A Associação Meditar é uma sociedade civil com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, não religiosa ou doutrinária. O primeiro núcleo surgiu em Porto Alegre-RS, e, atualmente, possui núcleos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Lajeado, Novo Hambugo, Santa Maria, São Francisco de Paula, Capão da Canoa, Florianópolis, Chapecó e Cuiabá.

A Associação Meditar se propõe a: Difundir a prática da meditação; Congregar os praticantes da meditação; Coletar e divulgar os benefícios à saúde física e mental promovidos pela prática adequada da meditação; Criar, apoiar e promover a difusão de locais adequados para a prática de meditação (Núcleo ou Centros Meditar) no Brasil e no exterior; inclusive, com sedes rurais para abrigar seus membros em vida comunitária voltada à meditação, ao estudo, ao trabalho natural na terra, à contemplação da natureza.

Dedica-se a orientar a iniciação e o desenvolvimento das pessoas (empresa, escolas, associações) na meditação de forma clara, simples, objetiva e segura; Promover cursos, palestras, workshops, retiros e atividades voltadas à prática da meditação; Incentivar e promover a atitude mediativa, altruísta e pacífica, que implique na paz interna e externa, na não-violência, no respeito pela natureza, alimentação natural, bons valores humanos, no conhecimento e na sabedoria.

A Associação Meditar de Cuiabá se reúne sempre aos Sábados, às 08h00, no Espaço Ligia Prieto. Endereço: Rua Min.João Alberto, 137 – Araés - Cuiabá. Informações pelo tel. (65)3052-6634.

sábado, 28 de maio de 2011

Jesus e Buda, irmãos



Por Thich Nhat Hanh

Entrando em contato com a origem de ser

No cristianismo e no budismo, tanto no Oriente quanto no Ocidente, existe o conceito do Todo, a realidade suprema, a origem de ser. Nossos amigos cristãos tendem a pensar que os budistas não gostam de imaginar o Todo, ou a origem de ser, como uma pessoa. É a isso que resistem mais. Alguns cristãos acreditam que, para os budistas, o Todo, ou a origem de ser, é uma não-pessoa. Mas isso não é verdade de forma alguma. Talvez vocês já tenham tido esta percepção na vida cotidiana. Todas as vezes em que contemplam uma árvore, embora saibam que aquilo não é uma pessoa, seu relacionamento com a árvore não é o de uma pessoa com uma não-pessoa.

Quando toco uma rocha, jamais a toco como inanimada. A árvore é espírito, mente; a rocha é espírito, mente; o ar, as estrelas, a lua, tudo é consciência. Eles são objeto de sua consciência. Quando vocês dizem "o vento está soprando", o que estão tentando dizer? Vocês têm a percepção de que o vento está soprando, então dizem: "Sei que o vento está soprando." Isto é uma percepção. O vento pode estar soprando, mas a pessoa perto de vocês talvez não o perceba. Como vocês o perceberam, tentam dizer-lhe isso.

Dizer "o vento está soprando" é muito estranho. O vento precisa estar soprando; caso contrário, não é o vento. Então vocês não precisam pronunciar a palavra soprando. Podem simplesmente dizer vento. O que é vento? É a sua percepção, a sua consciência. Conforme a sua percepção, assim é o vento. A única coisa da qual tem certeza é que o vento é o objeto da sua percepção. Ela consiste na substância e no objeto, naquele que percebe e no que é percebido. O vento é parte da sua consciência. É o objeto da sua percepção.

Algumas vezes vocês criam o objeto da sua percepção sem qualquer fundamento. Imaginam que outra pessoa está tentando destruí-los, quando, na verdade, tal coisa nem lhe passa pela mente. A mente cria muitas coisas. Nos ensinamentos da escola Dharmalakshana, aprende-se a olhar para as coisas como objetos da consciência e não como entidades separadas, independentes. Se olharem atentamente para o céu, não verão o céu azul como algo separado de vocês, algo inanimado. Perceberão o céu como a sua consciência. Também é o consciente coletivo.

Em Princeton há uma escola de pensamento que afirma que existe pensamento no céu azul. Existe pensamento na nuvem, nas estrelas. Vocês vêem o céu como consciência. O céu é consciência. O mesmo se pode dizer quanto às nuvens e às estrelas. Não são objetos inanimados, separados da consciência de vocês. É o objeto da sua consciência; então treinem isso para que não vejam mais os objetos da sua percepção como algo independente das percepções. A grande consciência está, ela mesma, se manifestando. Tudo é visto como consciência.

