A Associação Meditar é uma sociedade civil com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, não religiosa ou doutrinária. O primeiro núcleo surgiu em Porto Alegre-RS, e, atualmente, possui núcleos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Lajeado, Novo Hambugo, Santa Maria, São Francisco de Paula, Capão da Canoa, Florianópolis, Chapecó e Cuiabá.

A Associação Meditar se propõe a: Difundir a prática da meditação; Congregar os praticantes da meditação; Coletar e divulgar os benefícios à saúde física e mental promovidos pela prática adequada da meditação; Criar, apoiar e promover a difusão de locais adequados para a prática de meditação (Núcleo ou Centros Meditar) no Brasil e no exterior; inclusive, com sedes rurais para abrigar seus membros em vida comunitária voltada à meditação, ao estudo, ao trabalho natural na terra, à contemplação da natureza.

Dedica-se a orientar a iniciação e o desenvolvimento das pessoas (empresa, escolas, associações) na meditação de forma clara, simples, objetiva e segura; Promover cursos, palestras, workshops, retiros e atividades voltadas à prática da meditação; Incentivar e promover a atitude mediativa, altruísta e pacífica, que implique na paz interna e externa, na não-violência, no respeito pela natureza, alimentação natural, bons valores humanos, no conhecimento e na sabedoria.

A Associação Meditar de Cuiabá se reúne sempre aos Sábados, às 08h00, no Espaço Ligia Prieto. Endereço: Rua Min.João Alberto, 137 – Araés - Cuiabá. Informações pelo tel. (65)3052-6634.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ame e manifeste esse amor

Por Monja Coen Sensei

Pense em alguém que você goste muito. Do passado, do presente ou do futuro. Pode ser um bichinho, um brinquedo, uma pessoa, uma criança, uma situação agradável. Pense e sinta.

Sinta esse amor, agora, aqui, em você. Conecte-se com o amor que habita você. Comece a incluir nessa amorosidade todas as pessoas que estão próximas a você. Vá expandindo sua capacidade de amar.

Inclua todas as pessoas que você conhece. Agora inclua as que você não conhece. Inclua próximas e distantes. Inclua pessoas que você jamais viu. Os povos africanos, asiáticos, australianos. Os povos e tribos de toda a Terra.

Inclua em seu amor todo o planeta, com árvores e insetos. Flores e pássaros. Mares, rios, oceanos. Inclua a vegetação da Amazônia e da Patagônia. Inclua o Mar Morto e o Deserto do Saara.

Não deixe o Pequeno Príncipe de fora. Inclua os Lusíadas, a Odisséia, Kojiki. Inclua toda a literatura mundial, um pouco de Machado de Assis, Eça de Queiroz, Shakespeare, um tanto de Saragosa, uma gota de Jorge Amado, banhado por Herman Hesse e Amon Oz.

Inclua todas as religiões. Como se não houvesse dentro nem fora. Imagine, como John Lennon, que o mundo é um só. O mundo é uno. O mundo, o universo, o pluriverso é um só.

Nós somos unas e unos com o uno. Perceba. Isto que digo é a verdade. E só há esse caminho.Inúmeras analogias, linguagens étnicas, expressões regionais e temporais para tentar atingir o atemporal, o fluir incessante, incandescente, brilhante, da vida em movimento transformador.

Somos a vida da Terra.

Somos a vida do Universo.

Somos a vida do Multiverso.

E quando nossos pequeninos corações humanos se tornam capazes a ir além deste saquinho de pele que chamamos o eu, nos contatamos com a essência da vida. Que é a nossa própria essência e de tudo que é, assim como é.

Algum nome? Nenhum nome? Caminhemos. Tornamo-nos o caminho a cada passo. Que cada passo seja um passo de paz. Que o novo ano se abra com a abertura dos corações-mentes de todos nós seres humanos.

Abertura para o infinito.

Abertura para a imensidão.

Abertura para a ternura.

Abertura para a sabedoria.

Abertura para a compaixão.

Que todos os seres em todas as esferas e todos os tempos se beneficiem com esse amor imenso que aqui e agora juntas, juntos, nos tornamos. E ao nos tornarmos o amor tudo se torna vida e vida em abundância. Ame e manifeste esse amor agora.

Mãos em prece.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Verdadeiro Milagre


Gosto de caminhar pelas trilhas do campo, pelas plantações de arroz ladeadas por gramíneas selvagens, pisando conscientemente o solo maravilhoso. Nessas horas, a existência se torna uma realidade miraculosa e misteriosa. Normalmente, as pessoas consideram um milagre caminhar sobre a água ou no ar. Mas eu acho que o verdadeiro milagre é caminhar no chão. Todos os dias nos envolvemos em milagres que sequer reconhecemos: o céu azul, as nuvens brancas, as folhas verdes, os olhos negros e curiosos de uma criança - nossos próprios olhos. Tudo é um milagre.


Thich Nhat Hanh

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Recesso - Menta Atenta e Boas Festas!!!



Queridos irmãos e irmãs, amigos e amigas,

entramos de férias depois de mais um ano de buscas!

Desejamos a todos muita luz e mente atenta nestas festas!!

Dia 15 de janeiro novamente voltamos na ativa!!! Seja todos bem vindos!

Muita paz.

Gasshô.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Campanha - Via Zen/RS

Clique na imagem

Prezados amigos(as), irmãos(ãs) no Darma,

Boa noite.

Agradeço de coração se você, caso ache por bem ou sentiindo-se chamado, puder ajudar ou contribuir de algum modo, especialmente divulgando entre seus contatos, a meritosa campanha das telhas do Viazen, conforme o email encaminhado abaixo. Muito obrigado, que todos os seres possam encontrar paz e sanidade.

Muito obrigado.

Enio Burgos

---------- Mensagem encaminhada ----------

De: Associacao Zen Budista do Rio Grande do Sul viazenrs@gmail.com


Associados e amigos do Via Zen!

Estamos lançando a Campanha das Telhas (cartaz anexo) para arrecadar fundos para a construção do telhado de nosso Zendô (prédio de meditação). Já concluímos o prédio dos sanitários e estamos construindo o 2º prédio de nosso Centro de Prática Zen-budista em Viamão/RS, sob a orientação de Monja Coen.

Pedimos a colaboração de todos, seja em recursos financeiros, seja na divulgação da campanha. Fiquem à vontade para usar o cartaz, imprimindo, enviando por e-mail ou postando nas suas redes sociais.

Vocês também podem colaborar usando duas ferramentas: o perfil da Campanha das Telhas no Facebook e o site do Via Zen, onde tem a história do Via Zen.

A construção do Vila Zen só está sendo possível graças à mobilização de vocês. Portanto, não desvalorize suas possibilidades. Mesmo que você só possa doar uma telha ou repassar um email, na soma de todos acabamos conseguindo realizar a obra. Foi assim que concluímos a primeira etapa.

Depósitos bancários:
Bradesco Ag. 1971
C/C: 40.000-9
CNPJ:01.927.645/0001-37

Para doações de material envie e-mail para viazenrs@gmail.com

Que os méritos de nossa prática se estendam a todos os Seres e que possamos todos e todas nos tornarmos o Caminho Iluminado.

Gasshô!

domingo, 9 de dezembro de 2012

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Eu Cheguei

Por Thich Nhat Hanh

Imagine que você está em um avião voando para Nova Iorque. Uma vez que você se senta no avião, pensa, “Eu tenho que ficar sentado aqui durante 6 horas”. Ao sentar no avião você pensa apenas em Nova Iorque e n”ao é capaz de vicer os momentos que estão sendo oferecidos para você agora. Mas é possível que você caminhe no avião de uma tal maneira que desfrute de cada passo. Você não precisa chegar em Nova Iorque de forma a ser pacífico e feliz.

Ao caminhar no avião, cada passo te traz felicidade e você chega a cada momento. Chegar significa chegar em algum lugar. Quando você pratica a meditação caminhando, chega a cada momento – você chega em um destino: a vida. O momento presente é um destino. Inspirando, eu dou um passo e outro passo e digo a mim mesmo, “Eu cheguei, eu cheguei”.

“Eu cheguei” é a nossa prática em Plum Village. Quando você inspira, toma refúgio na sua inspiração, e diz: “Eu cheguei”. Quando você dá um passo, toma refúgio no seu passo e diz “eu cheguei”. Isto não é uma declaração para si mesmo ou para outra pessoa. “Eu cheguei” significa que parei de correr, cheguei no momento presente, porque apenas o momento presente contém a vida.

