhar até mesmo uma frase ou verso do Darma, pois isto se torna a semente do bem – tanto nesta como na próxima vida. Também assim é quando se trata de seus tesouros pessoais – seja uma só moeda ou mesmo uma folha de grama – pois o Darma é o tesouro e o tesouro é o Darma.

Existem pessoas que sem esperar recompensa, de boa vontade, ajudam os outros. Fornecer um barco transportador ou uma ponte – ambos são atos de doação, bem como auxiliar alguém a ganhar seu viver e produzir bens. O significado de palavras amáveis é o de que, ao observar todos os seres, a pessoa, sentindo compaixão por todos, os trata com ternura e afeto. Isto significa ver a todos como se fossem seus próprios filhos e filhas.

A pessoa virtuosa deve ser elogiada e a sem virtudes, apiedada. Palavras amáveis são a fonte de superação do ódio de seus amargos inimigos e do estabelecimento da amizade com outras pessoas. Ouvir, pessoalmente, palavras amorosas ilumina a face e aquece o coração.

Impressão mais profunda é causada quando palavras amorosas são ditas em sua ausência. Lembre-se que palavras amáveis têm um impacto transformador nos outros. Benevolência significa encontrar meios de ajudar os outros, sem se importar com sua posição social.

Quem ajudou a fraca tartaruga ou o pássaro ferido não estava pensando em retorno por sua ajuda. Simplesmente agiu de forma benevolente. Os tolos pensam que seus interesses próprios irão sofrer se colocar o benefício alheio em primeiro lugar. Entretanto, estão errados.

Benevolência é como um círculo, beneficiando igualmente a si e aos outros. Identificação significa não diferenciação – não diferenciar entre o seu próprio ser e os outros seres. Por exemplo, o humano Tatagata, que viveu a mesma vida que todos nós humanos vivemos.

Os outros podem ser identificados com o Eu e o Eu com os outros. Com o tempo, tanto os outros como o eu se tornam um. Identificação é como o oceano, que não recusa nenhuma água sem importar qual sua origem. Todas as águas se juntam formando o mar.

Reflitam quietamente sobre os ensinamentos precedentes, pois é a prática Bodisatva. Não trate este assunto levianamente. Venere e respeite seus méritos, capazes de libertar todos os seres, permitindo que atravessem e alcancem a outra margem.

QUINTA PARTE
PRÁTICA CONSTANTE E AGRADECIMENTO

A oportunidade de despertar a mente-iluminada é, em geral, reservada aos seres humanos vivendo neste mundo. Agora, que tivemos a boa fortuna de nascer neste mundo e também de entrar em contato com Xaquiamuni Buda, como poderíamos ser alguma coisa além de felizes?

Em tranqüilidade considere a questão: se o Verdadeiro Darma ainda não houvesse se espalhando pelo mundo, seria impossível entrar em contato com os ensinamentos mesmo que quiséssemos sacrificar nossas vidas para fazê-lo. Quão afortunados somos por haver nascido no tempo presente, quando podemos realizar tal encontro!

Ouçam o que disse Buda: “Ao encontrar um mestre que exponha a suprema sabedoria iluminada (anokutara sammyaku sambodai), não considere seu nascimento, não se preocupe com sua aparência, não desgoste de suas faltas nem se importe com seu comportamento. Pelo contrário, respeitando sua grande sabedoria, reverentemente se prostre à sua frente três vezes ao dia – manhã, meio-dia e entardecer – sem causar nenhuma preocupação.” Somos agora capazes de entrar em contato com Xaquiamuni Buda e ouvir seus ensinamentos graças à bondade compadecida resultante da prática constante de cada um dos Budas Ancestrais.