Nas esferas não-budistas é muito comum seus integrantes chegarem à mesma compreensão, como ocorreu com o Buda. Na minha experiência, quanto toco uma árvore, quando olho para um pássaro, quando contemplo a água no riacho, admiro-os, não porque foram criados por Deus, nem porque possuem a natureza do Buda. Admiro-os porque são árvores, são rochas, são água. Eu me curvo para uma rocha porque ela é uma rocha. Não me curvo perante uma rocha porque um espírito mora ali. Também não a considero uma coisa inanimada. Porque a rocha, no meu entender, nada mais é do que consciência, o próprio espírito.

Muitos dos nossos amigos cristãos se aborrecem quando os budistas dão outros nomes àquele espírito, sem usar a palavra Deus. Teilhard de Chardin ficou sentido ao ouvir o Espírito Santo sendo chamado de "o Todo", ou "espírito", e não Deus. Mas é correto empregar a palavra Deus quando muitos pensam em Deus como uma pessoa no sentido fenomenal? Se as pessoas sabem que Deus não é uma pessoa, mas também não menos do que uma pessoa, como disse Paul Tillich, então não será tão difícil usar a palavra Deus.

O Buda tem muitos corpos, Ele tem um corpo físico e também um corpo Dharma. Antes de falecer, disse aos discípulos: "Meu corpo físico não é tão importante. Toquem meu corpo Dharma. Este estará com vocês."

O que é o Dharma? Não é um grupo de leis e práticas ou uma pilha de sutras, videoteipes ou cassetes. O Dharma é compreensão, é a prática da bondade amorosa como expresso pela vida. Não se pode ver o Dharma a não ser quando se observa alguém praticando-o, tornando-o aparente a todos, como uma monja andando atentamente, tocando profundamente a terra, irradiando paz e felicidade. Esta monja não está pregando ou apresentando um videoteipe, mas expressando o Dharma ativo. Ela pode expressar o Dharma ativo porque ela é uma pessoa. Em nosso corpo físico podemos tocar o corpo de Dharma. O Buda tem um corpo de Dharma e este corpo continuará a ser visto e tocado por nós enquanto pessoas continuarem a praticar o Dharma. Tudo isso apenas é possível com não-ser, com impermanência.

Quando falamos sobre amar Buda, o que queremos dizer com isso? Precisamos amar Buda? Buda precisa ser amado por nós? Invocamos o nome de Buda e a recordação de Buda para fazê-lo presente nas nossas mentes, para torná-lo parte dos momentos da vida cotidiana. Buda precisa que o amemos, que nos lembremos dele, que o glorifiquemos? Não creio. Não penso que Buda necessite de amor. Podemos sentir amor por Buda, do mesmo modo que sentimos amor por nossos pais e mestres. Buda é nosso mestre. É claro que sentimos admiração pelo mestre, o Buda. Ele praticou bem, ele tem coragem. Tem muita compaixão, compreensão e é uma pessoa livre. Não sofre tanto quanto nós por causa do seu elevado nível de compreensão, compaixão e bondade amorosa.

Vocês amam alguém quando este alguém necessita de vocês. Quando aquele alguém sofre, o amor de vocês alivia o sofrimento. Seu amor contribui para trazer felicidade. Este é o significado do amor. É fácil entender que os seres que nos cercam, sofrendo, necessitam do nosso amor. Mas será que a salvação, a liberação de vocês depende do seu amor por Buda? Não penso assim. Se o louvarem, não é porque ele ou ela o deseja.

Contudo, enquanto o louvam, vocês estão tocando e irrigando as benfazejas sementes dentro de vocês. Segundo tal linha de conduta, Buda tem conscientização, é compreensivo e amoroso. Tocar a semente da compreensão, conscientização e bondade amorosa dentro de vocês contribui para que estas qualidades se tornem mais fortes para a sua própria felicidade e das outras pessoas e seres vivos que estão próximos. Quando queimam incenso, não é para Buda. Ele não precisa do incenso. Mas quando vocês fazem isso, curvando-se profundamente e louvando Buda, irrigam as benfazejas sementes dentro de vocês. Esta é a atitude. Quando se tornam conscientes, compreensivos e amorosos, sofrem muito menos, começam a se sentir felizes e as pessoas ao redor começam a se beneficiar por vocês estarem ali.