Quando eu inspiro e tomo refúgio na minha inspiração, toco a vida profundamente. Quando dou um passo e tomo refúgio totalmente em meu passo, eu também toco profundamente a vida, e fazendo assim eu paro de correr. Parar de correr é uma prática muito importante. Estivemos correndo por todo a nossa vida. Acreditamos que paz, felicidade e sucesso estão presentes em algum outro lugar e tempo. Não sabemos que tudo – paz, felicidade e estabilidade – devem ser procuradas no aqui e agora. Este é o endereço da vida – a interseção do aqui e agora.

Há sementes de paz e alegria em nós. Se soubermos como tomar refúgio na nossa inspiração, nos nossos passos, então podemos tocar nossas sementes de paz e alegria e permitir a elas que se manifestem para nosso desfrute. Ao invés de tomar refúgio numa noção abstrata de Deus ou Buda ou Alá, tomamos refúgio na realidade última. Deus pode ser tocado na nossa inspiração e no nosso passo. Muitos de nós tiveram muito sucesso fazendo isso. Desfrutamos viver profundamente cada momento de nossa vida diária através da prática de tocar a dimensão última – tocando alegria e paz no aqui e agora.

Isto parece fácil e todos podem fazer isso, mas requer algum treinamento. A prática de parar é crucial. Como paramos? Paramos por meio da inspiração, da expiração e dos nossos passos. É por isso que nossa prática básica é a respiração atenta e a caminhada atenta. Se você dominar essas práticas, você pode praticar o comer atento, o beber atento o cozinhar atento e o dirigir atento e estará sempre em paz.

Não deveríamos ser como o mestre e seus estudantes que estavam sempre correndo [não tinham tempo para fazer piquenique] até que viram o funeral e perceberam que este era o piquenique final. Temos que desfrutar nosso piquenique aqui e agora. Temos os meios de fazer isso. Se você pensar que é muito difícil fazer inspirar ou dar um passo em plena atenção, está errado. Eles são altamente prazerosos. Você pode tocar a paz apenas pela respiração ou dando um passo. Você toca a semente de paz dentro de você e remove a tensão e conflito no seu corpo, nos seus sentimentos e nas suas percepções.

Nossa prática é a prática da plena atenção – plena atenção ao respirar, andar, lavar louça e cozinhar – sempre habitando no aqui e agora e não permitindo a nós mesmos ser empurrados para longe pelas preocupações, projetos para o futuro ou lamentos sobre o passado. Temos que reclamar nossa liberdade porque a perdemos. Estamos presos pelo nosso passado e pelas nossas preocupações sobre o futuro. Não temos a capacidade de estar aqui e agora de forma a tocar a vida. É por isso que é muito importante aprender a arte de estar em paz no aqui e agora.

Com a presença de uma comunidade para praticarmos em conjunto, isto se torna fácil. À sua esquerda há um amigo que sabe como inspirar e expirar e tocar o momento presente. À sua direita há outro amigo que sabe como dar um passo e habitar pacificamente e de forma feliz no momento presente. Atrás de você há uma irmã e na sua frente há um irmão que podem fazer o mesmo. Você está cercado por pessoas que sabem a arte de viver no momento presente, a arte de parar, tocar as sementes de paz e alegria que estão em cada um de nós e se tornar um instrumento de paz para as pessoas a nosso redor.

“Eu cheguei” é uma prática, não uma declaração. Eu cheguei no aqui e agora e posso tocar a vida profundamente com todas as suas maravilhas. A chuva é uma maravilha, o brilho do sol é uma maravilha, as árvores também, assim como os rostos das crianças. Há muitas maravilhas da vida ao nosso redor e dentro de nós. Nossos olhos são uma maravilha – precisamos apenas abri-los e vemos todos os tipos de cor e formas. Nosso coração é uma maravilha – se ele parar de bater, então nada pode continuar.

Quando vamos para o lar do momento presente, tocamos as maravilhas da vida que estão dentro de nós e ao nosso redor. Apenas desfrutamos – não precisamos esperar até amanhã para ter paz e alegria. Quando inspira, você diz, “Eu cheguei,” e saberá se chegou ou não, saberá se ainda está correndo ou não. Mesmo sentado quieto, pode ainda estar correndo na sua mente. Quando sentir que chegou, ficará muito feliz. Você deve dizer a seu amigo, “Querido amigo, eu realmente cheguei”. Isto é uma boa notícia.
Quando der um passo, é maravilhoso chegar a cada momento. É por isso que não falamos enquanto andamos. Se estamos ocupados falando, como podemos chegar? Se precisamos dizer algo, podemos parar e dizer plenamente. Fazemos uma coisa de cada vez. Depois de terminarmos de dizer ou ouvir a outra pessoa voltamos a andar e desfrutar de nossos passos. Se você sabe como andar assi, estará sempre no Reino de Deus, na presença de Alá, na Terra Pura do Buda, assim como a onda está sempre no reino da água.
Eu desfruto do andar no Reino de Deus todos os dias. É algo que você pode fazer exatamente agora – não é algo para para ter esperança de se obter. Por que não me daria essa alegria? É muito curador e nutritivo. Meus amigos podem fazer isto também se quiserem. Se tudo que você quer na vida é um diploma ou um salário maior, isto pode levar tempo mas se quiser desfrutar do andar no Reino de Deus, pode fazê-lo agora – assim que for capaz de voltar ao lar do momento presente.

Quando inspira, você pode dizer, “Eu cheguei”. Quando expira, pode dizer, “Estou em casa”. Nossa verdadeira casa, nosso verdadeiro lar é o aqui e agora. É apenas no aqui e agora que temos nosso verdadeiro refúgio. No momento presente, podemos entrar em contato com nossos ancestrais, com Deus e com nossos filhos e netos. Eles estão disponíveis no momento presente. Este é o seu verdadeiro lar.

E se você sente que está em casa, então não precisa correr mais, e sua prática é bem sucedida. Se você ainda acha que precisa correr, então não chegou ainda, não está em casa ainda. Seu lar não é apenas no Oriente Médio, Holanda, Inglaterra ou Estados Unidos. Seu lar é aqui – aqui significa vida. Todas as maravilhas da vida estão disponíveis no aqui e agora e isto traz para você muita alegria, paz e felicidade.


(Do livro “Peace begins here” – Thich Nhat Hanh)
(Traduzido por Leonardo Dobbin)
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domingo, 4 de novembro de 2012

O equilibrista mantém o equilíbrio se equilibrando - Paz Santa


Por Monja Coen Sensei

Como diferenciar entre a voz de Deus e as nossas vozes pequenas, egoístas, limitadas?
As religiões são o quê? Fontes de poder e disputas ou fontes de sabedoria misericordiosa? Qual delas a melhor, a mais correta, a verdadeira? Ou será que cada uma pode corresponder às necessidades dos diferentes seres humanos, com suas diversas capacidades de compreensão, cultura, linguagem, sistema, época? Que força elas possuem, capazes de movimentar multidões para o que seus lideres dizem ser a vontade divina? Será que queremos todos seguir essa vontade divina e nem sabemos mais qual vontade é esta?

