A Associação Meditar é uma sociedade civil com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, não religiosa ou doutrinária. O primeiro núcleo surgiu em Porto Alegre-RS, e, atualmente, possui núcleos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Lajeado, Novo Hambugo, Santa Maria, São Francisco de Paula, Capão da Canoa, Florianópolis, Chapecó e Cuiabá.

A Associação Meditar se propõe a: Difundir a prática da meditação; Congregar os praticantes da meditação; Coletar e divulgar os benefícios à saúde física e mental promovidos pela prática adequada da meditação; Criar, apoiar e promover a difusão de locais adequados para a prática de meditação (Núcleo ou Centros Meditar) no Brasil e no exterior; inclusive, com sedes rurais para abrigar seus membros em vida comunitária voltada à meditação, ao estudo, ao trabalho natural na terra, à contemplação da natureza.

Dedica-se a orientar a iniciação e o desenvolvimento das pessoas (empresa, escolas, associações) na meditação de forma clara, simples, objetiva e segura; Promover cursos, palestras, workshops, retiros e atividades voltadas à prática da meditação; Incentivar e promover a atitude mediativa, altruísta e pacífica, que implique na paz interna e externa, na não-violência, no respeito pela natureza, alimentação natural, bons valores humanos, no conhecimento e na sabedoria.

A Associação Meditar de Cuiabá se reúne sempre aos Sábados, às 08h00, no Espaço Ligia Prieto. Endereço: Rua Min.João Alberto, 137 – Araés - Cuiabá. Informações pelo tel. (65)3052-6634.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Tornando-se Nada


Thich Nhat Hanh


Nosso maior medo é que ao morrermos nos tornaremos nada. Muitos acreditam que toda a nossa existência é somente a vida que começa no momento em que nascemos e que termina no momento da nossa morte. Acreditamos que nascemos a partir do nada e que quando morrermos nos tornaremos nada. E por isso ficamos cheios medo da aniquilação.

O Buda tem uma compreensão muito diferente de nossa existência. Para ele, nascimento e morte são noções, não são a realidade. O fato de que pensemos que são realidade produz uma ilusão muito poderosa que faz com que soframos. O Buda ensinou que não existe nem nascimento e nem morte, nem ir e nem vir, nem o mesmo e nem diferente, nem um eu permanente e nem aniquilação. Somos nós que pensamos assim. Ao compreendermos que não podemos ser destruídos, a gente se liberta desse medo e isso é um grande alívio. Passamos a aproveitar melhor a vida e a apreciá-la de uma nova maneira.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Das Seis Portas da Ação (2/6)