Quando um cristão diz que está fazendo algo de determinada maneira porque ama Deus, o que ele quer dizer com isso? Como ele ama Deus? Do mesmo modo que ama o pai, a mãe ou o professor? Todos eles devem ter problemas. Talvez estejam sofrendo e necessitem de amor e apoio. Não creio que Deus precise desse amor e apoio. No cristianismo, quando se ama Deus, é preciso amar o próximo; caso contrário, não podem dizer que amam a Deus. Então terão que ir ainda mais longe. Terão que amar os seus inimigos.

Por que temos que amar os nossos inimigos? Como você pode amar o seu inimigo? Nos ensinamentos budistas, isso está bem claro. O budismo ensina que a compreensão é a base do amor. Quando se tem consciência, compreende-se que a outra pessoa está sofrendo. Consegue-se ver aquele sofrimento e repentinamente não se quer mais que o outro sofra. Vocês sabem que podem deixar de fazer determinadas coisas para que o outro pare de sofrer e que há outras que lhe trazem alívio.

Quando vocês começam a ver o sofrimento na outra pessoa, nasce a compaixão e vocês não mais a consideram um inimigo. Vocês podem amar o seu inimigo. No momento em que compreendem que o assim considerado inimigo sofre e desejam que ele pare de sofrer, ele deixa de ser inimigo.

Quando odiamos alguém, estamos zangados com ele, porque não o entendemos ou não entendemos o seu ambiente. O hábito de olhar profundamente faz com que cheguemos à seguinte conclusão: se crescêssemos como ele, sob as suas circunstâncias e tendo vivido no seu ambiente, seríamos exatamente iguais a ele. Esta espécie de compreensão elimina a sua raiva, a sua discriminação e subitamente aquela pessoa não é mais sua inimiga. Então você consegue amá-la.

Enquanto continuar a considerá-la sua inimiga, o amor será impossível. Amar seu inimigo só é possível quando ele ou ela não for mais visto desta maneira, e o único modo de conseguir isso é praticando a observação profunda. Aquela pessoa fez com que você sofresse bastante no passado. A conduta correta é perguntar o motivo.

Quando você está infeliz, a sua infelicidade se espalha por todos à sua volta. Se tiver aprendido a arte da compreensão e tolerância, você sofrerá muito menos. Olhar para os seres vivos com olhos compassivos proporciona-lhe uma sensação maravilhosa. Você não altera coisa alguma. Apenas põe em prática olhar com os olhos da compaixão e, repentinamente, o seu sofrimento diminui. O que são os olhos da compaixão? A função dos olhos é ver e entender. "Os olhos da compaixão" são os olhos que vêem e entendem. Se existe compreensão, a compaixão chegará por uma via bastante natural. "Os olhos da compaixão" são os olhos da atenção profunda, os olhos da compreensão.

No budismo aprendemos que a compreensão é a verdadeira base do amor. Sem compreensão, independentemente de quanto você se esforce, não poderá amar. Se disser: "Tenho que tentar amá-lo", estará cometendo uma tolice. É preciso compreendê-lo e, ao fazer isso, irá amá-lo. Uma das coisas que aprendi dos ensinamentos de Buda é que sem a compreensão o amor não é possível. Se o marido e a esposa não se compreendem, não podem se amar. Se um pai e um filho não se compreendem, causarão sofrimento um ao outro. Então a compreensão é a chave que abre a porta do amor.

Compreensão é o processo de observar atentamente. Meditar significa observar atentamente as coisas, tocá-las com extrema atenção. Uma onda precisa entender que existem outras ondas à sua volta. Cada uma tem o seu próprio sofrimento. Você não é a única pessoa que sofre. Suas irmãs e seus irmãos também sofrem. No momento em que você for capaz de ver o sofrimento deles, irá parar de censurá-los e também parar com o seu próprio sofrimento. Se você está sofrendo e acredita que isto é criado pelas pessoas ao seu redor, é conveniente olhar outra vez. A maior parte do seu sofrimento vem da falta de compreensão de si mesmo e dos outros.