Os mártires vão para o Paraíso... Muitos já se foram, desde Roma antiga... Onde estão eles, elas agora, no mesmo paraíso? E quais mártires? Seriam aqueles que matam, destroem, odeiam, discriminam em nome do inominável? Ou aqueles que silenciosamente vagam vivos-mortos e mortos-vivos pelos escombros das nossas loucuras pensadas e impensadas?
O que é o Paraíso, onde fica? Alem do alem? Alem da vida? Ou poderemos juntos abrir essa porta secreta, invisível, aqui ao nosso alcance, mais próxima do que o ar na Terra?
Nos podemos viver em Paz, na paz, pela paz, com paz... Nos podemos, nos temos capacidade de compreender, temos capacidade de ir alem das diferenças de linguagem, cultura, cor, conceitos... Podemos juntos penetrar na verdade que somos, que eh em cada ser em cada arvore e pequena folha, em cada pedregulho e grande montanha, em cada gota de orvalho, em cada lagrima e nos oceanos..
Shhh. É preciso aquietar a mente, o coração, os lábios... É preciso silenciar. Transformar em amor e carinho os revoltados turbilhões de confusão que todos nos criamos. Somos todos igualmente responsáveis. Presidente Bush e Osama bin Laden, eu e você. Todos nós igualmente temos a mesma capacidade de sabedoria, de discernimento, de escolha, a mesma responsabilidade pelo que nos acontece, pelo que acontece no mundo. O que nos impede de escolher a Verdade? O que nos faz ouvir uma voz menor e segui-la como se fosse a maior? Quando iniciaremos nossa caminhada harmoniosa para o bem de todos os seres? Já é hora. Vamos dar as mãos, cantar a ciranda de cuidar da Terra. Abandonar as armas, os canhões e os gritos de batalha. Abandonar o medo da mudança verdadeira e profunda de toda humanidade. Vamos transformar a raiva em compaixão, a ganância em doação, a ignorância em sabedoria e dançarmos juntos no circulo da Paz e da Harmonia.
(Alguém comentou que os Estados Unidos exportam semanalmente muitos vídeos pornográficos para os paises islâmicos... Quem os importa, quem os compra? Quem se importa com as vendas de armamentos bélicos? Será que são comprados para serem queimados, destruídos, a fim de que ninguém se corrompa? Que ninguém se fira? Como pode uma cultura julgar a outra a partir de seus valores? E quais são os valores comuns a todos nos, qual é a Ética que transcende culturas, religiões, povos, tempo e espaço?
O mundo é globalizado... Não esta se globalizando. É. Independentemente das tecnologias, das Internets, das televisões, dos rádios... O mundo é um. Uma esfera se transformando a cada instante com todo este universo. Dinâmico. Nada estático... Nossos valores, nossas religiões, mesmo as mais antigas, são apenas modernidades.
Por que nos fecharmos em grupos? E subgrupos e subsubgrupos que se digladiam entre si, cada um se dizendo o justo, o correto, o filho de Deus?
Teremos medo da Paz e da Reconciliação?
Temos medo de ceder, de conciliar, de encontrar meios pacíficos, respeitosos, cuidadosos de resolver conflitos? Por que? Será que, falando incessantemente ainda não conseguimos ouvir a Voz O que diz a Voz, verdadeira voz de amor, compreensão e transformação do bem pelo bem com o bem para o maior numero de seres?)
Quem escondeu o coração de Paz? Qual o preço do seu resgate? Não são vidas nem de soldados nem de civis, nem de velhos nem de jovens, nem de mulheres nem de homens, nem de crianças nem de animais. O valor de seu resgate não esta em ouro, prata, petróleo, tijolos nem casas.
Aonde se esconderam os verdadeiros valores da vida? Ainda eh tempo de encontra-los. Rápido. Vamos procura-los no mais intimo de nos mesmos para recebermos de volta o bem e a Paz.
Para onde foram, aonde se esconderam? Não estamos procurando por Osama Bin Laden e os terroristas, nem culpando a política externa dos Estados Unidos - todos sintomas de um mal maior, que nos contaminou. Que vírus terrível. Quem o teria infiltrado entre nos humanos? . Precisamos encontrar as causas e transforma-las em outras causas para com novas condições termos outros efeitos. Aonde foi que se perdeu a capacidade de compreender, de amar, de nos respeitarmos mutuamente, mesmo nas diferenças? Compaixão aonde você se esconde? Revele-nos sua face. Talvez uma lagrima longa e continua - de um Ser bondoso e carinhoso, que vendo nossa triste condição, caia como néctar sobre todos nos. Talvez possamos despertar. Talvez possamos nos respeitar e nos cuidar. Como o bom pai cuida da esposa, dos filhos, da casa, dos vizinhos, dos amigos. Como a boa mãe cuida de todos. Como o bom filho, a boa filha cuidam dos pais, dos irmãos, da casa... Nossa casa, nossos irmãos, nossos pais estão em toda nossa volta. São todos que encontramos.
Se chamarmos a Paz ela vira. Através da própria Paz.
Se chamarmos a Compaixão ela vira. Através da própria Compaixão.
Se chamarmos a Verdade ela se manifestara. Através da própria Verdade.


Extraído do site: http://www.monjacoen.com.br/inicio

domingo, 28 de outubro de 2012

domingo, 21 de outubro de 2012

Meditação muda a estrutura do cérebro


Estudo de Harvard mostra, pela primeira vez, que a prática pode aumentar a concentração de massa cinzenta

Ressonância magnética exibiu variações em áreas ligadas a estresse, aprendizagem e à regulação de emoções

De olhos fechados, em silêncio e, de preferência, sentados, os praticantes da meditação de atenção plena devem se concentrar em apenas uma coisa: a respiração.

A técnica é antiga, da tradição budista, mas começou a ser mais difundida depois de ter sido usada em um curso não religioso de redução de estresse, criado em 1979 por Jon Kabat-Zinn, professor da Escola Médica da Universidade de Massachussets.

Os benefícios da técnica, conhecida também como "mindfulness", já foram relatados em vários estudos.
A lista vai da melhora de sintomas de esclerose múltipla (como diz estudo publicado na "Neurology") à prevenção de novos episódios de depressão (demonstrada em artigo na "Archives of General Psychiatry").

Mas, agora, um estudo mostra, pela primeira vez, os efeitos provocados por essa meditação no cérebro.
A pesquisa, publicada hoje na "Psychiatry Research: Neuroimaging", foi feita pela Harvard Medical School, nos EUA, em conjunto com um instituto de neuroimagem da Alemanha e a Universidade de Massachussets.
E o mais importante: as mudanças ocorreram em apenas oito semanas de meditação em praticantes adultos iniciantes.

As conclusões foram feitas após comparações entre as ressonâncias magnéticas dos que praticaram a meditação e de um grupo-controle que não fez as aulas.

Outros estudos já haviam sugerido que a meditação causa mudanças no cérebro. Mas eles não excluíam a possibilidade de haver diferenças preexistentes entre os grupos de meditadores experientes e não meditadores.

Ou seja, não era possível afirmar se os efeitos eram causados pela prática.

MENOS ESTRESSE

Todos os 16 participantes da pesquisa, com idades de 25 a 55 anos, deveriam obedecer a um critério: não ter feito nenhuma aula de meditação "mindfulness" nos últimos seis meses ou mais de dez aulas em toda a vida.

Eles frequentaram oito encontros semanais, com duração de duas horas e meia.

Também foram instruídos a fazer 45 minutos de exercícios diários e a praticar os ensinamentos da meditação em atividades do dia a dia, como andar, comer e tomar banho.

Para avaliar as mudanças, todos os participantes e o grupo-controle fizeram ressonâncias magnéticas antes e depois do período de aulas.

Os exames iniciais não indicaram diferenças entre grupos, mas as ressonâncias feitas após o curso mostraram um aumento na concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo naqueles que haviam meditado.

Análises do cérebro todo revelaram mais quatro aumentos de massa cinzenta: no córtex cingulado posterior, na junção temporo-parietal e mais dois no cerebelo.

BENEFÍCIOS
O aumento da massa cinzenta no hipocampo é benéfico porque ali há uma maior concentração de neurônios, afirma Sonia Brucki, do departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.

"Antes, acreditava-se que a pessoa só perdia neurônios durante a vida. Agora, vemos que podem brotar em qualquer fase da vida, e determinadas atividades fazem a estrutura do cérebro mudar."

Isso significa que o cérebro adulto também é plástico, capaz de ser moldado.

No ano passado, um estudo dos mesmos pesquisadores já mostrava redução da massa cinzenta na amígdala cerebral, uma região relacionada à ansiedade e ao estresse, em pessoas que fizeram meditação por oito semanas.

Mas qualquer um que começar a meditar amanhã terá esses mesmos efeitos benéficos em algumas semanas?
"Provavelmente sim", diz a neurologista Sonia Brucki.

Ela ressalta, no entanto, que a idade média dos participantes da pesquisa é baixa e, por isso, não dá para afirmar com certeza que isso acontecerá com pessoas de todas as idades.

Agora, a pesquisadora Britta Hölzel quer entender como essas mudanças no cérebro estão relacionadas diretamente à melhora da vidas das pessoas.

"Essa é uma área nova, e pouco se sabe sobre o cérebro e os mecanismos psicológicos relacionados a ele. Mas os resultados até agora são animadores."

Extraído do jornal Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd3001201101.htm

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Aviso - AMeditar/RS

Clique na imagem para ampliar.

Informe - Agenda Semanal


Queridos amigos e amigas,

informamos que estaremos suspendento temporariamente a prática realizada aos sábados.

Em razão disso, nossos encontros ocorrerão apenas às terças-feiras, sempre no mesmo horário (20h). 

Destacamos ainda que as atividades são gratuitas e abertas aos interessados.

Assim, sejam todos bem vindos, bienvenidos, welcome, namastê!

Muita paz.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Mendigos de Buda

Sem-teto por 4 dias

Sem dinheiro, alimentos ou objetos pessoais, zen-budistas e simpatizantes participam de retiro de rua em São Paulo, experiência que inclui dormir no chão, dividir refeições com desabrigados e aprender a pedir.