Se Budas Ancestrais não houvessem diretamente transmitido o Darma, como teria chegado até nós? Devemos ser gratos por uma simples frase ou parte do Darma, mais ainda pela grande bem aventurança que surge do mais alto e supremo ensinamento: O Olho Tesouro do Verdadeiro Darma (Shobogenzo). O pássaro ferido não se esqueceu da bondade que recebeu, premiando seus benfeitores com quatro anéis de prata. Se até mesmos os animais demonstram sua gratidão pela bondade recebida, como podem os seres humanos deixar de fazer o mesmo?

O verdadeiro caminho para demonstrar essa gratidão não pode ser encontrando em nenhum outro local a não ser em nossa prática diária do Caminho de Buda. Isto quer dizer que devemos praticar sem pensar apenas em nós mesmo e apreciando cada instante da vida. Tempo voa mais rápido que uma flecha. A vida é mais transiente que uma gota de orvalho. 

Não importa quão talentosa uma pessoa possa ser – é impossível trazer de volta até mesmo um dia do passado. Viver cem anos sem propósito é comer o fruto amargo do tempo. É tornar-se um lamentável saco de ossos. Mesmo que você tenha sido escravizada(o) por seus sentidos durante cem anos se, durante um só dia, entregar-se ao treinamento de Buda, ganhará cem anos de vida neste e também no outro mundo.

Cada dia de vida deve ser apreciado, o corpo deve ser respeitado. É através de nosso corpo-mente que somos capazes de praticar o caminho. Por esta razão devem ser amados e respeitados. É através de nossa própria prática que emerge a prática dos vários Budas e o seu grande Caminho nos alcança. Logo, cada dia de nossa prática é o mesmo que cada dia de prática de Budas Ancestrais – a semente para se tornar o Caminho Iluminado.

Todos e todas as várias Budas não são nada mais que o próprio Xaquiamuni Buda. Xaquiamuni Buda não é nada além do fato de que a mente é Buda. Quando Budas do passado, futuro e presente realizam a iluminação, sempre se tornam Xaquiamuni Buda. Verifique esta questão cuidadosa e meticulosamente, pois é a maneira de demonstrar sua gratidão a todos e todas Budas.

Extraído com contentamento e gratidão do site: http://www.monjacoen.com.br/

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nossos encontros - Agenda Semanal

Queridos amigos, irmãos e irmãs,

destacamos abaixo o dia e horário da nossa prática.

Vale destacar que as atividades promovidas pela associação são sempre gratuitas e abertas a todos os interessados. 

Para tanto, sejam bem-vindos, bienvenidos, welcome, namastê, haribool, gasshô!

3ª feira - Meditação e leitura - 20:00

Recomendamos roupas leves.

Informações:
(65)3052-6634 - Ligia
(65)8143-4379 - Ivan

Thich Nhat Hanh entrevistado por Oprah Winfrey - Escuta Compassiva - LE...

Queremos conhecer aquilo que é real

Leitura e comentários sobre Nisagardatta Maharaj

Quando praticamos o Zen ou qualquer caminho espiritual verdadeiro, estamos buscando a verdade. Queremos conhecer aquilo que é real. Qualquer prática que você tenha deve ser feita com essa determinação. A verdade ou a realidade são simplesmente duas maneiras diferentes de se falar – daquilo sobre o que não podemos realmente falar – de algo que não é separado de você. É importante que você não encare a prática espiritual como algo que tem poderes mágicos.

Como se fosse algo que por si só possa dar a verdade a você. Em outras palavras, quando você faz sua prática espiritual, o ingrediente importante naquela prática é a sua própria autenticidade. Você não pode se satisfazer com nada exceto a verdade ou a realidade. Quando nós lemos Nisargadatta ou quando comentamos sobre os koans, nós fazemos isso para ajudá-lo a quebrar a prisão de imaginação na qual você está vivendo. Você está tão familiarizado com pensamentos, ideais, imagens, memórias, crenças, julgamentos, que você também está acostumado a aceitá-los como sendo verdade, como contendo verdade ou como dando-lhe a verdade. Você está subestimando as coisas. A pergunta é: como você pode acordar?
Uma pessoa diz a Nisargadatta: "Eu tento viver minha vida conforme a situação". E Nisargadatta retruca: "Há somente vida. Não existe ninguém vivendo a vida." A pessoa contesta: "Eu entendo isso. Mas, constantemente ainda tento viver minha vida, ao invés de simplesmente vivê-la. Fazer planos para o futuro parece ser um hábito bem enraizado em mim." Nisargadatta responde: "Quer ela seja planificada ou não, a vida continua."