A Segunda Porta: Preceitos / Shila - Thich Nhat Hanh


Shila, a segunda Paramita são as claras e simples linhas gerais para o comportamento ético no dia-a-dia de nossa vida. “Eu me comprometo a ouvir profundamente, com solidariedade, seu sofrimento”. Isto é Shila. “Comprometo-me a falar com você com a linguagem da bondade amorosa”. Isto é Shila. “Eu me comprometo a proteger e preservar a vida”. Isto é Shila. Os Cinco Treinamentos da Plena Consciência, os preceitos básicos do Budismo, são um fundamento essencial para a prática das outras paramitas (2). Quando você pratica Shila, quando você mostra auto-disciplina e plena consciência em palavras e ações, você ganha bastante credibilidade. Porque existe uma harmonia entre suas palavras e ações, as pessoas tem confiança e fé em você, e com o apoio dessa confiança, você será capaz de trazer muitas coisas boas. Em Plum Village, apresentamos esses treinamentos de uma forma não sectária, com nenhuma terminologia especificamente budista, por que sabemos que eles têm valor universal. Elementos dessas diretrizes éticas de vida existem em todas as tradições. As palavras podem ser diferentes, mas a essência é a mesma.
Se soubermos como aplicar os Cinco Treinamentos da Plena Consciência individualmente, coletivamente e internacionalmente, então a paz na Terra se tornará uma realidade. Os treinamentos nos lembram de consumir com plena consciência e evitar fazermos coisas que possam ferir nosso corpo ou nossa mente. Eles nos ajudam a evitar ferirmos os outros e usarmos o tipo de linguagem que causa a desarmonia, a divisão e faz surgir o sofrimento. A prática de Shila nos ajuda a manter a segurança e o bem-estar de nós mesmos e dos outros e é um caminho para um maior compreensão e solidariedade.
Seria maravilhoso se nossos governos refletissem ese tipo de intenção e incorporassem essas diretrizes de conduta ética. Tudo o que nós fazemos, toda esfera da atividade humana pode ser dirigida para apoiar as condições que proporcionem a segurança e o bem-estar para a nação inteira e para o planeta inteiro. Quando nos alinhamos com este caminho, naturalmente ganhamos autoridade e confiança e estaremos em posição de abrir qualquer porta. Quando outros olharem para nós, saberão que o nossa caminho é o caminho da paz e da inclusibilidade e eles não hesitarão em se juntar a nós e se tornar nossos companheiros no caminho.
Aperfeiçoar a prática de Shila-Paramita não leva a vida toda. No exato momento em que tivermos a determinação de viver de acordo com esses treinamentos e práticas, alegria, cura e transformação se tornarão possíveis imediatamente. Suponhamos que você tenha um problema com comida - talvez você frequentemente coma mais do que realmente precisa e isso trouxe para você muitas dificuldades e sofrimento. você poderá ir em refúgio do treinamento relativo à alimentação e a outros tipos de consumo, o Quinto Treinamento da Plena Consciência. Você poderia começar por se comprometer a não comer senão com sua família ou com sua comunidade. No momento em que você se compromete na presença de outros membros da sua família ou entre os membros da sua comunidade a não comer fora dos horários das refeições regulares, imediatamente você se sentirá uma grande corrente de energia e apoio. Tomar refúgio no apoio de uma comunidade nos permite manter os preceitos muito mais facilmente.
Quando praticamos a plena consciência de nossas ações no contexto de uma família ou de uma comunidade espiritual recebemos apoio, ajuda e encorajamento. Mas vivendo ou não em comunidade, se nossa vida é plena de alegria e cheia de atividades significativas e saudáveis, então não nos sentiremos como se vivêssemos no vácuo. Quando as pessoas comem habitualmente, sem plena consciência, é frequentemente por que se sentem vazias por dentro; existe muita solidão e depressão nos seus corações e mentes. Cantar, ouvir a palestras de Dharma, praticar a meditação andando, praticar yoga e engajar-nos em outras atividades sadias que trazem a calma, o relaxamento e a alegria, quer individual quer coletivamente, nos dá muita energia positiva e, assim, não sentimos necessidade de comer demais ou compulsivamente. A prática de Shila é um tipo de proteção para nós, que nos ajuda a nos manter num caminho de saúde e bem estar e evitar ações inábeis e levianas que levam ao sofrimento, não somente ao nosso sofrimento mas ao de todos à nossa volta.
Assim podemos ver que o elemento de Dana está presente na prática de Shila. Nossa prática dos treinamentos da plena consciência é um grande presente para nossos pais, nossos filhos, aqueles que amamos, os amigos, nossa comunidade e para o mundo. Praticar a Shila significa viver de um modo saudável, plenamente consciente, expressando nosso amor, preocupação e compreensão em cada coisa que fazemos na nossa vida diária, e isso é um grande presente para todos à nossa volta, para nossa nação e para a Terra. Você contribuirá enormemente para a estabilidade e o bem-estar do mundo vivendo de acordo com os treinamentos da plena consciência.
A prática de Shila também é baseada em Prajña. Os treinamentos da plena consciência não são algo imposto a nós por um deus ou mestre mas o resultado de nosso próprio despertar. Consciente da destruição que está em curso no mundo, consciente dos danos do consumismo que está desperdiçando os recursos do mundo e causando muito sofrimento a muitas pessoas em todo o mundo nós nos tornamos naturalmente motivados a viver desse modo como meio de proteger e preservar a vida. Um modo de vida ético e plenamente consciente emerge naturalmente do nosso despertar, da nossa compreensão e do nosso amor. Quando o despertar e o amor forem fortes em você, você não sentirá dificuldades em viver de acordo com esses preceitos. Você não precisará sentir que você tem que praticar os treinamentos da plena consciência; mas, antes, você sentirá prazer em praticá-los. Você se tornará uma pessoa responsável bastante de maneira bastante rápida e facilmente, por que a sabesoria e o amor criaram raízes em você. Quando amarmos realmente, quando cuidarmos realmente, quando realmente despertarmos e pudermos ver na natureza do interser, então a prática de Shila não requerirá nenhum esforço especial e será aperfeiçoada de maneira fácil e natural.
Durante anos alguns centros de prática budista na América e na Europa se viram mergulhados em crise por causa de acontecimentos relativos a má conduta sexual e a abuso de poder por parte de seus líderes. Mais recentemente, muitos escândalos envolvendo abuso sexual de crianças por padres católicos foram revelados, surtindo efeitos devastadores na comunidade católica. Esses tipos de situação só podem ocorrer onde faltam plena consciência e compreensão. Tais comportamentos são uma violação dos preceitos. As relações sexuais entre as pessoas em uma comunidade religiosa tem o poder de destruir as vidas de muitas pessoas, especialmente as crianças. Porque um mestre religioso ou um líder age assim, violando seus votos sagrados e causando tantos danos e sofrimento aos outros? A raiz causa de tais ações danosas é uma profunda falta de compreensão e solidariedade.
Um mestre que realmente aperfeiçoou a prática dos preceitos não encontrará dificuldades em evitar relações sexuais com um de seus discípulos. Isto não significa que eles não amem seus estudantes; pelo contrário, é precisamente por que eles amam seus discípulos que eles se abstêm desses atos. Por que eu amo vocês, desejo protegê-los e quero que vocês tenham sucesso em seu caminho de realização que eu pratico os preceitos. Plena consciência do amor, atenção e compreensão são os elementos que nos protegem e nos ajudam a praticar Shila perfeitamente. Com amor e compreensão não precisamos de muito esforço, mas nossa prática dos preceitos se aperfeiçoará. Praticar Shila com muita luta e esforço, com auto-recriminação e severidade, não é correto. Somente na presença de compreensão e amor em nós mesmos conseguiremos fazer as escolhas corretas e praticar um meio de vida pleno e compassivo de maneira natural e sem esforço.

PS: Solidariedade = Compaixão (ver Nota do Tradutor)

sábado, 26 de junho de 2010

Das Seis Portas da Ação - (1/6)