No budismo, não creio que a compaixão e a bondade amorosa sejam praticadas visando à salvação individual. A verdade ensinada pelo Buda é que o sofrimento existe. Com a atenta observação do sofrimento em você mesmo e na outra pessoa, advirá o entendimento. Quando isso acontecer, o amor e a aceitação também surgirão, o que levará ao término do sofrimento.

Você talvez imagine que o seu sofrimento é maior do que o de qualquer outra pessoa ou que é o único a sofrer. Não é verdade. Quando você reconhecer o sofrimento à sua volta, ajudará a si mesmo a sofrer menos. Saia de dentro de você e observe. A época do Natal é uma excelente oportunidade para isso. O sofrimento está em mim, é evidente, mas também está em você. Está no mundo.

Houve uma pessoa que nasceu há quase dois mil anos. Tinha consciência de que o sofrimento estava nela e na sua sociedade, e não se escondeu do sofrimento. Em vez disso, pôs-se a investigar atentamente a natureza do sofrimento, as suas causas. Como teve a coragem de se manifestar, tornou-se o mestre de muitas gerações. Talvez a melhor maneira de celebrar o Natal seja habituar-se a andar com atenção, a sentar com atenção e observar tudo atentamente para descobrir que o sofrimento ainda continua ali em todos nós e no mundo. Reconhecendo o sofrimento, aliviamos nossos corações daquilo que nos vem afligindo durante tantos dias e meses.

Segundo os ensinamentos budistas, quando se presta bastante atenção ao sofrimento, compreende-se a sua natureza; então, o caminho para a felicidade se revelará. No budismo, o nirvana é descrito como paz, estabilidade e liberdade. O processo é entender que paz, estabilidade e liberdade estão à nossa disposição aqui e agora, durante vinte e quatro horas por dia. Só precisamos saber como alcançá-las e termos a vontade, a determinação para consegui-lo. É como a água, sempre disponível para a onda. Nada mais é do que a onda tocando a água e compreendendo que ela está lá.

(Do livro Jesus e Buda Irmãos – Thich Nhat Hanh)

sábado, 21 de maio de 2011

Irmão Sol - Irmã Lua | Fratello Sole, Sorella Luna Legendado

Ensinamentos: A Importância de Plantar e Proteger Árvores



Por Dalai Lama

Em diversas ocasiões, tenho comentado a importância de plantar árvores tanto na Índia, o nosso lar atual, como no Tibet. Hoje, como um gesto simbólico, estamos realizando uma cerimônia de plantio de árvores aqui no assentamento. Afortunadamente, o movimento para um compromisso mais profundo com a proteção ambiental através do plantio de árvores novas e de cuidar das existentes, está crescendo rapidamente em todo o mundo. No nível global, árvores e florestas estão muito ligadas aos padrões climáticos e também à manutenção de um equilíbrio crucial na natureza. Portanto, a tarefa da proteção ambiental é uma responsabilidade universal de todos nós. Penso que é extremamente importante para os tibetanos que vivem nos assentamentos não só ter um grande interesse pela causa da proteção ambiental, mas também para implementar este ideal em ações de plantio de novas árvores. Assim, estaremos fazendo um gesto importante para o mundo em demonstrar as nossas preocupações globais e, ao mesmo tempo, fazer a nossa própria pequena, mas significativa contribuição à causa.

Se olharmos ao redor, podemos agora ver que aquelas casas nos monastérios e em vários assentamentos onde as pessoas plantaram árvores frutíferas, agora apreciam um grande benefício como conseqüência de seus atos. Em primeiro lugar, se houver uma árvore em seu quintal, isto cria uma ambiente de beleza natural e serenidade. É óbvio que também podemos comer as frutas da árvore e sentarmos sob a árvore, apreciando sua sombra agradável. De sua parte, o que se esperava é um pouco de paciência para dar tempo para a árvore crescer.

Finalmente, gostaria de fazer uma sugestão a respeito do uso de suas terras no assentamento. Neste assentamento vocês já iniciaram um projeto de plantio de árvores. Penso que este é um ótimo plano. Ao plantar árvores frutíferas em suas terras, não só asseguramos que a terra permaneça produtiva, mas também que vocês terão frutas para comer. Em suma, gostaria de enfatizar mais uma vez que é extremamente importante plantar árvores novas e protegeras que já crescem ao seu redor.