Essa é exatamente a direção de nossa prática espiritual: ver que não há ninguém vivendo essa vida. Sartre disse em algum momento: "Eu sou minha vida." Mas não é exatamente isso o que estamos afirmando aqui. Ver que não há ninguém vivendo essa vida equivale a ver que não há vida a ver vivida. A maior parte das pessoas vê suas vidas como um tipo de estória. Eles a veem como tendo um objetivo, um significado, um valor. Essas ideias de que a vida é um estrada na qual caminhamos ou um rio que flui. Essa ideia de que há um "eu". Há a vida. E de alguma forma, eu estou vivendo a vida. Posso fazer da vida um sucesso ou posso ser um fracasso. Mas, quando uma pessoa encara sua vida como uma estória, ela forçosamente tem de ter algum tipo de final. Algum tipo de ápice qualquer. Como vocês sabem, os antigos tinham alguém ou algum deus julgando no final da vida se ela teria sido um sucesso ou um fracasso, boa ou má. Como se a vida fosse então resumida e julgada.

Mas, que a vida não tenha nenhum ponto culminante, nem objetivo, nem significado é algo ao qual a maioria das pessoas resiste. De um lado, essa resistência é justificada. Nós não estamos dizendo, como o personagem de William Shakespeare diz: " A vida é um conto cheio de barulhos e fúrias sem nenhum significado declamado por um idiota". Mas, o que estamos dizendo é que nós compreendemos a vida como simplesmente partículas de poeira que flutuam sob o raio do sol. É o raio do sol – a realidade – que é importante e não a maneira pela qual o sol é refletido.

Nisargadatta diz: " A vida é um pequeno redemoinho que emerge na mente e que se compraz em fantasias e se imagina como dominando e controlando a vida." É esse pequeno redemoinho, essa luz refletindo contra a luz que dá a sensação de permanência, de estabilidade.

Você já deve ter visto esses redemoinhos que a água forma dentro de um riacho. Você deve tê-los visto descendo ao longo de um riacho. E o redemoinho parece ser algo em si, algo constante, algo que é, algo que existe por si só. Cada um de nós é o riacho ou a luz – dependendo da metáfora que você usa – mas, cada um de nós pensa ser esse redemoinho, esse pequeno reflexo do reflexo que mantém uma espécie de estabilidade. Você deve ter visto esses redemoinhos, essas pequenas tranças de água sendo varridas de repente pelo riacho. E para onde vão? Será que morrem? Será que renascem novamente em algum outro lugar do curso do riacho?

O que é essencial no que Nisargadatta diz é que esses pequenos redemoinhos de água se imaginam como dominando e controlando a vida. O redemoinho dominando e controlando o riacho. O sentimento de controle vem da própria natureza do redemoinho. Não vem da natureza do riacho. Quando alguém sente que está no controle das situações, há então uma tensão tolerável. Mas, quando alguém sente que está saindo do controle, então a tensão aumenta. Mas, essa tensão não tem nada a ver com a situação em si. Eu lembro de uma vez, lembro ter visto uma senhora atravessando uma rua e ao mesmo tempo, havia um homem vindo em direção a ela empurrando uma motocicleta que parecia meio desgovernada. Fiquei parado ali e cada músculo de meu corpo estava tenso se contorcendo, tentando tirar a motocicleta do caminho daquela senhora. Claro que nada aconteceu, mas foi importante ver esse querer controlar a situação através da tensão. A tensão que aumenta a intenção é em si o sentimento de controle. Ficar tenso tentando controlar aquela motocicleta não teve efeito algum sobre a situação. Em todas as outras situações que alguém estiver tenso, também não surtirá efeito. É como quando vemos pessoas correndo da chuva. Eles se contraem, tensionam seus ombros, inclinam-se para frente como se desta forma não fossem se molhar. Muitas pessoas andam pela vida com os ombros suspensos, dobradas sobre si mesmas com as cabeças baixas. E mesmo assim, elas se molham.