Doação (Dana) é uma prática essencial do bodhisattva. No Capítulo Vinte sobre o Bodhisattva Avalokiteshvara, a Porta Universal, aprendemos os quatro meios hábeis de um bodhisattva e o primeiro é a prática de fazer oferendas - não apenas de bens materiais, mas do Dharma, a prática que nos liberta do sofrimento, e a suprema dádiva do bodhisattva, o presente do não medo. Assim devemos entender a doação sob esta luz. Dana-Paramita, a perfeição da doação, não tem nada a ver com riqueza material. Tem a ver com generosidade e abertura, nossa capacidade de abraçar outros com nossa solidariedade e amor e, com esse espírito, querermos, muito naturalmente, dar tudo o que pudermos para ajudá-los. Assim, podemos ver, diretamente, que Dana-Paramita se intersecciona com a prática de Kshanti, inclusibilidade, e também tem o elemento de Prajña, sabedoria, por que é através da nossa compreensão do interser que a generosidade e a solidariedade emergem. Quando verdadeiramente vemos nós mesmos nos outros e os outros em nós mesmos, nós naturalmente queremos fazer tudo o que pudermos para assegurar a felicidade e o bem estar deles, pois sabemos que se trata de nossa própria felicidade e bem estar.
Existe um tipo de vegetal no Vietnã chamado de he (pronuncia-se "rei" - r francês). Pertence à família das cebolas e se parece com cebolinha, e é muito bom em sopas. Quanto mais você corta essas plantas na base, mais elas crescem. Se você não as cortar, elas não irão crescer muito, mas se você cortá-las frequentemente, bem na base da haste, elas crescerão mais e mais. Isso também é verdade na prática de Dana. Se você der e continuar a dar você se torna cada vez mais rico, todo o tempo, rico em termos de felicidade e bem-estar. Isto pode parecer estranho, mas é sempre verdade. Quando mais você doa coisas que você valoriza - não apenas bens materiais, mas também dádivas de tempo e energia - maior será sua riqueza. Como isso é possível? Quando você tenta se amontoar de coisas, terminará por perdê-las, mas tudo que você der para ajudar os outros sempre permanecerá com você, como fundamento do seu bem estar.
A prática de Dana é maravilhosa, mas deve ser feita no espírito de Prajña, entendimento. Os Estados Unidos têm sempre dado muito a outras nações - ajuda humanitária, ajuda financeira, recursos tecnológicos etc. Mas estas coisas têm sido dadas com a intenção de conquistar os outros, de coagir aqueles que recebem essa ajuda a se alinhar com os seus objetivos e ideologia. Esse tipo de doação é motivado pelo interesse nacional, pela conveniência política e econômica. Assim, mesmo a ajuda humanitária que é dada com uma agenda oculta de conquistar pessoas ou cimentar uma aliança política ou econômica não é Dana verdadeira, doação verdadeira.A verdadeira Dana não é troca, uma estratégia de barganha. Na verdadeira doação não há pensamento de doador ou daquele que recebe. Isto é chamado de "vazio da doação", quando não há percepção de separação entre que doa e quem recebe. Esta é a prática de Dana feita no espírito de Prajña, com a compreensão do interser. Você oferece ajuda tão naturalmente como respira. Você não se vê como doador e a outra pessoa como recipiente de sua generosidade, que agora é observada por você e lhe deve ser apropriadamente grata, atender aos seus pedidos etc. Você não doa para fazer da outra pessoa sua aliada. Quando você vê que alguém precisa de ajuda, você oferece e doa o que você tem, sem pensar em recompensa.
Existe a história de um homem muito rico que doou 100.000 peças de ouro para um templo. O abade tinha feito à comunidade um chamado por apoio financeiro para construir uma nova sala de meditação, então este rico proprietário de terras apareceu com uma grande doação. O abade estava oferecendo chá aos convidados, e entre eles o rico doador, que mostrou o ouro numa bandeja em cima da mesa. O abade não prestou muita atenção ao dinheiro, ao invés disso, deu uma palestra de Dharma informal ao grupo sobre como praticar os treinamentos da plena consciência etc. Ele não ligou para o ouro porque ele acreditava que enquanto é bom para as pessoas contribuírem, sua tarefa era ajudá-las a entender melhor o Dharma e a colocá-lo em prática. De fato, a oferta foi aceita somente para apoiar o objetivo maior de promover o Dharma. O rico doador começou a ficar impaciente; ele queria que o abade se desse conta do ouro e o agradecesse na frente de todos. Então ele interrompeu o abade e perguntou, "Querido abade, você contava com isso? Existem 100.000 peças de ouro aqui". O abade disse gentilmente, "Eu sei", e continuou o seu ensinamento do Dharma. Pouco depois, o homem interrompeu-o de novo, "Mas, reverendo abade, você não acha que 100.000 peças de ouro é muito?". O abade olhou para ele e disse, "Você quer que eu agradeça a você? Eu acho que você é quem deveria me agradecer, por que eu dei a você uma oportunidade de fazer a doação e ganhar mérito".
Ajudar a criar salas de meditação é uma dádiva para todos, para a continuação do Dharma e permitiu ao homem rico uma oportunidade de contribuir e ganhar mérito por ajudar a transmitir o Dharma. Mas ele deu o dinheiro esperando o reconhecimento público pela sua grande doação; ele esperava recompensa e louvor pelo seu ato. Apesar de ter doado grande quantidade de dinheiro, ele não o fez no verdadeiro espírito de Dana.
Minha mão direita faz várias coisas, faz caligrafias e escreve poemas. Quase todos os meus poemas foram escritos pela minha mão direita por que eu não uso máquina de datilografia. Houve apenas uma vez que eu escrevi um poema usando uma máquina. Quando a inspiração veio, eu não tinha um lápis, então pus o envelope na máquina de datilografia e, desta vez, minha mão esquerda participou. Todo o resto dos meus poemas foram escritos somente pela minha mão direita, mas ela nunca disse para a esquerda “Você não é boa em nada! Não faz caligrafia, não escreve poemas. Eu faço o trabalho todo, você nunca faz nada!”.
O corpo nunca discrimina desse jeito. Não pense que é por que o nosso corpo não possui nenhuma inteligência inerente. Enquanto tentava pendurar uma pintura na parede, peguei o prego com a mão esquerda e martelei com a mão direita. Mas ao invés de acertar o prego acertei o dedo da minha mão esquerda. Isso acontece de vez em quando, especialmente se você está no alto de uma escada.
Imediatamente a mão direita soltou o martelo e foi em socorro da minha mão esquerda, muito naturalmente. Os pés começaram a se mover para procurar uma bandagem. Todos trabalharam junto de maneira muito suave. Mais tarde a minha mão direita não disse “Ei, mão esquerda – lembra-se de como ajudei você? Da próxima vez que eu precisar de algo, você vai ter que vir e me ajudar”. Nossos corpos, inatamente sábios, não agem desse jeito. Assim a sabedoria da não discriminação está presente em nós como uma realidade corporalmente viva. Temos de aprender como treinar nossas mentes para ver as coisas desse modo.
Nós formamos uma realidade. Existimos intersendo com toda a vida. Quando entendermos esta verdade fundamental, nosso ato de doar será feito no espírito da não discriminação. O mérito, o benefício espiritual a ser ganho com o aperfeiçoamento da prática da doação não podem ser calculados. A prática de Dana traz muita felicidade quando sabemos praticá-la no espírito do interser. Você dá livremente, é feliz e continua a dar. Muitos de nós já sabem praticar dessa maneira. Não precisamos dar 100.000 peças de ouro ou mesmo uma única peça; ao invés, podemos oferecer um sorriso, ou um amoroso e compassivo olhar. Podemos dar de presente a nossa presença calma e concentrada para ajudar alguém que está com medo ou ansiedade. Podemos fazer uma dádiva de nosso tempo e energia e trabalhar com os sem-teto, com os que estão presos ou são viciados em diversas substâncias ou trabalhar ajudando o meio ambiente. Nós estamos cheios de presentes para oferecer, somos muito mais ricos do que podemos imaginar. Podemos ajudar a assegurar a felicidade de muitas pessoas mesmo se não tivermos um centavo em nossos bolsos.
A prática de Dana-Paramita é também um antídoto efetivo contra a raiva. O Buda ensinou “Quando estiver com raiva de alguém, tente dar algo para ele ou ela”. A prática é preparar um presente antes e mantê-lo pronto a ser dado. Não espere ficar com raiva de alguém para preparar algo, por que com raiva e hostilidade em sua mente você não quererá dar nada ao objeto de sua raiva. Não precisa ser um presente material; você pode oferecer um poema ou uma passagem de um ensinamento ou uma canção ou peça musical, a fotografia de um lugar bonito. Então, quando tiver raiva de alguém, lembre-se do conselho do Buda. Tão logo a idéia de dar algo a essa pessoa apareça, seu sofrimento irá diminuir. Usualmente quando estamos com raiva, queremos apenas punir, mas agora praticamos o oposto e pensamos somente em dar algo ao outro. Graças a essa prática, nossa raiva começa a se apaziguar.
Temos que aprender como praticar a doação dessa maneira no nível das nossas sociedades e nações. O que poderá oferecer uma nação a outra que é percebida como sua inimiga? Uma nação poderia dizer “ Queremos oferecer a você a oportunidade de viver em paz, com auto-determinação. Queremos que o seu povo tenha um lugar seguro para viver, prosperar e gozar de segurança e bem estar”. Quando estamos motivados pelo desejo de dar, mesmo sem ter oferecido nada ainda, apenas com a intenção de oferecer a nossa ajuda e entendimento, nosso desejo de ouvir e se comunicar, o nosso sofrimento e o dos outros começa a diminuir. Praticar Dana-Paramita causa o desaparecimento de nossa raiva e aversão e, num segundo, cruzamos para a outra margem.
Quando comunidades e nações praticam dessa maneira, elas prosperam e ganham admiração, respeito e aceitação das outras comunidades e nações. Se pudéssemos aprender a lidar desse jeito com as outras nações, não precisaríamos mais de guardas nas entradas de nossas embaixadas, não precisaríamos mais ter medo de bombas e ataques terroristas. Não ficaríamos isolados e consumidos pelo medo. A felicidade jamais será possível enquanto houver tanto medo e suspeição em nossas consciências. Se pudermos aprender como abrir as portas das seis paramitas, individualmente e coletivamente, então todos chegaremos às margens da liberdade, da paz e da segurança, muito rapidamente.

