Ênio Burgos
“Nós adoecemos, porque perdemos contato com a sanidade que reside no fundo de nosso coração”
O homem, essa incógnita, esse ser inefável e surpreendente, quase inescrutável... Um andarilho, um desbravador, um conquistador incansável de tantos caminhos. Nas suas andanças, escalou as montanhas e picos mais elevados da terra, navegou os sete mares, voou horizontes sem fim e penetrou até as mais densas florestas. No mundo, praticamente não há lugar onde seus pés não tenham pisado. Palmilhou cada trilha, cada canto enfim, seguiu por cada uma das direções das rosas dos ventos.
Nas últimas décadas, esse mesmo homem tem sido capaz de façanhas inimagináveis. Continua com engenho, inteligência e astúcia aperfeiçoou máquinas, criou aparelhos incríveis, produziu avanços tecnológicos que associados ao computador e à Internet, espalham-se agora por todas as áreas de atividade e conhecimento humano.
A velocidade com que o homem cria, inventa e executa seus desejos é cada vez mais alucinante. As transformações que sofremos na vida e no mundo em que vivemos são tão vertiginosas que, alguma vezes, chegam a ser difíceis de assimilar.
Talvez um dos marcos mais representativos dessa pujança tenha sido a chamada “conquista espacial”. Além da atmosfera terrestre, para dentro da imensa negritude cósmica o ser humano enviou naves tripuladas capazes de ir e voltar do espaço sideral, o andarilho, com pompa e orgulho, finalmente conseguiu tocar na lua e passear em sua superfície. Depois disso, o céu nunca mais foi o mesmo. Satélites foliados a ouro proliferam girando ao redor da terra e transmitindo dados que revolucionam as telecomunicações. Sondas interplanetárias partem em missões exploradoras para além do nosso sistema solar. Rádios telescópios, gigantescas antenas parabólicas apontadas para o céu, esquadrinham e vasculham os limites do universo recolhendo quantidades literalmente astronômicas de sinais e informações que mau damos conta de processar. Descobrimos mais planetas, estrelas, constelações, aglomerados, galáxias e novos corpos celestes. Alguns deles são objetos tão estranhos, que desafiam todo gênio das teorias vigentes.
Ao mesmo tempo em que se detinha a desbravar o macro-cosmos, o olhar humano também penetrou profundamente a estrutura da matéria. No micro-cosmo, no mundo “infinitamente pequeno” do átomo, encontramos um igualmente espantoso universo formado de partículas subatômicas. Ali, aprendemos a dominar a mesma energia nuclear que acende e faz brilhar as estrelas que, fascinados, apontamos no firmamento.
Ultimamente, esse movimento “centrífugo”, sempre interessado na investigação dos fenômenos e objetos externos, parece ter adquirido vida própria, com uma força inercial irresistível e crescente, como se não fosse mais possível ao homem para e retroceder... O caminhante, o peregrino de infinitos crepúsculos e alvoradas, eterno amante da natureza, do sol, da lua, e das madrugadas ao relento, agora quase nem caminha mais, pois agregou desmedida pressa ao seu andar... Fazendo uso de veículos de toda sorte, estamos já esquecendo das maravilhas ancestrais e atávicas (pois meio-corpo nosso é perna!) que milenarmente vivenciamos ao trilhar campos e picadas... Não é a toa que um escritor brasileiro ganhou fama mundial ao resgatar ensinamentos e falar de velhos e empoeirados caminhos, percorridos a pé.
Todavia, toda essa inquietação e busca exterior gera um questionamento, no mínimo, óbvio. Qualquer um de nós, olhando sobriamente para isso, dever estar se perguntando: Mas, afinal, onde quer chegar o homem? O que motiva tamanho espírito aventureiro? Qual tesouro o espera? O que tanto procura? O que realmente pretende e anseia encontrar lá fora? Também poderíamos nos perguntar: Será que o homem realmente sabe para onde vai? Sabe o que está fazendo?
O homem é um ser assombrado, estupefato, diante da imensidão do cosmos e da paisagem exterior que se revela a cada passo. Quanto mais lhe descortina, deslumbra e admira com seus potentes instrumentos de observação, mais adquire consciência de sua própria finitude... mais se sente apequenado, insignificante, pueril, desamparado, e só. Bem no fundo, o homem é ainda um ser em busca de si mesmo.