Primeira concentração dos participantes do retiro, que só podem levar uma mochila (serve de travesseiro), a roupa do corpo, uma capa de chuva, uma garrafa de água e remédios de uso contínuo, se for o caso.

Por Alessandra Kormann
Colaboração para a Folha

Feriado de Sete de Setembro. Sol, céu azul, mais de 30°C. Dois milhões de carros deixam a capital. Um grupo de 23 pessoas, entre empresários, estudantes e profissionais liberais, começa outra viagem, bem diferente. O destino deles é o centro de São Paulo, em cujas ruas vão morar por quatro dias e três noites, dividindo o espaço com os sem-teto da região.

"Já viajei muito, já estive no Japão, na Índia, no Nepal, mas esse é o lugar mais longe para onde já fui", afirma a artista plástica Leonor Fridman, 49, horas antes de o retiro de rua começar.

Criado pelo mestre budista Bernie Glassman, fundador da ordem Zen Peacemakers (leia à pág.6), o evento acontece há 17 anos em cidades como Nova York, Boston, Denver, Paris e Zurique. No ano passado, foi realizado o primeiro da América Latina, em São Paulo, onde é organizado pela Comunidade Zen Budista do Brasil.

De acordo com o mestre Genro Gauntt, um dos coordenadores, o propósito é "despertar para a inteireza e a unidade da vida". Numa livre tentativa de tradução, a ideia é perceber que todos estão conectados, que um depende do outro no mundo.

"Não é um passeio. É uma experiência de estar na rua, olhando os invisíveis", diz a designer Adriana Muniz Retamal, 40, que saiu de Uberlândia para fazer o retiro. "Espero com isso ter uma compreensão maior da realidade. É mais seguro nos fecharmos em casa e no trabalho, sem contato com esse lado mais punk da vida."

A preparação começa meses antes, com a primeira lição prática de humildade: pedir doações para passagens e hospedagem dos mestres que coordenarão o retiro. Cada participante deve arrecadar R$ 400, que não podem vir de recursos pessoais. O que sobra vai para os sem-teto.

Não é permitido levar quase nada nesse exercício: só a roupa do corpo, em camadas que podem ser retiradas ou sobrepostas; remédios de uso contínuo, se for o caso; capa de chuva; uma garrafa de água, para reabastecer onde for possível; uma mochila; e o bilhete de metrô para a volta. Nada de celular ou escova de dente. Para se misturar mais facilmente aos sem-teto, os participantes são orientados a ficar dias sem lavar o cabelo e sem se barbear.

CASTANHAS E DAMASCOS

"Como sou vegetariana e faço uma dieta com micronutrientes, eu tinha colocado na mochila uvas-passas, castanhas-do-pará e damascos, com medo de ter hipoglicemia. Enquadrei esses alimentos na categoria de remédio (é permitido levar). Também tinha álcool em gel", conta Leonor. "Mas aí me dei conta de que eu iria ficar muito confortável, então tirei tudo."

O grupo não tem um roteiro predefinido, só algumas práticas diárias de meditação e rodas de conselho em que todos trocam experiências.

O lugar para dormir é a rua propriamente dita. Nada de albergues, para não tirar o lugar dos mendigos "reais".

A alimentação deve vir de doações (em dinheiro ou espécie) ou ser obtida nos projetos públicos e de organizações sociais e religiosas que atendem a população de rua.

A empresária Mônica Toledo Silva, que não revela a idade ("Ainda não me desapeguei do medo de envelhecer"), diz estar ansiosa.

"Parece que estou indo a um reality show, desses em que a pessoa fica um tempo no mato ou numa ilha comendo lesmas. Sendo sincera, o que me moveu não foi a espiritualidade, mas sim a curiosidade, a aventura de viver na rua. Tinha até um casamento para ir em Ibiza no feriado, mas nem pensei em desistir."

Durante o retiro, o marido de Mônica, o médico Jorge Ethel Filho, 64, andava pelas ruas do centro na esperança de encontrá-la -em vão. "Estou preocupado se eles vão achar banheiro, como vão se arranjar. Mas vai ser uma experiência e tanto para ela."

PLAYBOYS DE PAPELÃO

O grupo dormiu as três noites no centro antigo de São Paulo, ao relento, sobre papelão. Todos bem juntos, para fugir do frio.

Alguns sem-teto resistiram à nova companhia. "Nos chamaram de 'playboys de papelão'", disse a designer Adriana Muniz. Outro xingou: "Vocês são um bando de fracassados, mais fracassados do que nós", contou ela. Mas, segundo essa participante, surgiram também muitos solidários: "Foram luzes no nosso caminho. Um dos que nos chamou de 'playboys' acabou nos levando comida".

Na volta da experiência, vários participantes relataram que alguns moradores de rua cederam ao grupo zen a própria comida e os melhores lugares para dormir.

"Nunca me senti tão protegida, tão livre. A rua é abundante, nada faltou. Todos os meus medos ruíram. Comi muito bem, frutas, saladas. Nunca me imaginei comendo sob um viaduto; um dia provei ali o feijão mais delicioso da vida. Numa noite, um morador de rua nos trouxe salada fresquinha, paçoquinhas, sanduíches", conta Leonor.

"Senti muito forte a interdependência de todas as coisas. Tenho gratidão por ter tido o privilégio de estar ali e não em uma praia ou qualquer resort do mundo."

A empresária Mônica teve sensação parecida. "Quando eu estava lá, não era mais um reality show, não era mais uma aventura. Era estar igual a todo o resto, sem pena, sem culpa. Com a força da sangha [grupo], despertei uma parte de mim que não enxerga 'eu e os outros', mas sim o todo."

Para Duda Groisman, 42, que há três anos era vice-presidente de multinacional e largou tudo para tocar projetos sociais, o retiro serviu para confirmar o acerto da sua escolha: "Hoje ninguém compra o meu tempo por dinheiro nenhum. É preciso respeitar o tempo em que as coisas acontecem, e o presente é sempre o melhor lugar em que eu posso estar".

O músico Léo Rodrigues, 28, concorda. "Moradores de rua nos dão a presença: você fala, eles escutam com atenção, olham no olho. Na rua, é preciso pensar em uma coisa de cada vez, onde achar comida, papelão para dormir etc. É algo que a sociedade não costuma dar, estamos sempre fazendo várias coisas ao mesmo tempo. É muito libertador viver o presente."

A dificuldade para dormir que ele teve foi aprendizado, diz. "O chão é frio, duro. Não tinha nada para usar de travesseiro. Acordei torto. A noite ficou muito mais longa. Mas, por mais longa que fosse, uma hora amanhecia. Isso deu mais paz para esperar. Não importa o tamanho do desespero, uma hora acaba."

SERVIÇO

O próximo retiro de rua está previsto para 7/9/2013.

INFORMAÇÕES
zendobrasil@gmail.com ou pelos sites http://zendobrasil.org.br e www.monjacoen.com.br.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Um Conto

Pelo Monge Ryôtan Tokuda

Havia uma padaria em frente a um templo buddhista. O monge do templo precisou viajar e pediu que o dono da padaria cuidasse do templo, atendesse as visitas etc. Ocorre que chegou um monge viajante à aldeia. Antigamente, os monges viajavam, numa espécie de treinamento monástico, visitando outros monges, mestres e mosteiros. Desafiavam os mais fortes no Dharma e mantinham-se treinando. O recém chegado também praticava assim. Nessas batalhas do Dharma, com perguntas e respostas, quem perdia era obrigado a deixar o templo; quem ganhava podia ficar como responsável. Uma batalha do Dharma era algo muito sério. Não era uma batalha de luta, mas de conhecimento, de experiências, de linguagem.

O monge visitante estava chegando e o dono da padaria, preocupadíssimo, ouvia a sugestão do chefe da aldeia: "Raspe a cabeça, coloque o manto e apenas sente-se diante da parede como se estivesse meditando. Faça como se estivesse em treinamento de silêncio, nada fale, nem escute e nem responda." O dono da padaria se animou: "Ah, é fácil, isso eu posso fazer." Raspou a cabeça, colocou o manto e sentou-se voltado para a parede.

Nisso chegou o monge visitante e começou a fazer perguntas sobre o Dharma. O dono da padaria assumiu um tom grave e fez "Shhh". O monge entendeu, "Ah, ele está fazendo muitos dias de treinamento em silêncio, mas já que estou aqui depois de tão longa caminhada nas montanhas, vou aproveitar e perguntar com gestos, assim ele também pode responder com gestos, sem quebrar o voto de silêncio."