(Discurso de 6 de dezembro de 1990, em uma cerimônia especial realizada no Assentamento Tibetano Doeguling, em Mundgod, no sul da Índia. Adaptado de Boletim Informativo Tecnologia Apropriada para Tibetanos - ApTibet, Boletim Informativo nº 5, setembro de 1991. Traduzido por Marly Ferreira.)

domingo, 15 de maio de 2011

Música Instrumental


Sugestão: enquanto lê, aproveite para ouvir e relaxar.
Seja bem vindo, Ben venido, namastê, haribol, gasho!
Feliz Autoencontro. Muita paz!

sábado, 14 de maio de 2011

Ensinamentos: Ecologia e o Coração Humano



Por Dalai Lama


Segundo os ensinamentos budistas, há uma interdependência muito próxima entre o meio ambiente natural e os seres sencientes que nele habitam. Alguns de meus amigos me disseram que a natureza humana básica é um tanto violenta, mas eu disse que não concordo. Se examinarmos os diferentes tipos de animais, por exemplo, aqueles cuja própria sobrevivência depende de tirar outras vidas, como tigres ou leões, aprendemos que a sua natureza básica dota-lhes com dentes e garras afiadas. Animais pacíficos, como corças, que são totalmente vegetarianas, são mais gentis, possuem dentes menores e não têm garras. Desse ponto de vista, nós seres humanos temos uma natureza não violenta. Quanto à questão da sobrevivência humana, os seres humanos são animais sociais. Para sobreviver, precisamos de companheiros. Sem outros seres humanos não há possibilidade alguma de sobrevivência; esta é a lei da natureza.

Como acredito profundamente que os seres humanos são basicamente gentis por natureza, sinto que devemos não só manter relações gentis e pacíficas com a comunidade de seres humanos, mas também que é muito importante estender a mesma atitude gentil para com o meio ambiente natural. Do ponto de vista moral, devemos nos preocupar com todo o nosso meio ambiente.

Além disso, há um outro ponto de vista, não é só uma questão de ética, mas uma questão de nossa própria sobrevivência. O meio ambiente é muito importante não só para esta geração, mas também para as gerações futuras. Se explorarmos o meio ambiente de maneira extrema, embora possamos conseguir algum dinheiro ou outro benefício com isso agora, em longo prazo nós próprios sofreremos e as gerações futuras também sofrerão. Quando o meio ambiente muda, as condições climáticas também mudam. Quando elas mudam dramaticamente, a economia e muitas outras coisas também mudam. Até a nossa saúde física será fortemente afetada. Então, isto não é só uma questão moral, mas também uma questão de nossa própria sobrevivência.

Portanto, para o sucesso da proteção e conservação do meio ambiente natural, penso que é importante primeiro de tudo fazer com que um equilíbrio interno aconteça dentro dos próprios seres humanos. O abuso do meio ambiente, que resultou em tais danos à comunidade humana, surgiu da ignorância quanto à importância do meio ambiente. Penso que é essencial ajudar as pessoas a compreender isto. Precisamos ensinar às pessoas que o meio ambiente tem uma relação direta com o nosso próprio benefício.

Eu estou sempre falando da importância do pensamento compassivo. Como disse antes, até do seu próprio ponto de vista egoísta, você precisa de outras pessoas. Então, se desenvolver a preocupação pelo bem estar de outras pessoas, compartilhar o sofrimento dos outros, e ajudá-los, no fim você se beneficiará. Se pensar só em si mesmo e se esquecer dos outros, no fim você perderá. Isso também é como a lei da natureza.

É muito simples: se você não sorrir para as pessoas, mas olhar de forma carrancuda, eles vão responder de maneira similar, não vão? Se lidar com outras pessoas de uma maneira muito sincera e aberta, eles se comportarão de forma similar. Todo mundo quer ter amigo e não quer ter inimigo. A forma correta de fazer amizades é ter um coração caloroso e não só dinheiro ou poder. Amigos do poder e amigos do dinheiro são coisas diferentes: eles não são amigos verdadeiros. Amigos verdadeiros devem ser verdadeiros amigos do peito, concordam? Eu estou sempre dizendo às pessoas que os amigos que aparecem quando você tem dinheiro e poder não são seus verdadeiros amigos, mas amigos do dinheiro e do poder, porque assim que o dinheiro e o poder desaparecerem, estes amigos também estão prontos para partir. Eles não são confiáveis.