PS: Solidariedade = Compaixão (ver Nota do Tradutor)

Videofórum "As Religiões do Mundo e a ética global"


6º ENCONTRO - Hinduísmo – Força de purificação às margens do Rio Ganges

Um debate marcado por opiniões contraditórias finalizou o sexto encontro do videofórum, “As religiões do mundo e a ética global”, realizado pelo Centro Burnier Fé e Justiça. Na sessão de quinta-feira, 17 de junho, a professora doutora da UFMT Darcy Gomes Neto falou sobre esta complexa religião, que, na visão do autor do vídeo, Hans Kung, é alegre e não ignora a força da sexualidade. O Hinduísmo é tida como a mais antiga das religiões com registros sagrados, politeísta, monoteísta e panteísta, extremamente mística e rica simbolicamente, com origem na Índia antiga. A enorme pobreza na qual está inserida e que, talvez, ajude a naturalizar, é o foco central de crítica da palestrante.
O Hinduísmo se confunde com a Índia. Por isso, Hans Kung decidiu usar o rio Ganges, como linha mestra para o seu vídeo. Da nascente ao delta, ele busca informações sobre como esse povo se relaciona com a divindade. Para muitos, o Ganges é a própria imagem do Hinduísmo, longo, profundo, sempre o mesmo e ao mesmo tempo tão diverso. Os crentes mergulham nesse manancial, para eles, sagrado, se lavam, para se purificar por completo.
A alegria vem da certeza da eternidade, das muitas reencarnações – uma mesma alma pode animar um ser humano, animais, vegetais, minerais. E vem também do acolhimento de sabermos que todos fazemos parte do universo. Na abertura da primavera, os indianos festejam o Holy, jogando vários pós, entre eles pó de açafrão, que produz excitação.
Krishna é um dos deuses mais adorados pelos hindus. Mas o mundo todo foi criado por Purusha. No Hinduísmo, são cerca de 33 milhões de divindades diferentes e contraditórias, como Brahma, o Deus Supremo, Shiva, o Deus transformador, e Vishnu, o Deus preservador do Unvierso.
O tempo todo, para tentar aproximar o Hinduísmo do mundo ocidental, o autor tenta fazer comparações com o cristianismo.
No caso da diversidade de deuses, ele lembra os diversos anjos e santos e beatos, da Igreja Católica, por exemplo.
Uma bela cena do vídeo buscar dar a profundidade também filosófica desta religião. Um mestre mostra ao fiel um figo aberto. Mostra a ele a semente do figo e explica que essa pequena parte da fruta é que guarda a grande figueira produtiva e vice-versa.
Os hindus fazems esses movimentos religiosos e buscavam a divindade desta forma há 1 mil anos a.C.
Para eles, Varanasi é a cidade sagrada, assim como Roma para os católicos e Meca para os muçulmanos.
Aliás, o Islamismo dominou a região de Varanasi por 3 séculos e até hoje muçulmanos e hindus disputam espaço.
Porém, para Hans Kung, o verdadeiro desafio do Hinduísmo não é o Islã, mas o processo de modernização pelo qual a Índia deve passar na visão do autor, para reduzir as desigualdades sociais.
Poucas sociedades são tão claramente hierarquizadas quanto a indiana, diz o autor do vídeo. Na base da pirâmide, os dalits, que são os intocáveis, os impuros. No alto, os brâmanes. Kung critica as castas e a posição sempre rebaixada da mulher na Índia.
Porém, cenas de superpopulação e crua pobreza, não são contrapostas ao avanço tecnólogico que a Índia já atingiu.
Os hindus, porém, nesse dialogo entre as religiões pela paz, saíram na frente, sendo os primeiros a assinar em 1893, em Chicago, no 1º Parlamento das Religiões do Mundo, um documento de respeito a todas as crenças.
Foi na Índia que Mahatma Gandhi, com discurso e prática da paz, garantiu a libertação do povo do julgo britânico.
A palestrante chegou a esse Hinduísmo, tão distante de nós, estudando sobre a poetisa Cecélia Meireles. “Ela sabia sânscrito e foi convidada por Pablo Neruda a ir para a Índia, onde escreveu a série ‘Poemas Indianos’, isso em 1930”, explica a doutora, que leu um deles no videofórum.
O videofórum, que está dentro da perspectiva do ecumenismo e inserido na campanha mundial pela paz, consiste na exibição de um documentário, seguido de debate. As exibições são sempre às quintas-feiras, das 19h às 21h, com entrada franca, no Colégio CIN.
O videofórum começou dia 6 de maio e vai até 8 de julho. (Mais informações: http://www.centroburnier.com.br/ ou pelo telefone 65-3023-2959)
Já aconteceram sessões sobre Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Religiões Chinesas e Budismo. Além do Hinduísmo, ainda serão abordadas, em outros encontros, as seguintes religiões: Religiões Tribais, Religiões Afro-brasileiras e Religiões Indígenas de Mato Grosso.
Os vídeos são de produção alemã, assinados por Hans Küng, exceto os dois últimos.
Emissão de certificado pela UNISINOS/RS. Critério: 75% de presença.
PARTICIPE.
Keka Werneck, da Assessoria de Imprensa do Centro Burnier Fé e Justiça.
(65) 9922-9445