Gesticulando, o monge perguntou, "Como é o seu coração, seu espírito?" O dono da padaria respondeu com um grande gesto para as dez direções, ou seja os quatro pontos cardeais, os quatro pontos médios entre eles, para cima e para baixo: "Meu coração é como o oceano". Veio a segunda pergunta, "Como viver neste mundo?", e o dono da padaria mostrou os cinco dedos da mão, os cinco preceitos: não matar, não roubar, não cometer adultério, não conduzir os outros a erros, não usar intoxicantes. O monge sentiu-se tocado, "Ah, que bonito!" E mostrou três dedos da mão, perguntando, "Onde estão as três jóias, o Buddha, o Dharma, a Sangha?" Ao que o dono da padaria respondeu com o punho, "Não procure longe, está aqui muito perto, perto do olho, está aqui." Impressionado, o monge viajante foi embora.

Vendo isso, o chefe da aldeia correu até o padeiro, "O que aconteceu? Ele foi embora muito impressionado, me conta!" E o dono da padaria explicou, "Aquele monge é muito estúpido. Primeiro, fez um gesto com as mãos, perguntando quanto custava o pão, se o pão da loja era muito pequeno, e eu abri bem os braços, mostrando que meu pão é bem grande. Ele perguntou quanto custam dez pães e eu mostrei-lhe cinco dedos, dizendo cinco moedas, mas ele me mostrou três dedos, pedindo que vendesse por três, e eu pensei, que sem vergonha, e por pouco não lhe acertei um soco no olho!"

Esta é uma história muito engraçada que mostra cada um vendo o que está pensando em sua própria mente, interpretando à sua maneira. [...] O que você vê depende e seu interesse. Aquilo que não lhe interessa, ainda que esteja lá, você não vê. Muitas vezes ocorre o oposto, você vê o que não existe, você cria. Por isso, não confie muito naquilo que esteja vendo. Como podemos ver as coisas verdadeiramente? [...] [A]qui há uma mesa, mas mesa, o que é? Madeira, árvore, pregos e o que mais? Afinal de contas, nada, vazio. Tudo é vazio.

domingo, 16 de setembro de 2012

Informe - Retiro A.Meditar e Visita Monjas de Thay


Prezados Amigos(as) e Irmãos(as) no Darma,
Boa noite.

Devido a coincidência com as eleições, bem como com a visita das Monjas da Comunidade de Thay, em Curitiba (para a qual, com imensa honra, minha presença foi requisitada), peço o favor de, se acharem por bem ajudar-nos, avisarem a todos os seus contatos e possíveis interessados ou pessoas que já haviam efetuados inscrições, que, pedindo desculpas sinceras e apelando, novamente, para sua compreensão, estamos transferindo a data de realização do Retiro da Associação Meditar "Mente Atenta aos Sons e Cores da Primavera" para os dias 20 e 21 de outubro.

Aproveito para divulgar o cartaz que me foi enviado pelo amigo e irmão Vítor Caruso Jr., acerca do evento em Curitiba.

Agradecido do fundo do coração,

Muita paz e sanidade.

Enio Burgos
www;bodigaya.com.br

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Agenda de Atividades

Queridos amigos, irmãos e irmãs,

lembramos a todos que neste final de semana haverá prática de meditação. Destacamos que as atividades são gratuitas e abertas a todos os interessados. Assim, sejam todos bem-vindos, bienvenidos, welcome, namastê, haribool, gasshô!

3ª feira - Meditação e leitura - 20:00

Sábado
- Meditação e leitura - 08:00

Recomendamos roupas leves.

Informações:
(65)3052-6634 - Ligia
(65)8143-4379 - Ivan

EU MAIOR - entrevista com Monja Coen

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Nossa mente distorcida

Por Thich Nhat Hanh              

Buda contou uma estória interessante sobre um mercador que vivia com o filhinho dele. E a mãe do garotinho já não era viva. Portanto o garotinho era muito precioso para o pai. Ele estimava o garotinho, e sentia que não poderia permanecer vivo sem ele – e nós compreendemos isso. Um dia o pai se ausentou numa viagem de negócios. Os bandidos vieram, incendiaram a vila e seqüestraram as crianças, e seqüestraram o garotinho. Então quando o pai chegou a sua casa, ficou desesperado. Ele procurava seu filhinho, mas não conseguia achá-lo em lugar algum. Naquele estado de preocupação e desespero extremados, ele viu o cadáver de uma criança queimada, e tomou como se fosse seu filhinho. Ele acreditou que o seu filho estava morto. Em desespero ele se atirava no chão, batia no peito, puxava os cabelos e se condenava por ter deixado o garotinho sozinho em casa.

Depois de ter chorado por um dia e uma noite, ele se levantou, reuniu o cadáver da criança e organizou uma cerimônia de cremação. Depois, ele pegou as cinzas e as colocou num lindo saquinho de veludo, que ele carregava consigo o tempo todo, porque ele amava tanto o garotinho. Quando você ama muito algo ou alguém, você quer que aquela coisa ou pessoa esteja com você o tempo todo, vinte e quatro horas por dia; e isso nós compreendemos. Agora, porque ele acreditava que o garotinho estava morto e àquelas eram as próprias cinzas dele, ele queria carregar os restos mortais do seu amado com ele. Seja dormindo, comendo ou trabalhando ele sempre mantinha aquele saquinho com ele.

Uma noite, por volta das duas horas da manhã, o filho, que tinha conseguido escapar, conseguiu ir para casa. Ele bateu na porta do seu pai. Você pode imaginar o pobre pai deitado na cama, sem conseguir dormir, ainda chorando com o saco de cinzas.
“Quem está batendo na minha porta?” gritou o pai.
“Sou eu, paizinho, é o seu filho.”
O jovem pai acreditava que isso era alguém tentando enganá-lo, porque ele tinha certeza que seu filho já estava morto. Ele disse, “Vá-se embora, criança perversa. Não perturbe as pessoas a esta hora da noite. Vá pra casa. O meu filho está morto.” E o garoto insistia, mas ele continuava a se recusar a reconhecer que àquele era o seu próprio filho que estava batendo na porta. Finalmente, o garoto teve que ir embora, e o pai lhe perdeu para sempre.

É claro que nós sabemos que o jovem pai não foi muito sensato. Ele deveria ter sido capaz de reconhecer a voz do seu filho. Mas como ele estava aprisionado numa crença, e a mente dele estava coberta de dor, desespero e convicção, ele não foi capaz de reconhecer que era o seu próprio filho batendo à sua porta. Por isso ele se recusou a abri-la, e perdeu o seu filho para sempre.

Às vezes nós tomamos algo como verdadeiro, como a verdade absoluta. Apegamos-nos àquilo; não conseguimos mais liberá-lo. E por isso ficamos emperrados. Mesmo quando a verdade chega pessoalmente batendo a nossa porta, nós recusamos abri-la. Nosso apego às nossas visões é um dos maiores obstáculos a nossa própria felicidade.

Suponha que você está subindo uma escada. Se você chegar ao quarto degrau e acreditar que este é o mais alto, não terá chance alguma de subir até o quinto, que é, de fato, mais alto. A única maneira de você subir mais alto é deixando o quarto para trás.

Um dia, Buda voltou da floresta para casa com uma mão cheia de folhas. Ele olhou para os monges, sorriu e disse, “Queridos amigos, vocês acham que as folhas na minha mão são tão numerosas quanto às folhas na floresta?” E é claro que os monges disseram, “Querido professor, você está segurando somente dez ou doze folhas, e na floresta existem milhões e milhões delas.” E Buda disse, “É verdade, meus amigos, eu tenho muitas idéias, mas eu não lhes digo. Porque o que vocês precisam é trabalhar para a sua própria transformação e cura. Se eu lhes der muitas e muitas idéias, vocês ficam aprisionados nelas, e assim não têm chance alguma de receptar os seus próprios insights.

Então como perceber o mundo sem idéias preconcebidas? Como olhar para o mundo com verdadeira consciência? Existem três naturezas que descrevem como nós percebemos o mundo em graus de consciência variados: parikalpita, paratantra e parinishpana. A primeira natureza é parikalpita, a nossa construção mental coletiva. Nossa tendência é acreditar em um mundo sólido, objetivo. Nós vemos coisas existindo fora uma das outras. Você está do lado de fora de mim, e eu estou do lado de fora de você. O brilho do sol está do lado de fora da folha e a folha não é a nuvem. As coisas estão foras umas das outras. Esta é a maneira como a maioria de nós vê as coisas. Mas o que tocamos, vemos e ouvimos é apenas uma construção mental coletiva. O que a maioria de nós considera a natureza do mundo é apenas a natureza de parikalpita. A pessoa do seu lado diz que vê e ouve a mesma coisa que você. Isso não se dá porque tais coisas são as únicas e objetivas formas de ver o mundo, mas sim porque aquela pessoa está muitíssimo constituída como você e percebe quase a mesma coisa.