Amigos humanos autênticos ficam ao seu lado quer você tenha sucesso ou esteja sem sorte e sempre dividem as suas dores e cargas. A maneira de fazer tais amizades não é tendo raiva, nem tendo boa educação ou inteligência, mas tendo um bom coração.

Para aprofundar o pensamento, se você precisa ser egoísta, então que seja sabiamente egoísta, e não tacanhamente egoísta. A chave é o senso de responsabilidade universal; esta é a verdadeira fonte da força, a verdadeira fonte da felicidade. Se a nossa geração explora tudo que há disponível — as árvores, a água, e os minerais — sem qualquer cuidado com as próximas gerações ou o futuro, então estamos errados, não estamos? Mas se tivermos um senso genuíno de responsabilidade universal como nossa motivação central, então as nossas relações com nossos vizinhos, tanto os nacionais quanto os internacionais serão promissoras.

Uma outra questão importante é: O que é consciência e o que é a mente? No mundo ocidental, durante os últimos um ou dois séculos, houve grande ênfase em ciência e tecnologia, que trata principalmente da matéria. Atualmente alguns físicos nucleares e neurologistas dizem que quando investigamos partículas de uma forma muito detalhada, há algum tipo de influência do lado do observador, o sabedor. O que é este sabedor? Uma resposta simples é: um ser humano, o cientista. Como este cientista sabe? Com o cérebro, os cientistas ocidentais identificaram até agora apenas umas centenas. Agora, quer chame isto de mente, cérebro, ou consciência, há uma relação entre cérebro e mente e também entre mente e matéria. Penso que isto é importante, Acredito que é possível manter algum tipo de diálogo entre a Filosofia Oriental e a Ciência Ocidental com base neste relacionamento.

Em qualquer caso, atualmente nós seres humanos estamos muito envolvidos com o mundo externo, enquanto negligenciamos o mundo interno. Precisamos de desenvolvimento científico e desenvolvimento material para sobreviver e para aumentar o benefício e a prosperidade geral, mas precisamos igualmente de paz mental. No entanto, nenhum médico pode aplicar uma injeção de paz mental, e nenhum mercado pode vendê-la. Se você for até um supermercado com milhões e milhões de dólares, você pode comprar qualquer coisa, mas se for até lá e pedir paz mental, as pessoas vão rir. É se pedir a um médico a paz mental autêntica, não a simples sedação que consegue tomando algum tipo de pílula ou injeção, o médico não poderá ajudá-lo.

Até os atuais computadores sofisticados não podem dar paz mental. A paz mental deve vir da mente. Todo mundo quer felicidade e prazer, mas se compararmos prazer físico e dor física com prazer mental e dor mental, chegamos à conclusão de que a mente é mais efetiva, predominante e superior. Assim, vale a pena adotar certos métodos para aumentar a paz mental, e para fazer isto é importante saber mais a respeito da mente. Quando falamos de preservação do meio ambiente, isso está relacionado a muitas outras coisas. O ponto chave é ter um senso autêntico de responsabilidade universal, baseado em amor e compaixão, e consciência clara.

(Extraído de My Tibet, Thames and Hudson Ltd., London, 1990, pág. 53-54. Traduzido por Marly Ferreira.)

domingo, 8 de maio de 2011

Inspire The Soul - THE MOST RELAXING MUSIC -


- Inspire, expire, conscientemente. O audio acima, é uma sugestão para ouvir enquanto lê os textos publicados no blog. Boa leitura, aproveite e relaxe. Muita paz.

Nature Sound 1 - THE MOST RELAXING SOUNDS -


_ Aproveite, enquanto lê, ouça e relaxe. O Buda, o Cristo, o Divino, está dentro de nós.

THE POWER OF NOW (O Poder do Agora)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Recesso das Atividades

Queridos amigos, irmãos e irmãs,

informamos a todos que estaremos de recesso nas próxima semanas, ficando, assim, "suspensas" temporáriamente todas as atividades da Associação Meditar de Cuiabá. Por hora, permancem as atividades do blog, do yahoo grupo e demais veículos de integração (telefone, emails, msn, etc).


A sanga permance, invariavelmente...

