Equipe, time, grupo, comunidade. A palavra não importa, o que vale é saber que abandonar a postura individualista é uma das formas mais eficientes de encontrar o equilíbrio no ambiente de trabalho. É o que ensina a monja zen budista Coen Sensei, missionária da tradição Soto Shu - Zen Budismo japonesa, para quem o sucesso da empresa e dos profissionais e fruto da colaboração.
"Quem quer sobreviver na corporação, precisa fazer amigos, porque [os colegas de trabalho] são pessoas com quem convivemos mais tempo do que com a própria família", defende ela. "O que ainda existe no nosso mundo corporativo é a competição, que causa muito desconforto e muito estresse. Somos times, equipes, e não um agregado de pessoas individualistas que se sobressaem umas às outras."
A monja Coen participou do comitê aberto de Secretariado Executivo, realizado na Amcham-São Paulo nesta quarta-feira (16/01), e conversou com a reportagem do site antes da palestra. O tema: como ampliar o horizonte corporativo. Para ela, a grande mudança visa a transformar o olhar individual para o pensamento sobre o "nós" e não somente sobre o "eu". "Se não sei me relacionar bem com a minha equipe, como é que ela vai funcionar?", questiona.
Mudança de vida
Nascida em São Paulo de uma família de não japoneses, Cláudia Dias de Souza, de 65 anos, foi ordenada monja em 1983 – quando foi batizada com o nome Coen. Ela fazia intercâmbio nos Estados Unidos quando passou a meditar frequentemente e buscar mais conhecimento sobre a filosofia zen. Nesta época, ela diz que abandonou um emprego de jornalista em São Paulo para virar secretária de um banco em Los Angeles (Estados Unidos). Daí vem sua experiência com o mundo corporativo.
Nos anos 1980, passou 12 anos no Convento Zen Budista de Nagoia (Japão), entre os quais esteve em uma ordem mendicante. De volta ao Brasil em 1995, ela foi a primeira mulher e primeira não japonesa a assumir a presidência da Federação de Seitas Budistas do Brasil. Em 2001, fundou o próprio templo, a Comunidade Zen Budista.
"O zen budismo serve para todos", explica ela. Na empresa, chefes e equipes poderiam aprender a se integrar mais, porque um depende do outro. "Não existe uma chefia sem subordinados. E estes, se não tiverem um bom líder, não vão funcionar. É como uma orquestra em que todo mundo tem que estar afinado", reflete.
Respiração e meditação
A monja diz que em momentos de estresse no trabalho, se não dá para superar todas as situações adversas, é possível ao menos controlar as reações de raiva, cansaço e irritação. "A reação é algo que sai quase naturalmente. Trabalhar o emocional permite transformar o que seria a raiva em compaixão, em compreensão", analisa.
O trabalho é baseado na respiração, diz. "A coisa mais simples que existe é perceber que todas as nossas emoções passam por um processo respiratório. Ao controlar a respiração, é possível ver quando algo nos tira do sério. Em vez de surtar e criar uma situação desagradável à equipe, observe como está a respiração e trabalhe para que ela esteja equilibrada."
"Não é fácil! Muitas pessoas nos tiram desse centro de equilíbrio, mas é preciso encontrá-lo novamente", diz. "Perceba que quando temos tristezas ficamos com o corpo arqueado. Quando ficamos com raiva, o diafragma fica contraído e a respiração, presa."
A lição prática, seguida pela plateia do comitê, consiste em sentar-se com a coluna ereta, com os ossos do quadril no meio da cadeira. Mãos sobrepostas sobre o colo e cabeça erguida, a respiração deve ser lenta de forma a preencher todo o pulmão e, ao soltá-la, esvaziar o peito quase por completo. O pensamento deve buscar sentir o ar preencher o corpo e renovar a energia. Depois do exercício, se o corpo ainda não tiver voltado ao estado de tranquilidade, pelo menos o estresse vai estar mais distante.
Extraído do site: http://www.monjacoen.com.br/
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