Nós sabemos que não vemos apenas com os nossos olhos. Os nossos olhos apenas recebem a imagem que será traduzida na linguagem dos sinais elétricos. Os sons que ouvimos também são recebidos e traduzidos em sinais elétricos. Som, imagem, toque e cheiro, são todos traduzidos em sinais elétricos que a mente consegue receber e processar.

No Sutra do Diamante, Buda disse, “Todos os darmas (seres) se assemelham a um sonho, a objetos mágicos, a bolhas de água, a meras imagens, uma gota de orvalho, um relâmpago...” Aquilo que concebemos como sendo personalidades, pessoas, o que concebemos como sendo entidades, darmas, são apenas construções mentais, evoluindo de várias maneiras, mas todas elas são manifestações vindas da consciência. ** Cientes de que o mundo em que vivemos é parikalpita, nós olhamos profundamente para dentro do mundo da consciência mental e tocamos o segundo tipo de percepção: paratantra.

Paratantra significa “recostando-se um no outro, dependendo um do outro para se manifestar.” Você sozinho não consegue ser você mesmo, você tem que inter-existir com tudo o mais. Olhando para dentro de uma folha, você pode ver a nuvem e o raio do sol; a unidade contém a totalidade. Se retirarmos estes elementos da folha, não restará folha alguma.

Uma flor jamais conseguiria ser ela mesma sozinha. Uma flor conta com muitos elementos que não são flor para poder se manifestar. Se olharmos para a flor e virmos uma entidade separada, nós ainda estamos no reino de parikalpita. Quando olhamos para uma pessoa, como o nosso pai, nossa mãe, nossa irmã, nosso companheiro, se os virmos como um “eu” separado, atma, então ainda estamos no mundo de parikalpita.

Para descobrir a natureza vazia das pessoas e das coisas, você precisa da energia da consciência e da concentração. Você passa o seu dia em estado de plena consciência. Qualquer coisa que você entra em contato com, você olha para aquilo profundamente, e não é mais enganado pela aparência daquilo. Olhando para o sol, você vê o pai, a mãe e os ancestrais, e você vê que o filho não é uma entidade separada. Você se vê como uma continuação – isto é, você ver tudo à luz da interdependência e da interexistência. Tudo está baseado em tudo o mais para se manifestar. Se continuar praticando, a noção de “um” e “muitos” desaparecerá.

O cientista nuclear David Bohm disse que um elétron não é uma entidade em si mesma, mas está constituído de todos os outros elétrons. Esta é uma manifestação da natureza de paratantra, a natureza da interexistência. Não existem entidades separadas, existem somente manifestações que se apóiam umas nas outras para serem possíveis. É como a direita e a esquerda. A direita não é uma entidade separada que pode existir sozinha apenas. Sem a esquerda, a direita não consegue existir. Tudo é assim.

Um dia o Buda disse ao seu querido discípulo Ananda, “Qualquer pessoa que vê a interexistência, vê Buda”. Se tocarmos a natureza da interdependência, tocamos  Buda. Este é um processo de treinamento. Durante o dia, enquanto estiver andando, sentando, comendo, asseando, você pode se treinar a ver as coisas como elas são. Finalmente quando o treino estiver concluído, a natureza de parinishpana, realidade, se revelará inteiramente e o que você toca não mais é um mundo de ilusão, mas o mundo da própria coisa.
                                                                                
Primeiro, nos tornamos cientes de que o mundo dentro do qual vivemos está sendo construído por nós, pela nossa mente, coletivamente. Em segundo lugar, estamos cientes de que se olharmos profundamente, se nós soubermos usar a consciência plena e a concentração, poderemos começar a tocar a natureza da interexistência. E, finalmente, quando a prática da mente atenta tiver se aprofundado, a realidade absoluta da verdadeira natureza, desnuda de noções, conceitos e idéias, até mesmo as idéias da “interexistência” e “inexistência do eu”, pode ser revelada.

Os praticantes espirituais não usam instrumentos de pesquisa sofisticados. Eles usam a sabedoria interior deles, a luminosidade deles. Uma vez que estejamos livres do agarramento, de noções e conceitos, uma vez que estejamos livres do nosso medo e da nossa raiva, então teremos um instrumento muito brilhante com o qual podemos experimentar a realidade como ela é: livre de todas as noções, noções de nascimento e morte, existência e inexistência, vir e ir, igual e diferente. A prática da consciência plena, concentração e sabedoria podem purificar a nossa mente e torná-la um instrumento poderoso com o qual podemos olhar profundamente dentro da natureza da realidade.

No budismo, falamos em pares de opostos, como nascimento e morte, vir e ir, existir e inexistir, igualdade e diversidade. Suponha que você tem uma vela acesa, e sopra até apagar a chama. Ai você acende a vela novamente e faz esta pergunta à chama: “Minha querida chamazinha, você é a mesma chama que se manifestou antes ou você é uma chama totalmente diferente?” E ela dirá: “Eu nem sou a mesma chama, nem sou uma chama diferente.” Nos ensinamentos de Buda, isto é chamado de madhyamaka, o caminho do meio ou caminho intermediário. O caminho do meio é extremamente importante, porque o caminho do meio elimina os extremos, como existir e inexistir, nascimento e morte, vir e ir, igual e diferente. E as descobertas da ciência já comprovam este tipo de visão.

Quando você abre o álbum de família e vê um retrato da criança de cinco anos que você era, você vê que está bem diferente daquele garoto ou garota no álbum. Se a chama fosse lhe perguntar: “Querido amigo, você é o mesmo garotinho do álbum?” você responderia tal como ela lhe respondeu, “Querida chama, eu não sou o mesmo garotinho, mas eu também não sou uma pessoa totalmente diferente.”

(Do livro Buddha Mind, Buddha Body: Walking toward Enlightenment, de Thich Nhat Hanh)
(Tradução para o português: Tâm Vân Lang)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

De onde viemos? Para onde vamos?


Por Thich Nhat Hanh

No meu eremitério na França há um arbusto de japônica, marmelo japonês. O arbusto usualmente floresce na primavera, mas em um inverno que foi muito quente os brotos vieram antes. Durante a noite uma frente fria veio e trouxe com ela gelo. No dia seguinte enquanto fazia meditação caminhando, notei que todos os brotos no arbusto tinham morrido. Reconheci isto e pensei: “Neste ano novo não teremos flores suficientes para decorar o altar do Buda”.

Poucas semanas depois o tempo esquentou novamente. Enquanto andava em meu jardim, vi os novos brotos na japônica manifestando uma outra geração de flores: “Vocês são as mesmas flores que morreram no frio ou são diferentes?” As flores responderam para mim: “Thay, não somos as mesmas nem somos diferentes. Quando as condições são suficientes nos manifestamos e quando as condições não são suficientes nos escondemos. É tão simples quanto isso.”

Isto é o que o Buda ensinou. Quando as condições são suficientes as coisas se manifestam. Quando as condições não são mais suficientes as coisas se retiram. Elas esperam até o momento certo para elas se manifestarem novamente.

Antes de dar a luz a mim, minha mãe havia ficado grávida de outro bebê. Ela o perdeu e aquela pessoa não nasceu. Quando eu era pequeno costumava perguntar: era meu irmão ou era eu? Quem estava tentando se manifestar naquela época? Se um bebê foi perdido significa que as condições não eram suficientes para ele se manifestar e a criança decidiu se retirar de forma a esperar por melhores condições. “É melhor eu me esconder, voltarei em breve, meu querido.” Temos que respeitar sua vontade. Se você vê o mundo com estes olhos, sofrerá muito menos. Foi meu irmão que minha mãe perdeu? Ou talvez eu estava quase por vir mas eu disse: “Não é a hora ainda.” Portanto me retirei.

Nosso grande medo é que quando morrermos nos tornaremos nada. Muitos de nós acreditam que nossa existência inteira é apenas o nosso tempo de vida, começando no momento que nascemos ou fomos concebidos e termina no momento que morremos. Acreditamos que nascemos do nada e que quando morremos nos tornaremos nada. E, portanto, estamos cheios do medo da aniquilação.