Aos praticantes, velhos e novos, a sugestão de praticarem mente atenta, respirando conscientemente.


Quando do retorno das atividades, enviaremos mensagem a todos, além de divulgar aqui no blog.


Informamos ainda, que estaremos organizando para o segundo semestre um retiro. Todos aqueles que desejarem ajudar são muito bem vindos. Os interessados em deixar o nome e o telefone para reservar sua participação, favor enviar através do email - ivandeus3@hotmail.com.


Em caso de dúvida basta entrar em contato pelos telefones abaixo.

Mãos unidas em prece.

Informações:
Ligia - (65) 3052-6634

Ivan - (65) 9202-9925

Ensinamento para crianças



Por Thich Nhat Hanh



Sidarta quietamente fez um gesto para que as crianças sentassem e disse: “Vocês todas são crianças inteligentes e eu estou certo que serão capazes de entender e praticar as coisas que eu partilharei com vocês. O Grande Caminho que eu descobri é profundo e sutil, mas qualquer um desejando aplicar seu coração e mente pode entendê-lo e segui-lo.”

“Quando você, criança, descasca uma tangerina, pode comê-la com consciência ou sem consciência. O que significa comer uma tangerina com consciência? Quando você está comendo uma tangerina está consciente que está comendo uma tangerina. Você experimenta totalmente sua adorável fragrância e gosto doce. Quando você descasca a tangerina, sabe que está descascando a tangerina; quando remove um gomo e o coloca em sua boca, sabe que está removendo um gomo e o colocando na boca. Quando experimenta sua adorável fragrância e gosto doce, está consciente que está experimentando seu gosto doce e adorável fragrância.”

“A tangerina que Nandabala me ofereceu tem nove gomos. Eu comi cada gomo em plena consciência e vi o quão preciosos e maravilhosos eram. Eu não esqueci a tangerina, e portanto a tangerina era real, a pessoa comendo a tangerina era real. Isto é que é comer uma tangerina de forma consciente.”

“Crianças o que significa comer uma tangerina sem plena consciência? Quando você está comendo uma tangerina, não sabe que está comendo uma tangerina. Não experimenta a adorável fragrância e o gosto doce da tangerina. Quando você descasca a tangerina, não sabe que está descascando uma tangerina. Quando remove um gomo e põe na sua boca, não sabe que está removendo um gomo e o colocando em sua boca. Quando sente o cheiro da fragrância ou o gosto de uma tangerina, não sabe que está sentindo o cheiro da fragrância ou o gosto da tangerina. Ao comer uma tangerina deste modo, você não pode apreciar sua preciosa e maravilhosa natureza. Se você não está consciente que está comendo uma tangerina, a tangerina não é real. Se a tangerina não é real, a pessoa que a está comendo também não é real. Crianças, isto é comer uma tangerina sem plena consciência.”

“Crianças, comer uma tangerina em plena consciência significa que enquanto você come está verdadeiramente em contato com ela. Sua mente não está correndo atrás dos pensamentos de ontem ou de amanhã, mas está habitando totalmente no momento presente. A tangerina está verdadeiramente presente. Vivendo com plena consciência da mente significa morar no momento presente, sua mente e corpo habitando realmente no aqui e agora.”

“Uma pessoa que pratica a plena atenção pode ver coisas na tangerina que outros não são capazes de ver. Uma pessoa consciente pode ver a árvore de tangerina, o florescer da tangerina na primavera, os raios de sol e chuva que nutriram a tangerina. Olhando profundamente, a pessoa pode ver dez mil coisas que fizeram a tangerina possível. Olhando para a tangerina, uma pessoa que pratica plena atenção pode ver as maravilhas do universo e como todas as coisas interagem umas com as outras. “

“Crianças, nossa vida diária é justamente como a tangerina. Como a tangerina é dividida em gomos, cada dia é dividido em 24 h. Uma hora é como um gomo da tangerina. Viver todas as 24hs do dia é como comer todos os gomos da tangerina. O caminho que eu encontrei, é o caminho de viver cada hora do dia em plena atenção, mente e corpo sempre habitando no momento presente. O oposto é viver no esquecimento, não saber que estamos vivos. Não experimentamos totalmente a vida porque nossa mente e corpo não estão habitando no aqui e agora.”