Esse desejo de controlar, de se agarrar, de tensionar. É isso que devemos abandonar. Temos de examinar isso novamente. Não é que a vida esteja fora de controle. Não é que a vida seja uma motocicleta sem controle, mas aquilo que pensamos que está no controle é um dos fatores que realmente precisa ser controlado.

Durante o dokusan , nós indicamos à pessoa que quando eu tocar o sino, ela deve levantar-se. Eu não tenho ideia de como fazer isso. Aquilo que sente estar no controle do mundo, aquilo que está fazendo planos, decidindo e que louva a si mesmo pelos sucessos e se condena a si mesmo pelos grandes fracassos, esse redemoinho que só sabe rodopiar mais rápido ou mais lento, nem ao menos sabe como levantar. E mesmo assim, quando o sino é tocado, você se levanta, você sai, abre a porta. Quando necessário, você fala. Qual é a realidade nesse caso? Onde está a realidade? É você que anda, que fala. É você que abre a porta. Mas o que é esse você que abre a porta? Você, o redemoinho, não pode responder a essa pergunta. Tudo que você pode fazer é rodopiar mais rápido ou mais lentamente. Você não pode responder essa pergunta porque você é a resposta para essa pergunta. Você não é o redemoinho.

Quando você está acompanhando a respiração , não há ninguém acompanhando a respiração. Nunca houve ninguém e nunca haverá. Então, você argumenta: "Sim, mas eu posso fazer a respiração acelerar-se ou acalmar-se." Mas, será que pode mesmo? Como você faria isso? O que é que faz sua respiração acelerar-se ou acalmar-se? Tudo isso é subestimação. Uma grande presunção. Grande ilusão: "Sou eu quem está no controle." Claro, da mesma forma que você não pode controlar nada, você nem ao menos pode decidir se você pensará estar ou não no controle das coisas. Isso é a sua natureza. É a natureza do redemoinho. É parte de sua natureza ilusória sentir-se no controle. Você não pode extirpar isso. "Estou no controle" faz parte do "Eu sou alguma coisa". É a qualidade que é essencial ao "Eu sou alguma coisa". O sentimento de "eu posso" é o que faz o redemoinho rodopiar. Também é o que está por trás de: "Eu não sei qual o problema que tenho! Eu não consigo!" É tudo parte da mesma coisa: o desejo de controlar. Positiva ou negativamente, não faz diferença. Ser o mais bem sucedido ou ser o mais fracassado: "Não importa, se ao menos eu sou alguma coisa."

Pensamos que podemos fazer essa pergunta em qualquer momento : "Quem sou eu?" Mas, a questão real não vem do redemoinho. Vem do riacho. Não vem da poeirinha que está suspensa na luz. Vem da luz. Essa pergunta é natural para a luz. É natural para o riacho. Ela é a dinâmica do riacho. Mas, enquanto o redemoinho insistir que ele pode fazer, que ele pode responder, permanecerá obscura a verdade de que essa pergunta faz parte do riacho.

No começo do sesshin , falamos de humildade. Humildade é a possibilidade de se desapegar do redemoinho. Na tradição cristã, a devoção é um elemento essencial. Ser devoto. Ser devotado a Deus, à Virgem, ao Cristo. Mas, não é realmente Deus, a Virgem ou o Cristo que são importantes. Eles são somente estimulantes, placebos. O que é importante é a devoção, ser devoto. Mas, devoção requer grande humildade. A partir desse ponto, não se trata do que é importante para mim. Mas, do que é importante. Amar de verdade é desapegar-se.