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Prática Semanal (26.06 - Sábado)


Queridos amigos, irmãos e irmãs no darma,


lembramos a todos que amanhã, 26.06.10, haverá prática de meditação as 08:00 h na Academia Ligia Prieto. Término previsto para as 09:00. Aos iniciantes, sugerimos roupas leves. Muita paz, sejam todos bem-vindos.


Mãos unidas em prece.


Informações:

Ligia (65)3052-6634


Ivan (65)9202-9925

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Lançamento do livro


Prezados, amigos e irmãos no Darma,

Com imensa alegria, informamos o lançamento da obra "Dhammapada, O Nobre Caminho do Darma do Buda" pela Editora Bodigaya, conforme informações abaixo.

Os interesados devem solicitar o livro por email mesmo para: bodigaya@bodigaya.com.br, pois ele ainda não está disponível no site.


Descrição:

O Dhammapada - O Nobre Caminho do Darma do Buda
Capa Dura
Formato 13 x 19 cm

Obra-prima da literatura universal e um dos livros mais lidos de todos os tempos, o Dhammapada é a mais famosa obra clássica do budismo. Na Ásia antiga, seu texto foi preservado na memória dos monges como um longo mantra, recitado sem dificuldade do início ao fim. Sua beleza simples e profunda, emociona o leitor sensível ao que é elevado e transcendente. A sabedoria, a força e expressividade dos seus 423 versos tocam diretamente o coração e são capazes de desarmar o espírito mais resistente.

Não existe algo como uma “bíblia budista”, pois os ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda, não cabem em um único volume. Reunidos todos juntos, seus discursos ou sutras formariam, na verdade, uma verdadeira biblioteca. Esta versão absolutamente completa do Dhammapada, acrescida, porém, de um extraordinário apêndice sobre “As Quatro Nobres Verdades e O Caminho Óctuplo”, resulta num conjunto tão consistente, harmonioso e essencial dos ensinamentos do Buda que pode ser considerada, certamente, como uma “pequena bíblia budista”.

Além de uma leitura ideal para os que desejam conhecer os princípios do budismo, este livro é indispensável aos praticantes e estudantes mais experientes, pois a pesquisa nele contida ilumina e revela diversos aspectos do Dhammapada.

A leitura desta obra monumental da humanidade sevirá a todos os que buscam a paz, o discernimento, a felicidade e uma profunda base de inspiração para suas vidas.

Muito obrigado!

Enio Burgos

www.bodigaya.com.br

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Prática Semanal (Terça-feira)


Queridos amigos (as), irmãos e irmãs no darma,

lembramos a todos que amanhã, 22.06.10 (terça-feira), haverá prática de meditação e Thai Chi Chuan, na Academia Ligia Prieto. Aos iniciantes, informamos que as práticas são gratuitas e sem necessidade de conhecimento prévio. Sejam todos bem-vindos, bienvenidos, welcome, namastê, haribool, gasshô ...rs! Muita paz e sanidade!

Thai Chi Chuan - 19:00

Meditação - 20:00

Recomendamos roupas leves.

Informações: (65)3052-6634 # 9202-9925

domingo, 20 de junho de 2010

Ficando Verdadeiramente Vivo


Thich Nhat Hanh

O que você faria se um médico te dissesse que você tem apenas três meses de vida? Você perderia este tempo lamentando seu destino? Você se entregaria à dor e ao desespero? Ou resolveria viver cada momento desses três meses de uma maneira profunda? Se você fizer isso, três meses de vida é muito.

Cerca de vinte anos atrás, um jovem veio até mim e disse exatamente isso – ele tinha apenas três meses de vida. Eu pedi que ele se sentasse e tomasse uma xícara de chá. “Meu amigo”, eu disse a ele, “você deve viver este momento que temos juntos de uma maneira profunda.”

Um dia é muito. Um piquenique dura apenas metade do dia, mas você pode vivê-lo plenamente, com muita felicidade. Portanto e porque não três meses? Sua vida é um tipo de piquenique e você deveria arrumá-lo de forma inteligente.

Alguém que conheço, uma vez disse a seu professor de budismo, “Mestre, eu gostaria de ir a um piquenique com você.” O professor estava muito ocupado e, portanto respondeu. “Claro, claro, iremos a um piquenique um dia desses.” O tempo passou e cinco anos depois eles ainda não tinham ido a um piquenique.

Um dia o professor e o discípulo estavam resolvendo algum assunto juntos, e eles se encontraram no meio de um engarrafamento. Havia tantas pessoas na rua que o mestre perguntou ao discípulo: “O que estas pessoas estão fazendo?” O discípulo viu que era uma procissão de funeral. Ele virou ao mestre e disse, “Eles estão tendo um piquenique.”

Não espere para começar a viver. Viva agora! Sua vida deveria ser real neste exato momento. Se você viver assim, três meses é muito! Você pode viver cada momento de cada dia profundamente, em contato com as maravilhas da vida. Então você aprenderá a viver e, ao mesmo tempo, aprenderá a morrer. Uma pessoa que não sabe como morrer, não sabe como viver e vice-versa. Você deveria aprender a morrer – a morrer imediatamente. Esta é a prática.

