Por Lilian Kushi
Presencio,
sem querer,
os últimos momentos
de uma libélula
que entrou por minha janela...
Primeiro a vejo
voando pra cá e pra lá,
procurando não sei o quê;
depois a encontro
irremediavelmente
desacordada
no tapete da sala...
Suas asas tão transparentes,
antes tão agitadas,
agora dormem para sempre...
E algo em mim
se move no lugar
dela.
Algo que vai além da minha mente.
Algo de imenso valor,
de imensa importância,
chamado simplesmente
Vida:
sinônimo de
mudança,
de Inconstância!
Nunca saberei
quanto tempo ainda terei...
Nem quanto tempo
terão os que eu amo,
os que me cercam...
pequenos ou
grandes,
velhos ou jovens,
belos,
saudáveis-ou não...
saudáveis-ou não...
Quem partirá primeiro?
Como, por quê, pra onde???
E é o Vazio que, inteiro,
me responde!!!
O Vazio silencioso
que ronda tudo e todos...
O Vazio do qual tento me esconder;
que tento,
em vão,
preencher-com milhares de coisas
que invento que tenho pra fazer...
O Vazio em que não consigo
sequer me olhar, me ver,
me adentrar,
me reconhecer,
me perder e
me encontrar...
O Vazio repleto de espaço
que se encontra dentro de mim
e em meu entorno;
dentro e ao redor de cada célula que me compõe...
o Vazio sem nenhum significado,
sem nenhuma forma,
idéia ou identidade:
idéia ou identidade:
o Vazio que eu chamo de Infinito e de Eternidade!
O Vazio no qual me crio!
No qual me deito,
me deixo,
me desfaço-
e recrio de novo,
No qual me deito,
me deixo,
me desfaço-
e recrio de novo,
e desfaço de novo,
continuamente...todos os dias.
E no qual se cria minha alma,
bem junto da poesia.
O Vazio da Divina Presença,
do Divino Presente,
do Divino Poeta,
do Divino Sem Começo
e Sem Fim-
Do Divino Eu Sou-
do Divino Aqui e Agora
sem mim.
sem mim.
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