(Texto extraído do livro Medicina Interior – a Medicina do Coração e da Mente – Ênio Burgos / Editora Bodigaya, 2003- www.bodigaya.com.br)
“Nós adoecemos, porque perdemos contato com a sanidade que reside no fundo de nosso coração”
O homem, essa incógnita, esse ser inefável e surpreendente, quase inescrutável... Um andarilho, um desbravador, um conquistador incansável de tantos caminhos. Nas suas andanças, escalou as montanhas e picos mais elevados da terra, navegou os sete mares, voou horizontes sem fim e penetrou até as mais densas florestas. No mundo, praticamente não há lugar onde seus pés não tenham pisado. Palmilhou cada trilha, cada canto enfim, seguiu por cada uma das direções das rosas dos ventos.
Nas últimas décadas, esse mesmo homem tem sido capaz de façanhas inimagináveis. Continua com engenho, inteligência e astúcia aperfeiçoou máquinas, criou aparelhos incríveis, produziu avanços tecnológicos que associados ao computador e à Internet, espalham-se agora por todas as áreas de atividade e conhecimento humano.
A velocidade com que o homem cria, inventa e executa seus desejos é cada vez mais alucinante. As transformações que sofremos na vida e no mundo em que vivemos são tão vertiginosas que, alguma vezes, chegam a ser difíceis de assimilar.
Talvez um dos marcos mais representativos dessa pujança tenha sido a chamada “conquista espacial”. Além da atmosfera terrestre, para dentro da imensa negritude cósmica o ser humano enviou naves tripuladas capazes de ir e voltar do espaço sideral, o andarilho, com pompa e orgulho, finalmente conseguiu tocar na lua e passear em sua superfície. Depois disso, o céu nunca mais foi o mesmo. Satélites foliados a ouro proliferam girando ao redor da terra e transmitindo dados que revolucionam as telecomunicações. Sondas interplanetárias partem em missões exploradoras para além do nosso sistema solar. Rádios telescópios, gigantescas antenas parabólicas apontadas para o céu, esquadrinham e vasculham os limites do universo recolhendo quantidades literalmente astronômicas de sinais e informações que mau damos conta de processar. Descobrimos mais planetas, estrelas, constelações, aglomerados, galáxias e novos corpos celestes. Alguns deles são objetos tão estranhos, que desafiam todo gênio das teorias vigentes.
Ao mesmo tempo em que se detinha a desbravar o macro-cosmos, o olhar humano também penetrou profundamente a estrutura da matéria. No micro-cosmo, no mundo “infinitamente pequeno” do átomo, encontramos um igualmente espantoso universo formado de partículas subatômicas. Ali, aprendemos a dominar a mesma energia nuclear que acende e faz brilhar as estrelas que, fascinados, apontamos no firmamento.
Ultimamente, esse movimento “centrífugo”, sempre interessado na investigação dos fenômenos e objetos externos, parece ter adquirido vida própria, com uma força inercial irresistível e crescente, como se não fosse mais possível ao homem para e retroceder... O caminhante, o peregrino de infinitos crepúsculos e alvoradas, eterno amante da natureza, do sol, da lua, e das madrugadas ao relento, agora quase nem caminha mais, pois agregou desmedida pressa ao seu andar... Fazendo uso de veículos de toda sorte, estamos já esquecendo das maravilhas ancestrais e atávicas (pois meio-corpo nosso é perna!) que milenarmente vivenciamos ao trilhar campos e picadas... Não é a toa que um escritor brasileiro ganhou fama mundial ao resgatar ensinamentos e falar de velhos e empoeirados caminhos, percorridos a pé.
Todavia, toda essa inquietação e busca exterior gera um questionamento, no mínimo, óbvio. Qualquer um de nós, olhando sobriamente para isso, dever estar se perguntando: Mas, afinal, onde quer chegar o homem? O que motiva tamanho espírito aventureiro? Qual tesouro o espera? O que tanto procura? O que realmente pretende e anseia encontrar lá fora? Também poderíamos nos perguntar: Será que o homem realmente sabe para onde vai? Sabe o que está fazendo?
O homem é um ser assombrado, estupefato, diante da imensidão do cosmos e da paisagem exterior que se revela a cada passo. Quanto mais lhe descortina, deslumbra e admira com seus potentes instrumentos de observação, mais adquire consciência de sua própria finitude... mais se sente apequenado, insignificante, pueril, desamparado, e só. Bem no fundo, o homem é ainda um ser em busca de si mesmo.
(Texto extraído do livro Medicina Interior – a Medicina do Coração e da Mente – Ênio Burgos / Editora Bodigaya, 2003- www.bodigaya.com.br)
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