Queridos amigos, hoje o blog da Associação Meditar de Cuiabá completa 4
anos, são quase 40 mil queridas visitas. Assim, atendendo um pedido da
Aninha (que disse para frisar isso) compartilho um dos textos publicado
no ano de 2011. Esse em especial, escrito por mim para transbordar a
emoção de ser pai. Sincero obrigado a todos e todas, amigos e amigas da
Associação Meditar, e da vida. Muita paz. Visitem: http://www.associacaomeditardecuiaba.blogspot.com.br/
Nossos filhos: verdadeiros diamantes
Por Ivan Deus Ribas
A vida se revela uma extraordinária experiência para aqueles que já foram pais ou que estão vivendo a paternidade. Somente estes, talvez, possam compreender o que quero dizer. Recentemente recebi em meus braços minha filha, uma menina que nasceu revelando a mim uma nova maneira de amar.
Mamãe e eu, dois pais que não conheciam na prática o que representava isso, se extasiam a cada descoberta. A maternidade não apenas revolucionou nossas vidas, mas preencheu nossos corações, fazendo-nos repensar o quanto de humano, de instinto, de espiritualidade reside em nós.
Passei a enxergar de maneira nítida que recebemos ao longo de nossas vidas inúmeras oportunidades, que são colocadas em nossas mãos como verdadeiras jóias preciosas, capazes de resignificar nossa visão de mundo.
Sobre isso, apenas para ilustrar, lembro da estória de um pescador que saiu pela madrugada, após desistir de dormir. Ele levantou de sua cama, calçou as suas botas, pegou os seus apetrechos de pesca e seguiu para o rio, mesmo sabendo que ainda restava muito tempo para o amanhecer.
Caminhava lentamente, com certo sentimento de perda, um vazio inexplicável que a muito o acompanhava, que aos poucos, a cada passo que dava, ia deixando para trás, passando a se envolver pelos sons da natureza, os grilos e outros pequenos bichos que se faziam perceber. Assim chegou à margem do rio, onde costumava sempre pescar. Olhava em volta, tudo escuro. Apenas o correr das águas, a lua e as estrelas.
De repente, ao tentar se acomodar melhor sobre o local em que estava sentando, esbarrou em um pequeno saquinho cheio de pedrinhas. Como não tinha nada para fazer, decidiu brincar, começou a lançar uma a uma na água. Jogava, tentando ver quantas vezes pulava sobre a superfície do rio.
E, assim, foi lançando uma atrás da outra, umas rebatiam duas ou três vezes, indo pouco a pouco esvaziando aquele saquinho. Aquela brincadeira lembrava os tempos de criança. Realmente aquilo o descontraiu.
Não obstante, quando se preparava para lançar a última pedra, o sol começou a nascer.
Preparou-se, pegou com todo cuidado a pedrinha, ajeitou-a em sua mão, inclinou o seu corpo, mediu a distância do lance, dobrou levemente as pernas. E, quando ia arremessar, estancou. Naquele momento, se deu conta de que havia jogado quase todas as pedras, mas não tinha ainda olhado para elas.
O pescador decidiu então, curioso, ver que pedra era aquela, com a qual tinha brincado a noite toda. Foi então que colocou sobre a palma da sua mão e aguardou até que o primeiro raio de sol brilhasse. Mais que depressa, um pequeno feixe de luz incidiu sobre ela e, para sua surpresa, se dividiu em sete cores. Foi quando percebeu que não eram pedrinhas comuns, mas, sim, diamantes!
Refletindo sobre esta pequena estória, podemos ver o pescador como nós, enquanto indivíduos, enquanto humanidade; os diamantes, as pedrinhas, são as oportunidades, os inúmeros milagres que se operam diariamente para que estejamos vivos. A luz do sol representa a tomada de consciência, que ilumina, acabando com a escuridão.
Pergunto-me, se talvez não estejamos como o pescador que caminha pela noite, inseguro, sem termos dimensão das maravilhas que nos cercam cotidianamente, e que, sem perceber, desperdiçamos sem aproveitá-las.
O ar que respiramos, a água que bebemos, o alimento que ingerimos. Se pararmos para pensar por um instante, vamos reconhecer o milagre que se opera bem diante de nossos olhos. O pão que comemos é formado pelo sol, pela chuva, pelo ar, pelos sais minerais, pelos trabalhadores. Sem o sol, sem a chuva, sem a terra, sem os trabalhadores, não haveria pão. Nas palavras de um monge, chamado Thich Nhat Hanh, nós intersomos.
Cada ser vivo é parte essencial para o nosso desabrochar, para o nosso crescimento, para que passemos a enxergar as pedras preciosas. Ser pai ou ser mãe, portanto, é um presente, onde aprendemos a aprender, onde, diariamente, temos a missão de cuidar do melhor em nós, de ajudar estes pequenos seres a descobrir o mundo com olhos despertos.