O Buda tem um entendimento muito diferente de nossa existência. É o entendimento que nascimento e morte são noções. Elas não são reais. O fato de pensarrmos que são verdadeiras cria uma poderosa ilusão que causa nosso sofrimento. O Buda ensinou que não há nascimento nem morte; não há vinda nem ida; não há igual, e não há diferente; não há eu permanente, não há aniquilação. Apenas achamos que há. Quando entendemos que não podemos ser destruídos, estamos libertos do medo. É um grande alívio. Podemos desfrutar da vida e apreciá-la de uma nova maneira.

O mesmo ocorre quando perdemos nossos entes queridos. Quando as condições não estão certas para suportar a vida, eles se retiram. Quando perdi minha mãe, sofri muito. Quando temos apenas 7 ou 8 anos de idade é difícil pensar que um dia perderemos nossa mãe. Ao final crescemos e todos perderemos nossas mães, mas se soubermos como praticar, quando a hora da separação chegar você não sofrerá muito. Rapidamente você perceberá que sua mãe está sempre viva dentro de você.

No dia que minha mãe faleceu, escrevi no meu diário. “Um sério infortúnio da minha vida chegou.” Sofri por mais de um ano depois de sua passagem. Mas uma noite, nas terras altas do Vietnã, estava dormindo na cabana de meu eremitério. Sonhei com minha mãe. Vi-me sentado com ela e estávamos tendo uma conversa maravilhosa. Ela parecia jovem e bonita, seu cabelo esvoaçante. Era muito prazeroso sentar lá e conversar com ela como se nunca tivesse morrido.

Quando acordei eram duas da manhã e eu senti fortemente que nunca havia perdido minha mãe. A impressão que ela estava ainda em mim era muito clara. Entendi então que a idéia de tê-la perdido era apenas uma idéia. Era óbvio naquele momento que minha mãe estava viva em mim.

Abri a porta e sai. Toda a colina estava banhada pela luz da lua. Era uma colina coberta com plantações de chá, e minha cabana estava localizada atrás do templo, no meio da colina. Andando devagar na luz da lua através da plantação, percebi que minha mãe estava ainda em mim. Ela era a luz da lua me acariciando assim como fazia frequentemente, muito carinhosa, muito doce...maravilhosa!

Cada vez que meus pés tocavam a terra, sabia que minha mãe estava lá comigo. Sabia que este corpo não era só meu, mas uma continuação viva da minha mãe e do meu pai e dos meus avós. Todos os meus ancestrais. Estes pés que eu via como meus eram na verdade nossos pés. Juntos minha mãe e eu estávamos deixando pegadas no solo.úmido.

Daquele momento em diante, a idéia que eu tinha perdido minha mãe nunca mais existiu. Tudo que eu tenho que fazer é olhar para a palma da minha mão, sentir a brisa no meu rosto ou a terra sob meus pés para me lembrar que minha mãe está sempre comigo, disponível a qualquer momento.

Quando você perde um ente querido, você sofre. Mas se souber como olhar em profundidade, tem a chance de perceber que a natureza dele é a do não nascimento e não morte. Há manifestação e há a cessação da manifestação. Você tem que ser muito perspicaz e muito alerta para reconhecer as novas manifestações de uma pessoa. Mas com a prática e com esforço você pode fazer.

Portanto, pegando na mão de alguém que conheça a prática, faça uma meditação caminhando com ela. Preste atenção em todas as folhas, as flores, os pássaros e gotas de orvalho. Se puder parar e olhar profundamente, será capaz de reconhecer seu amado se manifestando novamente e novamente em muitas formas. Você novamente abraçará a alegria da vida.

Um cientista francês, cujo nome era Lavoisier, declarou, “Nada se perde, nada se cria”. “Nada nasce, nada morre.” Embora ele não praticasse como um budista, mas como um cientista, ele descobriu a mesma verdade que o Buda. Nossa natureza verdadeira é de não nascimento e não morte. Apenas quando tocamos nossa verdadeira natureza podemos transcender o medo de não ser, o medo da aniquilação.

O Buda disse que quando as condições são suficientes, algo manifesta e dizemos que existe. Quando uma ou duas condições falham e a coisa não se manifesta do mesmo modo, então dizemos que não existe. De acordo com o Buda, para qualificar algo como existente ou não é errado. Na realidade, não existe uma coisa que exista totalmente ou não exista totalmente.

Podemos ver isso muito facilmente com a televisão e o rádio. Podemos estar em uma sala que não tem televisão ou rádio. E enquanto estamos nesta sala podemos pensar que os programas de rádio ou TV não existem naquela sala. Mas todos sabemos que o espaço da sala está cheio de sinais. Os sinais desses programas estão em todo lugar. Precisamos apenas de uma condição a mais, um aparelho de TV ou rádio, e muitas formas, cores e sons aparecerão.

Seria errado dizer que os sinais não existem porque não temos um aparelho para receber os sinais e manifestá-los. Eles apenas parecem não existir porque as causas e condições não eram suficientes para fazer os programas se manifestarem. Portanto naquele momento, naquela sala, dizemos que eles não existem. Não é porque não percebemos algo que podemos dizer que ele não existe. É apenas nossa noção de ser e não ser que nos faz pensar que algo existe ou não. Noções de ser ou não ser não podem ser aplicadas a realidade.
É como a noção de abaixo e acima. Dizer que elas existem é também errado. O que está abaixo de nós está acima de outro, em algum lugar. Estamos sentados aqui e dizemos que acima é a direção acima de nossas cabeças e pensamos que a direção oposta é abaixo.

Pessoas praticando meditação sentada no outro lado do mundo não concordariam que o que chamamos acima seja assim porque para eles é abaixo. Eles não estão sentados sob suas cabeças. As idéias de abaixo e acima também significam estar acima de algo ou abaixo de algo, e essas idéias não podem ser aplicadas a realidade do cosmos. Estes são apenas conceitos para nos ajudar a nos relacionar com nosso ambiente. Elas são conceitos que nos dão um ponto de referência, mas elas não são reais. A realidade é livre de todos os conceitos e idéias.

(Do livro “No death, no fear” – Thich Nhat Hanh)
(Traduzido por Leonardo Dobbin)

Texto extraído do blog: http://sangavirtual.blogspot.com

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Buda foi ao inferno. E os demônios ao nirvana.

Por Monja Coen Sensei

Dizem que certa feita um Buda foi parar no inferno e que os diabos fizeram de tudo para atentá-lo. Queriam vê-lo infeliz e sofrendo. Não conseguindo foram perguntar a ele: "Como você consegue ficar bem no inferno?". Buda respondeu apenas: "Ah! Aqui é o inferno?" E esses diabinhos ficaram com ele. Mais tarde um chefe diabo veio ver o que estava acontecendo e encontrou todos os diabinhos silenciosamente sentados em meditação, junto ao Buda. Ele conseguira transformar o inferno na Terra Pura. Buda não tentou destruir os demônios, não tentou acabar com o inferno. Apenas manteve a mente quieta e tranqüila. Nirvana é percebermos a transitoriedade de tudo que existe e sermos capazes de tranqüilamente agirmos para transformar as coisas de maneira que o bem seja comum a todos os seres.



Na tradição Soto Zen existem seis mundos ou planos espirituais. São eles: o mundo dos infernos, dos animais, dos espíritos revoltados e briguentos, dos espíritos insaciáveis, dos seres humanos e dos seres celestiais. Esses mundos formam uma roda que gira sem parar. Algumas pessoas pensam que isso se refere a diferentes encarnações, vidas sucessivas, mas no Budismo sabemos que em um mesmo dia, talvez até mesmo apenas em uma hora, podemos passar pelos seis mundos.


Eles seriam a Roda de Samsara, o transmigrar incessante de um mundo a outro. Ora feliz e angelical, ora sofrendo terríveis torturas, ora brigando e reclamando, ora insatisfeita, ora seguindo apenas os instintos animais, ora como humanos entre o ir e vir do saber e não saber.


Mestre Dogen (1200-1253) fundador da tradição Soto Zen no Japão, escreveu que Samsara é Nirvana. Muitos pensam que para entrar no estado de Nirvana, de paz e tranqüilidade sábias, de harmonioso extinguir das paixões e apegos é preciso morrer ou afastar-se do mundo, da família, do trabalho, de suas atividades e relacionamentos, ir morar nas cavernas nos montes remotos.


Mestre Dogen, entretanto, nos diz que a própria roda de samsara é o Nirvana. Se percebermos esse constante transmigrar, não estaremos apenas sofrendo ou regozijando, mas aprendendo, compreendendo, transcendendo, transformando e crescendo. Nirvana não está separado de nossa vida, de nossos relacionamentos, de nosso trabalho, do trânsito, dos problemas e dificuldades. Nirvana é um estado de espírito. É perceber tudo isso e conseguir não entrar em nenhum dos seis mundos. É ficar acima de tudo.