Gautama olhou para Sujata e disse seu nome.

“Sim, Mestre?” Sujata juntou as palmas das mãos.

“Você acha que uma pessoa que vive em plena atenção fará muitos erros ou poucos?”

“Respeitável Mestre, uma pessoa que vive em plena atenção fará menos erros. Minha mãe sempre me diz que uma menina deveria prestar atenção à maneira como anda, fica em pé, fala, ri e trabalha de forma a evitar pensamentos, palavras e ações que possam causar lamento para ela mesma e para os outros.”

“Isso mesmo, Sujata. Uma pessoa que vive em plena atenção sabe o que está pensando, dizendo e fazendo. Tal pessoa pode evitar pensamentos, palavras e ações que causam sofrimento para ela mesma e para os outros.”

“Crianças, viver em plena atenção significa viver no momento presente. Uma pessoa é consciente do que está acontecendo dentro dela e ao seu redor. A pessoa está em contato direto com a vida. Se a pessoa continua a viver desse modo, será capaz de profundamente entender a si mesma e ao que está a sua volta. Entendimento leva à tolerância e ao amor. Quando todos os seres se entenderem, eles se aceitarão e se amarão. Então não haverá tanto sofrimento no mundo. O que você pensa Svasti? As pessoas podem amar se elas são incapazes de se entender?”

“Respeitável Mestre, sem entendimento, o amor é bem difícil. Me lembra algo que aconteceu com minha irmã Bhima. Uma vez ela chorou a noite toda até que minha irmã Bala perdeu a paciência e deu umas palmadas nela. Isso apenas fez Bhima chorar mais. Eu peguei Bhima e percebi que ela estava com febre. Tinha certeza que sua cabeça deveria estar doendo por causa da febre. Chamei Bala e disse a ela que colocasse a mão na testa de Bhima. Quando ela fez isso entendeu de uma vez porque Bhima estava chorando.Seu olhos amoleceram e ela pegou Bhima nos seus braços e cantou para ela com amor. Bhima parou de chorar mesmo ainda com febre. Respeitável mestre, penso que isto aconteceu porque Bala entendeu o porque de Bhima estar chateada. E assim penso que sem entendimento, o amor não é possível.”

“Isso mesmo Svasti! O amor só é possível quando há entendimento. E somente com amor pode haver aceitação. Pratiquem viver em plena atenção crianças e vocês aprofundarão seu entendimento. Serão capazes de entender a vocês mesmos, às outras pessoas e todas as coisas. E vocês terão corações de amor. Este é o caminho que eu descobri.”

Svasti juntou as palmas das mãos. “Respeitável Mestre, podemos chamar este caminho do ‘Caminho da Plena Atenção’?”

Sidarta sorriu “Claro. Podemos chamá-lo de o Caminho da Plena Atenção. Eu gosto muito. O Caminho da Plena Atenção leva ao perfeito Despertar.”

Sujata juntou as palmas das mãos e pediu permissão para falar. “Você é aquele que despertou, aquele que mostra como viver em plena atenção. Podemos chama-lo de ‘O Desperto’?”

Sidarta fez que sim com a cabeça. “Isto me agradaria muito.”

Os olhos de Sujata brilharam. Ela continuou “Desperto em Magadhi é pronunciado como budh. Uma pessoa desperta deveria ser chamada Buda em Magadhi. Podemos chamá-lo de Buda?”

Sidarta fez que sim com a cabeça. Todas as crianças estavam extasiadas. Nalaka, um menino de 14 anos, o mais velho do grupo falou: “Respeitável Buda, estamos muito felizes de receber seus ensinamentos sobre o Caminho da Plena Atenção. Sujata me disse como você meditou sobre esta árvore nos últimos 6 meses e como na última noite obteve o Grande Despertar. Respeitável Buda, esta árvore é a mais bonita da floresta. Podemos chama-la de ‘Árvore do Despertar’, a ‘Árvore Bodhi’? A palavra bodhi divide a mesma raiz da palavra Buda e também significa despertar.”

Gautama fez que sim com a cabeça. Ele também estava deleitado. Ele não tinha adivinhado que durante seu encontro com as crianças o caminho e mesmo a grande árvore receberiam nomes especiais.

(Traduzido do livro “Old Path White Clouds” sobre a vida do Buda – Thich Nhat Hanh)