Você está pronto para morrer agora? Você está pronto para organizar suas atividades de forma que possa morrer em paz esta noite? Isto pode ser um desafio, mas esta é a prática. Se você não fizer isso, será sempre atormentado pelo sentimento de perda. Se você não quer sofrer, se não quer ser atormentado pelo sentimento de perda, a única solução é viver cada minuto que tem de uma maneira profunda. Isto é tudo que se tem para fazer. A única maneira para se lidar com a insegurança, medo e sofrimento é viver o momento presente de uma maneira profunda. Se você fizer isso, não terá lamentos.

Foi isto que o jovem que tinha apenas três meses de vida fez. Ele decidiu viver cada momento da vida dele de uma maneira profunda. Quando ele começou a fazer isso, sentiu as fontes do desespero o deixando e ele voltou ao seu centro. Foi um milagre. Embora seu médico tenha pronunciado uma espécie de sentença de morte, ele viveu outros quinze anos. Eu dei a ele o nome de Dharma Chân Sinh, que significa “vida verdadeira”. Antes que dissessem a ele que iria morrer, ele não sabia o que era a vida real. Mas depois que isso aconteceu, ele aprendeu o que era a vida real, porque estava presente para cada momento de cada dia.

Albert Camus no seu romance “O Estranho”, usou o termo “o momento de consciência”. Quando o protagonista do romance, Meursault, sabe que será executado pelo assassinato que cometeu, ansiedade, medo e raiva nasceram nele. Em desespero, ele estava deitado na sua cama na prisão olhando para o teto quando, pela primeira vez, quando ele vê o quadrado de céu azul através da luz do céu. O céu é tão azul – era a primeira vez na sua vida que ele tinha profundo contato com o céu azul. Ele já tinha vivido por décadas sem realmente nunca ter visto isto. Talvez ele tenha olhado para o céu de vez em quando, mas não o tinha visto de uma maneira profunda. Agora, três dias antes de sua morte, ele era capaz de tocar o céu azul de uma maneira verdadeira e profunda. O momento de consciência se manifestou.

Meursault decidiu viver cada minuto que ainda tinha plenamente e profundamente. Aqui está um prisioneiro que está praticando meditação profunda. Ele vive seus últimos três dias na sua cela dentro do quadrado de céu azul. Esta é a sua liberdade. Na tarde do último dia, um padre católico vem à cela de Meursault para lhe dar os últimos ritos, mas ele recusa. Ele não quer perder as poucas horas que tem falando com o padre, e não o deixa entrar. Ele diz: ”O padre está vivendo como um morto. Ele não está vivendo como eu, eu estou verdadeiramente vivo.”

Talvez estejamos também vivendo como mortos. Nos movemos pela vida nos nossos próprios cadáveres porque não tocamos a vida em profundidade. Vivemos um tipo de vida artificial, com muitos planos, muitas preocupações e raiva. Nunca somos capazes de nos estabelecer no aqui e agora e viver nossas vidas profundamente. Temos que acordar! Temos que fazer o possível para o momento de consciência se manifestar. Esta é a prática que irá nos salvar – esta é a revolução.

O momento mais maravilhoso da sua vida já aconteceu? Se pergunte isso. A maioria de nós responderá que não aconteceu ainda, mas que poderá acontecer a qualquer momento. Não importa a nossa idade, tendemos a sentir que o momento mais maravilhoso de nossa vida não aconteceu ainda. Tememos que seja muito tarde, mas estamos ainda esperando. Mas a verdade é que se continuarmos a viver no esquecimento – isto é sem a presença da plena consciência – este momento nunca acontecerá.

O ensinamento do Buda te diz claramente e plenamente para fazer deste o momento mais magnífico e maravilhoso da sua vida. Este momento presente deve se tornar o mais maravilhosos da sua vida. Tudo que você precisa para transformar este momento em uma maravilha é liberdade. Tudo que você precisa é libertar a si mesmo de suas preocupações sobre o passado, futuro e tudo mais.

O profundo insight da impermanência é o que nos ajuda a fazer isto. É muito útil manter viva nossa concentração na impermanência. Você pode pensar que a outra pessoa na sua vida estará presente para sempre, mas isto não é verdade. Esta pessoa é impermanente, assim como você. Portanto se você pode fazer algo para deixar esta pessoa feliz, deveria fazer imediatamente. Qualquer coisa que você possa dizer ou fazer que a deixe feliz – diga ou faça agora! É agora ou nunca.

Na prática do budismo, morrer é muito importante. É tão importante quanto viver. Morrer é tão importante quanto nascer, porque nascimento e morte intersão. Sem nascimento, não poderia haver morte. Sem morte não poderia haver nascimento. Nascimento e morte são amigos próximos e a colaboração entre os dois é necessária para a vida ser possível.

Portanto não tenha medo da morte. Morte é apenas uma continuação assim como o nascimento. A cada momento, a morte está acontecendo no seu corpo – algumas células estão morrendo de forma que outras possam nascer. Morte é indispensável à vida. Se não houvesse morte, não haveria nascimento, assim como não poderia haver esquerda se não houvesse a direita. Não mantenha esperanças que a vida seja possível sem morte. Você deve aceitar a ambos.

Se você praticar bem, pode ganhar um insight profundo da dimensão última, a dimensão absoluta, enquanto permanece em contato com a dimensão histórica, relativa. E quando você estiver em contato profundo com a dimensão histórica, também tocará a dimensão última, e verá que sua natureza verdadeira é a do não-nascimento e não-morte.

Viver é uma alegria. Morrer de forma a começar novamente é também uma alegria. Recomeçar é uma coisa maravilhosa, e recomeçamos constantemente. Começar de novo é uma das práticas principais em Plum Village e nós devemos morrer todo dia de forma a nos renovarmos, de forma a termos um recomeço refrescante. Aprender a morrer é uma prática muito profunda.

(Do livro “You are here”, de Thich Nhat Hanh)
(Tradução para o português: Leonardo Dobbin)
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quarta-feira, 16 de junho de 2010

"Meditação no Parque: paz a cada passo" *Sáb. 19.06 - Prq. Mãe Bonifácia - 08 h *Participe! Inf. (65)3052-6634


A meditação andando


A meditação andando pode ser agradável. Caminhando lentamente, sozinhos ou com amigos, se possível num belo local. A meditação andando tem como verdadeiro objetivo o prazer em caminhar — anda-se não para se chegar a algum lugar, mas só pelo andar. O propósito é o de se estar no momento presente, tendo plena consciência da respiração e da caminhada, e de apreciar cada passo. Para isso, devemos nos livrar de todas as preocupações e ansiedades, não pensar no futuro, nem no passado, só vivendo o momento presente. Podemos andar de mãos dadas com uma criança. Caminhamos passo a passo como se fôssemos os seres mais felizes da Terra.

