A Associação Meditar é uma sociedade civil com personalidade jurídica, sem fins lucrativos, não religiosa ou doutrinária. O primeiro núcleo surgiu em Porto Alegre-RS, e, atualmente, possui núcleos nas cidades de Santa Cruz do Sul, Lajeado, Novo Hambugo, Santa Maria, São Francisco de Paula, Capão da Canoa, Florianópolis, Chapecó e Cuiabá.

A Associação Meditar se propõe a: Difundir a prática da meditação; Congregar os praticantes da meditação; Coletar e divulgar os benefícios à saúde física e mental promovidos pela prática adequada da meditação; Criar, apoiar e promover a difusão de locais adequados para a prática de meditação (Núcleo ou Centros Meditar) no Brasil e no exterior; inclusive, com sedes rurais para abrigar seus membros em vida comunitária voltada à meditação, ao estudo, ao trabalho natural na terra, à contemplação da natureza.

Dedica-se a orientar a iniciação e o desenvolvimento das pessoas (empresa, escolas, associações) na meditação de forma clara, simples, objetiva e segura; Promover cursos, palestras, workshops, retiros e atividades voltadas à prática da meditação; Incentivar e promover a atitude mediativa, altruísta e pacífica, que implique na paz interna e externa, na não-violência, no respeito pela natureza, alimentação natural, bons valores humanos, no conhecimento e na sabedoria.

A Associação Meditar de Cuiabá se reúne sempre aos Sábados, às 08h00, no Espaço Ligia Prieto. Endereço: Rua Min.João Alberto, 137 – Araés - Cuiabá. Informações pelo tel. (65)3052-6634.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sintonia entre visão e ação - 2/5


Por Lama Padma Samten

A noção de mandala vem da compreensão de que construímos as realidades que nos circundam e que, quando construímos as realidades, nos construímos junto. Vemos que se trata de um processo inseparável, coemergente.
Ao construirmos mundos favoráveis e manifestações de sabedoria, nossa ação positiva se torna natural, desobstruída, compassiva e amorosa. A partir disso, o caminho espiritual com foco no controle das ações de corpo, fala e mente é substituído pela compreensão de que devemos observar e dirigir a forma pela qual nos construímos junto com os mundos. Construindo o mundo a partir da lucidez, teremos o corpo, a fala e a mente lúcidos.
Se construirmos o mundo a partir da ignorância, os impulsos de corpo, fala e mente surgirão dessa visão de mundo equivocada que desenvolvemos. Podemos ouvir as palavras de mestres espirituais e tentar seguir seus conselhos de como utilizar o corpo, a fala e a mente, mas tudo vai parecer muito artificial. Isso porque a sabedoria natural que estaremos usando vai brotar da compreensão que temos do mundo. Da compreensão equivocada de mundo não brota nada além de impulsos equivocados.
Mesmo cientes de que os mestres estão corretos, se não desenvolvermos a visão dos mestres, a nossa ação será contraditória e não veremos solução, nunca teremos descanso, estaremos sempre em conflito interno, nunca teremos um comportamento não-repressivo. Estaremos sempre fazendo esforços para seguir os conselhos dos mestres.
O aspecto do esforço é dramático. De tanto nos esforçarmos, um dia cansamos; quando chegamos nesse ponto, a queda é rápida, e dizemos: "Desisto. Se a espiritualidade fosse natural, eu andaria de forma naturalmente lúcida e válida. No entanto, tudo isso me parece artificial". Parece artificial porque precisamos de esforço constante, nunca encontramos um ponto de equilíbrio, precisamos constantemente relembrar o que ouvimos. De tanto esforço, terminamos desistindo.
Equivocadamente, podemos acreditar que a realidade convencional é muito poderosa, muito abrangente. Podemos pensar que, mesmo construindo uma realidade mais elevada, o que existe mesmo é a realidade convencional de dificuldades e sofrimento. Acabamos por desistir de tentar melhorar a nós mesmos e o mundo.
O caminho de tentar alterar o comportamento pode ser muito penoso, muito lento e, principalmente, de resultados incertos. Se a pessoa alterar o comportamento sem alterar a visão, é certo que mais adiante cairá novamente. O aspecto cíclico é um processo natural da vida, passamos por altos e baixos. Apenas a partir das mandalas de sabedoria teremos efetivamente a visão que permite a ação sem esforço. A visão surge sem esforço porque dentro de uma mandala de sabedoria não lutamos contra nós mesmos, mas vemos e agimos naturalmente. O caminho espiritual se manifesta sem conflitos internos.
Ao se começar pelo treinamento e pelo enquadramento a regras, compromissos e ações, surgem a repressão interna e a disciplina externa. O conflito torna-se inevitável, e o esforço será incessante, desgastante. Temos ações coerentes com nossa visão. Se formos treinados para ações que não estão harmonizadas com nossa visão de mundo, essas ações não terão força.
Eu pude observar meninos que aprendem a tocar violino em instituições para menores infratores. Aprender música é maravilhoso. Mas, quando os meninos saem da instituição, o violino torna-se inútil para eles. Muito frequentemente eles retornam à visão que os levou a praticar as ações que os conduziram à instituição. Mesmo tocando violino, as visões que eles têm do mundo, da família e do bairro não mudaram. Dentro da sua realidade, dentro de sua forma de olhar o mundo, dentro de sua mandala limitada, vender drogas naturalmente faz muito mais sentido do que tocar violino.
Assim, é essencial gerarmos uma visão de mundo para que as ações surjam de forma natural, sem esforço e sem contradições. As visões de mundo, que podem ser geradas individual e socialmente, potencializam as ações.

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