Texto extraído do site: http://www.monjacoen.com.br/inicio

sábado, 14 de julho de 2012

domingo, 8 de julho de 2012

Reconhecimento

Alguém poderá perguntar: é então o relaxamento o único objetivo da meditação? Na verdade a meditação vai muito mais além. O relaxamento, entretanto, é necessário como ponto de partida, já que só após obtê-lo é que a pessoa consegue tranqüilizar o coração e clarear a mente. Ter o coração tranqüilo e mente clara já é avançar bastante no caminho da meditação.

Não devemos nos esquecer de que alertar a mente para a respiração é um método maravilhoso que pode ser usado sempre e não apenas no início da prática. No século III, assim escreveu o mestre zen Tang Hoi em seu comentário sobre o Sutra Anapanasati: "Manter a mente alerta à respiração é o grande veículo usado por Buda para salvar todos os seres presos no ciclo de nascimento e morte". Medir, seguir e controlar a respiração são, portanto, instrumentos poderosos que nos habilitam ao controle da mente.

E, para obter controle da mente e aquietá-la, temos que estar alertas também para os nossos sentimentos e percepções, observando e reconhecendo cada sentimento ou pensamento que surge. Assim se referiu a respeito o mestre zen Thoung Chien, ao fim da dinastia de Ly. "Se o praticante for capaz de enxergar claramente como funciona sua mente, poderá obter resultados com pouco esforço. Do contrário, todo seu esforço será perdido". Só há uma forma de se conhecer a mente: observar e reconhecer tudo sobre ela. E isto deve ser feito todo o tempo, não só nos momentos de meditação como também no dia-a-dia.

Inúmeros pensamentos e sentimentos surgem durante a meditação. E se não estivermos atentos à respiração, seremos arrastados por eles. Mas a respiração não é apenas um meio através do qual podemos nos tomar imunes a tais pensamentos e sentimentos. A meditação é o veículo que, unindo o corpo à mente, abre as portas da sabedoria.

Nossa intenção, ao surgir um sentimento ou pensamento, não deve ser de afugentá-los, pois, continuando nós concentrados na respiração, eles se afastarão naturalmente. Tampouco deve ser de odiá-los, espantar-se ou preocupar-se com eles. O que deve então ser feito? Simplesmente reconhecer a presença deles. Se surge, por exemplo, um sentimento de tristeza, reconheça-o imediatamente: "Um sentimento de tristeza está surgindo em mim". Se o mesmo sentimento continuar, continue a reconhecê-lo: "Um sentimento de tristeza continua existindo em mim". Se surge um pensamento como: "É tarde, mas os vizinhos ainda estão fazendo barulho", reconheça-o da mesma forma e se o mesmo continuar, reconheça que ele está continuando a existir. Reconheço, enfim, qualquer espécie de sentimento ou pensamento que surja. O essencial é não deixar que eles surjam sem que os reconheça prontamente, tal como a sentinela que, à porta do palácio, observa cada fisionomia que entra ou sai.

Não havendo nenhum sentimento ou pensamento, reconheça não estar havendo nem um nem outro. Esse treino nos faz tomar consciência dos nossos sentimentos e pensamentos. E, através dele, você poderá manter o controle da mente. Pode-se, pois, juntar o método de alertar a mente à respiração ao de tomar consciência dos pensamentos e sentimentos ao mesmo tempo.  

Sem ilusões, a mente torna-se verdadeira. Ao praticar o exercício de alertar a mente, não se deixe dominar pela distinção entre bom e mau, criando assim uma luta em seu interior. Sempre que um pensamento positivo surja, reconheça isso: "Um pensamento positivo acaba de surgir". Não se apegue ao pensamento, mesmo que este lhe seja agradável, assim como não tente repeli-Ia mesmo que ele lhe seja desagradável. Reconhecê-lo é o suficiente. Se você tiver se distraído, deve saber que se distraiu, e, se estiver presente, deve reconhecer que está presente. Uma vez alcançada essa consciência, nada mais o perturbará.  

Quando me referi à sentinela do palácio, você deve ter imaginado um corredor com duas portas, uma de entrada e outra de saída e sua mente qual sentinela registrando cada sentimento ou pensamento que entra ou sai. Mas a imagem tem uma falha, isto é, a idéia de que o que entra e sai é diferente da sentinela, pois os nossos pensamentos e sentimentos são nós mesmos. São partes de nós. Existe a tentação de considerá-los todos ou alguns deles como forças inimigas que tentam perturbar-nos.

Mas, na verdade, quando estamos com raiva, nós mesmos somos a raiva. Quando estamos felizes, nós mesmos somos a felicidade! Nós somos a sentinela e o visitante ao mesmo tempo. Somos ambos: o observador da mente e a mente ao mesmo tempo. Por conseguinte, tentar segurar ou repelir qualquer pensamento não é o importante. O importante é estar consciente dele. Esta observação não é uma objetificação da mente, não estabelece distinção entre sujeito e objeto. A mente não segura a mente, a mente não repele a mente, a mente pode apenas observar-se a si mesma. Esta observação não é a observação de um objeto exterior, independente do observador.

O koan do mestre zen Bach An ilustra bem isso:

"Qual o som de uma mão batendo palma?" Ou, outro exemplo: "O que separa o paladar e a papila gustativa?" A mente percebe a si própria, em si própria. Isto é de grande importância, tanto que, no Surra da Mente Desperta, Buda usa várias vezes a frase: "Conscientizar-se do sentimento no próprio sentimento, conscientizar-se da consciência na própria consciência". A consciência do sentimento no próprio sentimento é a consciência direta do sentimento enquanto ele está sendo experimentado e não a contemplação de uma imagem do sentimento, criada para objetificá-lo como existência externa separada daquele que contempla.

A consciência do sentimento no sentimento é a mente experimentando a consciência da mente na mente. A objetificação de um observador de fora para examinar algo é método da ciência, não da meditação. Por isso, a imagem da sentinela e dos visitantes (pensamentos e sentimentos) entrando e saindo pelo portão da mente é falha para ilustrar adequadamente a observação da mente na mente.

A mente, diz o Sutra, é como um macaco na floresta, saltando de galho em galho. Para não perder o macaco de vista, em algum rápido movimento, temos que observá-lo constantemente e nos tornarmos unos com ele. Mente contemplando a mente, é como um objeto e sua sombra - o objeto não pode afastar sua sombra. Os dois são um só. Onde quer que vá, a mente está sempre subordinada a si própria. O Sutra usa, algumas vezes, a expressão "Amarre o macaco" para significar "Tenha controle da mente". Mas a imagem do macaco é apenas um meio de expressão. Não há duas mentes, uma que pula de galho em galho e outra que segue atrás para amarrá-lo com uma corda.

Geralmente, a pessoa que medita espera "ver dentro de sua própria natureza" e, assim, poder despertar. Mas, se você está apenas começando, não espere "ver dentro de sua própria natureza". Ou melhor, não espere nada. Não espere especialmente ver Buda ou qualquer versão da "realidade última" enquanto está meditando.

Nos primeiros seis meses, procure apenas estabelecer e desenvolver seu poder de concentração, criar calma interior e contentamento sereno. Você afastará a ansiedade, terá real descanso e aquietará sua mente. Você se renovará e adquirirá uma ampla, clara visão das coisas, aprofundando e reforçando o amor existente em si.

Meditar é alimento para o espírito e para o corpo. Através da meditação nosso corpo adquire harmonia, leveza e paz. O caminho a percorrer entre observar sua mente e "ver dentro de sua própria natureza" não será muito áspero. Uma vez capaz de acalmar sua mente, uma vez que seus sentimentos e pensamentos não mais o perturbem, terá chegado ao ponto em que sua mente se estabelecerá na mente. Ela terá controle direto de si mesma, não mais diferenciando o sujeito do objeto.

Ao tomar uma xícara de chá, a aparente distinção entre o que toma o chá e o chá desaparece. O simples ato de tomar uma xícara de chá, então, pode-se tomar uma experiência direta e maravilhosa, na qual a separação entre sujeito e objeto não mais existe.

A mente dispersa também é mente, da mesma forma que as ondas que se movem na água também são água. Quando a mente tiver obtido controle de si própria, quando ela não mais se alimentar de ilusões se , tomará mente verdadeira. Mente verdadeira é o nosso verdadeiro eu, é unidade absoluta que não pode ser dividida pela ilusória separatividade das coisas, criadas pelos conceitos e pela linguagem.

(Do livro “Para Viver em Paz” – Thich Nhat Hanh)