Embora andemos o tempo todo, nosso andar se assemelha mais a uma corrida. Quando caminhamos assim, imprimimos ansiedade e tristeza na Terra. É preciso que andemos de forma tal que só deixamos paz e serenidade sobre a Terra. Podemos todos fazer isso desde que o desejemos muito. Qualquer criança consegue fazê-lo. Se podemos dar um passo assim, poderemos dar dois, três, quatro e cinco. Quando formos capazes de dar um passo cheio de paz e felicidade, estaremos trabalhando pela causa da paz e da felicidade de toda a humanidade. A meditação andando é uma prática maravilhosa.

Quando fazemos meditação andando ao ar livre, caminhamos um pouco mais devagar do que nosso ritmo normal e coordenamos nossa respiração com nossos passos. Por exemplo, podemos dar três passos para cada inspiração e três passos para cada expiração. Podemos, então, dizer, "Inspirando, inspirando, inspirando. Expirando, expirando, expirando." Dizer "Inspirando" serve para nos ajudar a identificar a inspiração. Sempre que chamamos algo pelo seu próprio nome, estamos tornando-o mais real, como quando dizemos o nome de um amigo.

Se os seus pulmões preferem quatro passos em vez de três, dê-lhes quatro passos, por favor. Se eles querem apenas dois, dê-lhe dois. A duração da sua inspiração e da sua expiração não tem de ser a mesma. É possível, por exemplo, que você dê três passos ao inspirar e quatro ao expirar. Se você se sentir feliz, sereno e alegre enquanto caminha, é porque está se exercitando corretamente.

Esteja atento para o contato entre os seus pés e a Terra. Caminhe como se estivesse beijando a Terra com os pés. Já prejudicamos muito a Terra. Agora é a hora de cuidarmos bem dela. Trazemos nossa paz e nossa serenidade à superfície da Terra e compartilhamos a lição do amor. É tendo isso em mente que caminhamos. De quando em quando, ao ver algo bonito, podemos querer parar para contemplação — de uma árvore, uma flor, crianças brincando. Enquanto olhamos, continuamos atentos à nossa respiração, para não sermos enredados por nossos pensamentos e assim perdermos a beleza da flor. Quando quisermos voltar a andar, é só começar de novo. Cada passo que dermos criará uma brisa fresca, renovando nosso corpo e nossa mente. Cada passo fará uma flor se abrir aos nossos pés. Isso só é possível se não pensarmos no futuro nem no passado, se soubermos que a vida só pode ser encontrada no momento presente.


(Nhat Hanh, Thich. Livro: Paz a Cada Passo: como manter a mente desperta em seu dia-a-dia.)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Prática Semanal


Queridos amigos (as), irmãos e irmãs no darma,

lembramos a todos que hoje, 15.06.10 (terça-feira), haverá prática de meditação e Thai Chi Chuan, na Academia Ligia Prieto.

Thai Chi Chuan - 19:00

Meditação - 20:00

Recomendamos roupas leves.

Informações: (65)3052-6634 # 9202-9925

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Videofórum "As religiões do mundo e a ética global"

5º ENCONTRO Budismo – trazer valores para o aqui e o agora


Numa palestra emotiva, Ivan Deus Ribas, da Associação Meditar de Cuiabá, acolheu a platéia que esteve presente no quinto encontro do videofórum “As religiões do mundo e a ética global”, realizado quinta-feira, 10 de junho, sobre o Budismo.


Para falar sobre o Budismo, disse Ivan, é preciso voltar 2.600 anos e fazer uma viagem ao mundo oriental. O Budismo nasce na Índia e vai se ramificando por diversos países, até chegar ao Brasil, onde ainda tenta encontrar identidade própria dentro da nossa cultura.


Aliás, a resposta para essa pergunta – Budismo é religião ou filosofia? – ajuda a compreender a complexidade dos conceitos inspirados por Buda, figura mais representada em todo o Planeta, junto com Jesus Cristo.


O vídeo, do alemão Hans Küng, diz que, no entanto, tanto Buda, quando Cristo, jamais aceitariam qualquer veneração, pois ambos são exemplos de alta elevação espiritual e que ensinaram o desapego, o fazer o bem e o encontro consigo mesmo, que, no Budismo, é marcado pela prática da meditação.


“Quem medita, toma contato com as próprias dificuldades”, afirma Ribas.

O Budismo se mostra filosófico quando nos propõe refletir sobre quatro perguntas: O que é o sofrimento? Como ele surge? Como pode ser superado? Qual é o caminho para que seja superado? E se mostra uma religão, quando favorece a ligação entre o homem e o divino, que habita todos nós, em cidades e em rincões isolados.


O vídeo tratou ainda de alguns conceitos budistas. A sangha, que é a comunidade budista; o darma que é a doutrina. E de algumas ramificações.

O Budismo não foca em um Deus criador de todas as coisas, mas em uma idéia que se propõe mais complexa, que é a origem de tudo, a energia que move e a interligação desse tudo. No final das contas, também culmina na mesma idéia de criação universal, força que nos move e guia e a interdependência já dita em outro encontro simbolizada, por exemplo, pelo Yin-yang .


Ribas, no entanto, afirma que isso é menos importante: os conceitos. Segundo ele, o importante mesmo é trazer para o aqui e o agora esses valores de bem fazer, usando-os na rotina, para compreendermos a vida, na perspectiva do amor e da compaixão.


No Budismo, de acordo com o documentário, ao invés da genuflexão dos católicos, os praticantes lançam-se por terra, em sinal de profundo respeito. Nos rituais, cantam sutras e mantras, para criar um ambiente propício ao contato espiritual entre o ser e o divino.


Para Hans Küng, o Budismo se alinha a outras religiões quando massifica quatro idéias universais por uma ética global: não matar, não mentir, não roubar e abster-se da devassidão sexual. O monge budista faz um espécie de compromisso consigo mesmo para não agir incorretamente. Por exemplo: "Prometo abster-me de matar..."


