A Associação Meditar é uma sociedade civil com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, não religiosa ou doutrinária. O primeiro núcleo surgiu em Porto Alegre-RS, e, atualmente, possui núcleos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Lajeado, Novo Hambugo, Santa Maria, São Francisco de Paula, Capão da Canoa, Florianópolis, Chapecó e Cuiabá.

A Associação Meditar se propõe a: Difundir a prática da meditação; Congregar os praticantes da meditação; Coletar e divulgar os benefícios à saúde física e mental promovidos pela prática adequada da meditação; Criar, apoiar e promover a difusão de locais adequados para a prática de meditação (Núcleo ou Centros Meditar) no Brasil e no exterior; inclusive, com sedes rurais para abrigar seus membros em vida comunitária voltada à meditação, ao estudo, ao trabalho natural na terra, à contemplação da natureza.

Dedica-se a orientar a iniciação e o desenvolvimento das pessoas (empresa, escolas, associações) na meditação de forma clara, simples, objetiva e segura; Promover cursos, palestras, workshops, retiros e atividades voltadas à prática da meditação; Incentivar e promover a atitude mediativa, altruísta e pacífica, que implique na paz interna e externa, na não-violência, no respeito pela natureza, alimentação natural, bons valores humanos, no conhecimento e na sabedoria.

A Associação Meditar de Cuiabá se reúne sempre aos Sábados, às 08h00, no Espaço Ligia Prieto. Endereço: Rua Min.João Alberto, 137 – Araés - Cuiabá. Informações pelo tel. (65)3052-6634.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Verdade Relativa e a Verdade Absoluta


Por Thich Nhat Hanh


No Dhammachakka Pavattana Sutta, o Buddha ensina as quatro nobres verdades sobre a existência do sofrimento, sua origem e cessação, e sobre o caminho. Mas, no Sutra do Coração, o bodhisattva Avalokiteshvara nos diz que não existe o sofrimento, nem causa, nem cessação, nem caminho. Será que isso é uma contradição? Não. O Buddha está falando em termos da verdade relativa, e Avalokiteshvara transmite seus ensinamentos em termos da verdade absoluta. Quando diz que não existe sofrimento, ele quer dizer que o sofrimento é composto inteiramente por coisas que não são sofrimento. Se você sofre ou não, isso vai depender de muitas coisas. O ar frio pode doer quando não usamos roupas quentes mas, com as roupas adequadas, o ar frio pode ser uma bênção. O sofrimento não é algo objetivo. Ele depende da forma como percebemos as coisas. Existem coisas que causam sofrimento a uma pessoa, mas não a outras, assim como existem coisas que causam alegria a alguns e não a outros. As quatro nobres verdades foram apresentadas pelo Buddha como algo relativo, que ajuda a pessoa a atravessar a porta inicial e a começar a praticar, mas não representam seus ensinamentos mais profundos. Olhando através do ponto de vista da interdependência, sempre podemos reconciliar as duas verdades [relativa e absoluta]. Quando vemos, entendemos e tocamos a natureza da interdependência, vemos o Buddha. [...]

Quando Avalokiteshvara declara que os olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente são vazios, isso quer dizer que eles não podem ser considerados qualquer coisa por si mesmos. Não-eu [ou vazio, vacuidade] quer dizer que você é feito de elementos que não são você. [...] As três qualidades do Dharma são as chaves de que dispomos para abrir as três portas da liberação — a vacuidade (sânsc. shunyata), a ausência de imagens (sânsc. animitta) e a ausência de objetivo (sânsc. apranihita). Todas as escolas do buddhismo aceitam o ensinamento das três portas da liberação. Essas três portas às vezes são chamadas de três concentrações. Quando passamos por essas portas, adquirimos a concentração e nos libertamos do medo, da confusão e da tristeza. [...]O vazio sempre significa vazio de alguma coisa. O copo está vazio de água e a tigela está vazia de sopa. Nós estamos vazios de um "eu" independente e separado. Não podemos existir sozinhos. Só podemos existir em inter-relação com tudo o mais que existe no cosmos. A prática consiste em incentivar a compreensão do vazio durante todo o tempo. Aonde quer que vamos, entramos em contato com o vazio que existem em tudo. Olhamos para a mesa, o céu azul, o nosso amigo, a montanha, o rio, a raiva e a felicidade, entendendo que tudo isso está vazio de um "eu" independente e separado. Quando contemplamos essas coisas em profundidade, vemos a natureza interdependente de tudo que existe. O vazio não significa, em absoluto, não-existência. Significa origem dependente, impermanência e não-eu.

Quando ouvimos falar de vazio, ficamos assustados. Mas depois de praticar por algum tempo, entendemos que as coisas realmente existem, mas de um modo diferente do que pensávamos. O vazio é o caminho do meio entre a existência e a não-existência. A flor não se torna vazia quando murcha e morre, mas sempre foi vazia em sua essência. Está vazia de um eu independente e separado.
(Thich Nhat Hanh. The heart of the Buddha's teaching - transforming suffering into peace, joy, and liberation:the four noble truths, the noble eightfold path and other basic Buddhist teachings. Broadway Books: New York, 1999.)

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