E não podemos decidir por nós mesmos que nós vamos amar. O redemoinho não pode tomar essa decisão. Novamente, a própria natureza daquilo sobre o que estamos falando é o riacho, é a luz, é amor. É um. Estar unido a, já é ser uno com. Já é amor. Já é a ausência de separação, de conflito, de ódio. Essa é a sua natureza. O motivo pelo qual o caminho espiritual é longo é porque podemos nos abandonar a essa luz somente de forma gradual. Somente gradualmente somos capazes de nos abrir à possibilidade de nos desapegar da tensão, do rodopio, do "eu-estou-no-controle".

Se sua prática é de acompanhar sua respiração, então cada respiração é uma possibilidade. Cada respiração é uma oportunidade. É uma nova abertura. Um novo começo. É o mesmo que responder à pergunta: "Quem sou eu?" É uma abertura à possibilidade do oceano. Abertura para a possibilidade do amor. Gurdjieff costumava dizer que deveríamos cuidar de um cachorro, porque um cão nos ensinaria como amar.

Nisargadatta diz: "A vida não tem desejos." Quando falamos de amor, nós não estamos falando do amor de desejos. Mas, até mesmo o desejo, se a pessoa está aberta a ele, eventualmente ele o guiará para esse amor sobre o qual estamos falando. Qualquer desejo. O desejo sexual, o desejo pela fama, o desejo por atenção, qualquer desejo. Se a pessoa permanece em contato com o desejo, ele se transformará em uma nostalgia. E se alguém permanece em contato com a nostalgia, ela se transformará em amor. Nisargadatta diz: "O falso eu quer se perpetuar prazerosamente." Quer existir. Quer se destacar. Quer ser algo. Quer ser reconhecido. Quer ser conhecido, notado, considerado. Essa é toda a estória de nossa vida. A estória de ser considerado. Os altos e baixos. Os altos de quando somos considerados e os baixos de quando somos ignorados. Por isso, o falso eu está sempre engajado em assegurar sua própria continuidade. Isso é o que queremos dizer quando falamos de redemoinho. O rodopio é inerente a ele. Quero continuar porque quero continuar. É um apetite que cresce através daquilo com o que ele se nutre.

Nisargadatta diz: "A vida é destemida e livre". Isso foi o que falamos ontem à noite. Tudo está bem. Sua natureza verdadeira é segurança incondicional. Os cristãos falam de se estar nos braços de Deus. É isso. Meu professor me disse: "Sabe de uma coisa? Você não pode cair do universo!" Essa frase foi uma daquelas frases que são um momento de mudança de perspectiva que temos em nossa prática. Não estamos em um "vale tudo". De vez em quando, uma pessoa entra em contato com essa verdade e tudo fica muito simples. Aí, a gente se pergunta: "O que é que eu estive fazendo todo esse tempo?!" A pessoa rodopia e rodopia como um pião em volta de seu próprio centro de gravidade. Você pode ver isso quando está em uma multidão. Ande pela Rua Sainte-Catherine e todo mundo está rodopiando em torno de si mesmo, rodopiando em torno de seu próprio centro de gravidade. As pessoas podem viver dentro das circunstâncias mais terríveis, mas, enquanto elas tiverem esse centro de gravidade em torno do qual rodopiam, suas vidas estão plenas de sentido.

"A liberação não é para você, enquanto você tiver a ideia de que pode influenciar eventos. A simples noção de se ser um ator, de se ser uma causa já é apego." As pessoas replicam: "Então, eu devo desistir de tudo ?" Você veja bem: esse é de novo o redemoinho girando. É evidente que você não pode desistir de tudo! Essa é a ilusão de se estar no controle, de se decidir o que acontecerá. É parte dela. É construída dentro dela. Essa noção de se estar no controle, de ser algo, ser aquele que faz. Está construída dentro da ilusão de que eu sou algo. É isso que dá ao eu o centro de gravidade. Mas, esse centro de gravidade emerge do rodopio, ele não é intrínseco. Dizemos: "O homem propõe e Deus dispõe."