Se são quatro exigências fundamentais para uma ética global encontradas em várias religiões, no Budismo há ainda uma 5ª, que é abster-se de bebidas inebriantes.


O palestrante citou algumas vezes a monja Cohen, de São Paulo, monja zen budista brasileira e missionária oficial da tradição Soto Shu.


Para finalizar, a platéia fez algumas perguntas inquietantes. Entre elas: por que uma religião que cresceu e se ramificou sobre os pilares da paz tem origem em região tão bélica?


Para Ivan Ribas, as sociedades são heterogêneas. Enquanto há aqueles que trabalham pelo bem e pela paz, há também os que ainda não compreenderam esta verdade. Segundo ele, no entanto, o diálogo entre as religiões está ocorrendo em vários pontos do Brasil e do planeta e a tendência é que caminhemos, seja através de uma religião ou de outra, rumo a relações pacíficas, em um mundo onde caberão homens e mulheres com direitos iguais, sem armas, sem bomba atômica, menos barulhento e envolto pelo silêncio curativo.

Keka Werneck, da Assessoria de Imprensa do Centro Burnier Fé e Justiça(65) 3023-2959(65) 9922-9445


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Prática Semanal - Sábado (12.06.10)

Queridos amigos e amigas, irmãos e irmãs no darma,

lembramos a todos que haverá prática de meditação no próximo sábado, 12.06.10, as 08:00 da manhã, na Acadêmia Ligia Prieto. Termino previsto para as 09:00. Recomendamos roupas leves.

Mãos unidas em prece.

Paz e sanidade.

Gasshô.

Informações: (65)3052-6634 # 9202-9925

Academia Ligia Prieto
Rua Ministro João Alberto, nº 137 - Araés

terça-feira, 8 de junho de 2010

VideoFórum "As Religiões do mundo e a ética globa"


Videofórum sobre religiões do mundo chega ao quinto encontro com sessão sobre o Budismo!


O estudante de Direito, Ivan Deus Ribas, da Associação Meditar de Cuiabá, irá falar sobre o Budismo, na perspectiva religiosa e filosófica, e as práticas budistas, no quinto encontro do videofórum “As religiões do mundo e a ética global”, próxima quinta-feira, dia 10 de junho.


O projeto, que está dentro da perspectiva do ecumenismo e inserido na campanha mundial pela paz, consiste na exibição de um documentário, seguido de debate. As exibições são sempre às quintas-feiras, das 19h às 21h, com entrada franca, no Colégio CIN.


O videofórum começou dia 6 de maio e vai até 8 de julho. (Mais informações: http://www.centroburnier.com.br/ ou pelo telefone 65-3023-2959)


Já aconteceram sessões sobre Judaísmo, Cristianismo, Islamismo e Religiões Chinesas. Além do Budismo, ainda serão abordadas, em outros encontros, as seguintes religiões: Hinduísmo, Religiões Tribais, Religiões Afro-brasileiras e Religiões Indígenas de Mato Grosso.


Os vídeos são de produção alemã, assinados por Hans Küng, exceto os dois últimos.


Emissão de certificado pela UNISINOS/RS. Critério: 75% de presença.


PARTICIPE.


Keka Werneck, da Assessoria de Imprensa do Centro Burnier Fé e Justiça.
(65) 9922-9445

sábado, 5 de junho de 2010

Mensagem - S.S. o Dalai Lama


Mensagens

Convivência — Hoje, enfrentamos muitos problemas. Alguns criados por nós em conseqüência de diferenças ideológicas, religiosas, raciais, econômicas. Entretanto, chegou o momento de pensarmos em um nível mais profundo, em nível humano, e a partir daí apreciar e respeitar essa mesma condição nos outros seres humanos. Devemos construir relacionamentos mais próximos, de confiança mútua, compreensão e ajuda. Todos queremos a felicidade e evitar o sofrimento. Todos temos o mesmo direito de ser felizes, e aí reside a nossa igualdade fundamental. Não é necessário seguir filosofias complicadas. Nosso próprio cérebro, nosso próprio coração é o nosso templo. A filosofia é a bondade.


Responsabilidade Universal — A humanidade é uma só e este pequeno planeta é nossa única casa. Se temos de proteger esta casa, cada um de nós precisa experienciar um sentimento vivo de altruísmo universal. Nosso planeta foi abençoado com vastos tesouros naturais. Se os usarmos adequadamente, todo ser humano poderá usufruir de uma vida rica e de bem-estar.


Diálogo Inter-Religioso — O cultivo do amor e da compaixão é a verdadeira essência de todas as crenças. O importante é que em sua vida diária você pratique as coisas essenciais e, nesse nível, quase não existe diferença entre budismo, cristianismo, judaísmo, islamismo ou qualquer outra fé. Todas elas focalizam o desenvolvimento, o aperfeiçoamento dos seres humanos, o sentimento de fraternidade e de solidariedade. Nesse sentido, as diferenças entre as religiões não são de maneira alguma essenciais.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Poesia de Fernando Pessoa*

Para Além da Curva da Estrada
Para além da curva da estrada

Talvez haja um poço, e talvez um castelo,

E talvez apenas a continuação da estrada.

Não sei nem pergunto.

Enquanto vou na estrada antes da curva

Só olho para a estrada antes da curva,

Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.

De nada me serviria estar olhando para outro lado

E para aquilo que não vejo.

Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.

Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.

Se há alguém para além da curva da estrada,

Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.

Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.

Por ora só sabemos que lá não estamos.

Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva

Há a estrada sem curva nenhuma.


(Alberto Caeiro)

Poema de Fernando Pessoa, sob pseudônimo, que expressa muito bem a atitude de aceitação sem expectativas, preconizada para a atitude do praticante no caminho.

Cortesia de Zendô Virtual.

Prática Semanal - Sábado 05.06.10


Queridos irmãos e amigos(as) no darma,


lembramos a todos que haverá prática de meditação no sábado, 05.06.10, as 08:00, na Acadêmia Ligia Prieto. Termino previsto para as 09:00. Recomendamos roupas leves.

Mãos unidas em prece.

Paz e sanidade.

Gasshô.

Informações: (65)3052-6634 # 9202-9925

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Poema em Seis Portas


Da leveza do céu

Caem as rosas que me fazem sorrir

Admiro a partir dos meus olhos

Algo brilha dentro de mim

Vejo forma, sinto cores

Meu coração se ilumina...

Autor: Ivan Deus Ribas