Ivan Deus Ribas é pai, bacharel em direito e um dos amigos da Associação Meditar de Cuiabá
Nossos filhos: verdadeiros diamantes
Por Ivan Deus Ribas
A vida se revela uma extraordinária experiência para aqueles que já foram pais ou que estão vivendo a paternidade. Somente estes, talvez, possam compreender o que quero dizer. Recentemente recebi em meus braços minha filha, uma menina que nasceu revelando a mim uma nova maneira de amar.
Mamãe e eu, dois pais que não conheciam na prática o que representava isso, se extasiam a cada descoberta. A maternidade não apenas revolucionou nossas vidas, mas preencheu nossos corações, fazendo-nos repensar o quanto de humano, de instinto, de espiritualidade reside em nós.
Passei a enxergar de maneira nítida que recebemos ao longo de nossas vidas inúmeras oportunidades, que são colocadas em nossas mãos como verdadeiras jóias preciosas, capazes de resignificar nossa visão de mundo.
Sobre isso, apenas para ilustrar, lembro da estória de um pescador que saiu pela madrugada, após desistir de dormir. Ele levantou de sua cama, calçou as suas botas, pegou os seus apetrechos de pesca e seguiu para o rio, mesmo sabendo que ainda restava muito tempo para o amanhecer.
Caminhava lentamente, com certo sentimento de perda, um vazio inexplicável que a muito o acompanhava, que aos poucos, a cada passo que dava, ia deixando para trás, passando a se envolver pelos sons da natureza, os grilos e outros pequenos bichos que se faziam perceber. Assim chegou à margem do rio, onde costumava sempre pescar. Olhava em volta, tudo escuro. Apenas o correr das águas, a lua e as estrelas.
De repente, ao tentar se acomodar melhor sobre o local em que estava sentando, esbarrou em um pequeno saquinho cheio de pedrinhas. Como não tinha nada para fazer, decidiu brincar, começou a lançar uma a uma na água. Jogava, tentando ver quantas vezes pulava sobre a superfície do rio.
E, assim, foi lançando uma atrás da outra, umas rebatiam duas ou três vezes, indo pouco a pouco esvaziando aquele saquinho. Aquela brincadeira lembrava os tempos de criança. Realmente aquilo o descontraiu.
Não obstante, quando se preparava para lançar a última pedra, o sol começou a nascer.
Preparou-se, pegou com todo cuidado a pedrinha, ajeitou-a em sua mão, inclinou o seu corpo, mediu a distância do lance, dobrou levemente as pernas. E, quando ia arremessar, estancou. Naquele momento, se deu conta de que havia jogado quase todas as pedras, mas não tinha ainda olhado para elas.
O pescador decidiu então, curioso, ver que pedra era aquela, com a qual tinha brincado a noite toda. Foi então que colocou sobre a palma da sua mão e aguardou até que o primeiro raio de sol brilhasse. Mais que depressa, um pequeno feixe de luz incidiu sobre ela e, para sua surpresa, se dividiu em sete cores. Foi quando percebeu que não eram pedrinhas comuns, mas, sim, diamantes!
Refletindo sobre esta pequena estória, podemos ver o pescador como nós, enquanto indivíduos, enquanto humanidade; os diamantes, as pedrinhas, são as oportunidades, os inúmeros milagres que se operam diariamente para que estejamos vivos. A luz do sol representa a tomada de consciência, que ilumina, acabando com a escuridão.
Pergunto-me, se talvez não estejamos como o pescador que caminha pela noite, inseguro, sem termos dimensão das maravilhas que nos cercam cotidianamente, e que, sem perceber, desperdiçamos sem aproveitá-las.
O ar que respiramos, a água que bebemos, o alimento que ingerimos. Se pararmos para pensar por um instante, vamos reconhecer o milagre que se opera bem diante de nossos olhos. O pão que comemos é formado pelo sol, pela chuva, pelo ar, pelos sais minerais, pelos trabalhadores. Sem o sol, sem a chuva, sem a terra, sem os trabalhadores, não haveria pão. Nas palavras de um monge, chamado Thich Nhat Hanh, nós intersomos.
Cada ser vivo é parte essencial para o nosso desabrochar, para o nosso crescimento, para que passemos a enxergar as pedras preciosas. Ser pai ou ser mãe, portanto, é um presente, onde aprendemos a aprender, onde, diariamente, temos a missão de cuidar do melhor em nós, de ajudar estes pequenos seres a descobrir o mundo com olhos despertos.
Ivan Deus Ribas é pai, bacharel em direito e um dos amigos da Associação Meditar de Cuiabá