Meditação
Dhyana, meditação, é a prática de acalmar-se, concentrar-se e observar profundamente. Meditação deveria ser compreendida, antes de tudo, como cultivo do samadhi, a plena atenção meditativa. Então quando tomamos alguns ensinamentos como os Três Selos do Dharma - Impermanência, Não Eu e Nirvana - como objetos de nossa concentração, eles se tornam insights reais em nossa experiência vivida, não apenas idéias e conceitos.
O ensinamento Budista fundamental da impermanência nos diz que todas as coisas nascem e desaparecem, de acordo com suas causas e condições. Nada fica para sempre; nada é permanente, imutável em em si mesmo. Muitos praticantes pensam que entendem perfeitamente bem o ensinamento da impermanência mas, na verdade, não acreditam nele. Temos uma forte tendência a acreditar que permaneceremos a mesma pessoa para sempre e que as pessoas que amamos permanecerão também as mesmas para sempre, mas isso é um tipo de ilusão que nos impede de viver de uma maneira mais consciente e compassiva. Se acreditamos que todos e tudo o que amamos estarão sempre aí, preocupamo-nos pouco em cuidar deles, de estimá-los profundamente bem aqui e agora. Quando perdemos algo ou alguém que amamos, sofremos. Quando ainda a pessoa ou a coisa estava presente em nossa vida, nós não as estimamos, não as apreciamos completamente, por que faltou em nós o insight da impermanência. É muito importante fazer do insight da impermanência o nosso objeto de plena atenção meditativa, por que este insight é um elemento essencial do amor e da solidariedade.
Quando conseguimos observar a nós mesmos e as pessoas amadas à luz da impermanência, sabemos o que fazer agora mesmo para trazer alegria para nós e para os outros, por que amanhã pode ser tarde. Quando ficamos com raiva de alguém, é por que nos falta o insight da impermanência e o insight do não eu. Podemos pensar que a felicidade é um assunto individual. Mas quando olhamos profundamente na natureza do interser, vemos claramente que se alguém sofre não há jeito de sermos realmente felizes. Quando estamos com raiva de alguém, sofremos por nossa própria raiva. Quando você puder fazer algo para fazer alguém feliz, para trazer um sorriso à sua face, você sentirá alegria de imediato. Nossa felicidade é feita da felicidade dos outros e o nosso sofrimento também é feito do sofrimento dos outros. Assim, a compreensão da impermanência, não eu e interser nos inspira a fazer tudo o que puder para aliviar o sofrimento e trazer alegria e felicidade para a nossa vida cotidiana.
O insight da impermanência não é apenas uma compreensão intelectual. Existe uma grande diferença entre a idéia da impermanência e o insight da impermanência. O ensinamento da impermanência é oferecido apenas para que possamos realizar o insight da impermanência. Nós temos que saber usar esse ensinamento de maneira inteligente para conseguirmos esse insight. Temos que ter cuidado para não sermos apanhados pelo dogma, pela compreensão intelectual da impermanência, não eu e nirvana. Nós temos que conseguir transformar o que aprendemos em insight real e manter esse insight no nosso dia-a-dia.
O insight da impermanência pode iluminar cada momento de sua vida. Quando acendemos um fósforo, uma chama é produzida. É por causa do fósforo que a chama é produzida, mas quando a chama se manifesta começa por consumir o fósforo. A noção de impermanência é como um fósforo; o insight da impermanência é a chama. Uma vez que tenhamos recebido o insight não precisamos mais carregar a noção. O insight substitui nossa compreensão conceitual limitada.
Não podemos nos libertar com uma simples noção. Podemos falar sobre isso o quanto pudermos, mas sem insight real não haverá chance em nossas vida e no mundo. Se soubermos como praticar a observação profunda para transformar a nossa noção de impermanência e não eu na chama do insight concreto, esse insight irá iluminar nossa vida cotidiana, momento a momento. Você saberá o que fazer e o que não fazer para trazer bem-estar e felicidade para si mesmo e para os outros.
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