Nossa prática espiritual é uma oferenda. É uma proposição. Uma abertura à possibilidade de. Não se trata de um fazer. A luta é pela abertura. A luta é pelo se despertar a essa proposição. Quando alguém pergunta: "Quem sou eu?" ou "O que é Mu ?", já dizemos que você deve começar de onde você se encontra. Escrevemos isso no livro "Conhecer a si mesmo", sobre como acender um fogo. A pessoa começa a acender um fogo com as coisas que tem: folhas meio úmidas e um só fósforo. E a pessoa cuida desse foguinho que é quase que todo fumaça. A pessoa cuida dele. Gradualmente, ele cresce. Um pouquinho mais. E então, a pessoa começa a colocar alguns gravetos no fogo. E outros gravetos. Eventualmente, toda a floresta estará em chamas! Mas, você não pode começar com a floresta em chamas! Você deve começar de onde você está. E frequentemente confusão é onde você está. Esse sentimento doloroso. Às vezes o sentimento doloroso: "Não consigo!" é um ótimo lugar de onde se começar. O que quer que seja que for autêntico naquele momento. Algo que não é artificial, que não foi colocado ali porque você está praticando meditação zen ou foi colocado ali porque você gostaria que estivesse ali, porque seria bom se estivesse ali, seria bom que os outros vissem que está ali, etc. Não! Qualquer coisa autêntica. Até mesmo o desejo de que as coisas fossem diferentes. Aquilo que é autêntico são as folhas que servirão como combustível de base para o fogo. Porque isso já é a luz se manifestando.

A luz nunca está apagada. Nunca está ausente. Você está sempre presente. Você está sempre presente em sua completude, em sua totalidade, em sua grandiosidade. Mas, a pergunta é : "A quê você está presente?" Estamos acordando para a presença. Para a presença em si mesma. Não para o objeto ao qual estamos presentes. Uma pergunta: "Como a pessoa pode transpor a dualidade entre aquele que faz e aquilo que é feito?" Nisargadatta responde: " Contemple a vida como sendo infinita, indivisível, sempre presente até que você reconheça que é uno com ela. Não é difícil, pois você está simplesmente retornando ao seu estado natural."

"Contemple!", Nisargadatta diz. E nós estamos dizendo: "Questione!" Contemplar já é ser um. Não se trata de pensar sobre isso. Contemple a vida como infinita. Abrir-se aquilo que é incondicionado. E o que é aquilo que é incondicionado? Não-condicionado pelo espaço nem pelo tempo. Não-condicionado pelo estar nem pelo não-estar. O que é que é incondicionado nesse momento, agora? Indivisível? É sobre isso que estamos falando. Questionar... Fazemos isso com amor. Questionar. Permita que venha do amor. Se você ama alguém, permita que esse amor faça parte de sua prática espiritual. Depois, deixe de lado a pessoa. Permita que o amor venha até a superfície. Que seja parte da prática. Sempre presente. Você está sempre presente. Isso é o que queremos dizer com "agora". O presente e o agora são duas maneiras diferentes de descrever sua verdadeira natureza.

Sempre é agora. Você pode penetrar nisso. Isso é o que é incondicionado. O agora não está no tempo, nem no espaço. O agora não está aqui. Mas, aqui está no agora. O agora é inclusivo. Nada é deixado de fora dele. Tudo está incluído nele. O agora é a natureza do amor. Sempre ativo. O conteúdo do agora está sempre mudando. Nunca estável. Borbulhando. Sempre novo porque está sempre mudando. Sempre fresco. E há as ideias que temos sobre a permanência.

"Seu medo chegará a um fim uma vez que você compreender que tudo vem de dentro, que o mundo no qual você vive não foi projetado em cima de você, mas por você." Uma vez que a pessoa vê dentro da natureza daquilo que é, podemos dizer que o medo acaba. A verdadeira natureza é segurança incondicional.
"Você pode se liberar de seu apego imaginário quando você aceita a completa responsabilidade pelo mundo no qual você vive e observa seu processo de criação, manutenção e destruição." Aqui nós temos de ter cuidado com o que queremos dizer com "somos responsáveis". O pequeno "eu" reaparece, o pequeno redemoinho está de volta e diz: "Sou eu o culpado! Eu sou a causa de toda minha própria destruição!" E isso não é o que "ser responsável" quer dizer. Ser responsável é estar aberto àquilo que é sem nenhum julgamento. Quando você julga, você separa entre o que é aceitável e o que não é aceitável. E aquilo que não é aceitável é automaticamente rejeitado. Não somos responsáveis por aquilo que foi rejeitado.

Dentro do mundo dos negócios, dizemos que responsabilidade é ver o que é preciso ser feito. Mas, nesse contexto mais amplo sobre o qual estamos discursando nesse momento, responsabilidade é ver o que foi feito. É se estar totalmente aberto àquilo que foi feito. Aberto àquilo que está acontecendo sem julgamento, sem esconder esse pedacinho e sem sublinhar aquele outro pedacinho. Sem dar um jeitinho aqui e um outro jeitinho ali. Aberto completamente ao que é. Permitir que aquilo esteja ali, dar passagem sem impor condição nem mudança.

Começamos o sesshin dizendo que essa é uma condição de grande simplicidade. É assim que é. Quando você estiver praticando, volte-se constantemente para a grande simplicidade que você é. Enquanto você estiver tentando mudar, adicionar, subtrair, provar ou desaprovar; tentando ganhar ou perder; tentando fazer as coisas melhorar ou piorar, então o redemoinho continua. É do redemoinho que sai toda essa complexidade, essa confusão, esse sentimento: "Não consigo! Não sei para quê devo levantar-me!" B. diz: "Deus deve gostar de coisas simples porque Deus é a mais simples de todas."

Você é a mais simples de todas.
 
Autor: Albert Low - texto do blog Albert Low Zen Budismo

Guishan testa seus alunos

Caso 110 do “Shinji Shobogenzo”, de Mestre Dogen Zenji

Certo dia, Guishan pediu a seus alunos que apresentassem seus pontos de vista, dizendo:
“Eu os verei fora do som e da forma”.
O monge senior Jianhong disse: “Eu estou disposto a me apresentar: eu não tenho olhos”.
Guishan não o aprovou.
Yangshan se dirigiu a Guishan quatro vezes. Primeiro, ele disse: “Eu vejo aquilo que não é visto”.
Guishan respondeu: “É tão fino quanto a ponta de um fio de cabelo e tão frio quanto neve e gelo”.

 A segunda vez, Yangshan disse: “Quem quer vê-lo fora de som e forma”?
Guishan respondeu: “Você está apegado ao leque da renúncia”.
A terceira vez, Yangshan disse: “Dois espelhos refletem um ao outro sem nenhuma imagem entre eles”.
Guishan disse: “O que você está dizendo está correto. Entretanto, eu estou certo e você está errado. Você já criou uma imagem”.

Finalmente, Yangshan disse: “Como minha mente é nebulosa, minhas respostas são inábeis. Quando você estudava com o Mestre Baizhang Huaihai, que modo de ver você apresentou a ele?”
Guishan disse: “Eu disse ao Mestre Baizhang: ‘É como centenas e milhares de espelhos brilhantes refletindo uma imagem. Embora luzes e sombras iluminem umas às outras, elas não dependem umas das outras”.
Yangshan fez uma reverência, com gratidão.