Numa palestra emotiva, Ivan Deus Ribas, da Associação Meditar de Cuiabá, acolheu a platéia que esteve presente no quinto encontro do videofórum “As religiões do mundo e a ética global”, realizado quinta-feira, 10 de junho, sobre o Budismo.
Para falar sobre o Budismo, disse Ivan, é preciso voltar 2.600 anos e fazer uma viagem ao mundo oriental. O Budismo nasce na Índia e vai se ramificando por diversos países, até chegar ao Brasil, onde ainda tenta encontrar identidade própria dentro da nossa cultura.
Aliás, a resposta para essa pergunta – Budismo é religião ou filosofia? – ajuda a compreender a complexidade dos conceitos inspirados por Buda, figura mais representada em todo o Planeta, junto com Jesus Cristo.
O vídeo, do alemão Hans Küng, diz que, no entanto, tanto Buda, quando Cristo, jamais aceitariam qualquer veneração, pois ambos são exemplos de alta elevação espiritual e que ensinaram o desapego, o fazer o bem e o encontro consigo mesmo, que, no Budismo, é marcado pela prática da meditação.
“Quem medita, toma contato com as próprias dificuldades”, afirma Ribas.
O Budismo se mostra filosófico quando nos propõe refletir sobre quatro perguntas: O que é o sofrimento? Como ele surge? Como pode ser superado? Qual é o caminho para que seja superado? E se mostra uma religão, quando favorece a ligação entre o homem e o divino, que habita todos nós, em cidades e em rincões isolados.
O vídeo tratou ainda de alguns conceitos budistas. A sangha, que é a comunidade budista; o darma que é a doutrina. E de algumas ramificações.
O Budismo não foca em um Deus criador de todas as coisas, mas em uma idéia que se propõe mais complexa, que é a origem de tudo, a energia que move e a interligação desse tudo. No final das contas, também culmina na mesma idéia de criação universal, força que nos move e guia e a interdependência já dita em outro encontro simbolizada, por exemplo, pelo Yin-yang .
Ribas, no entanto, afirma que isso é menos importante: os conceitos. Segundo ele, o importante mesmo é trazer para o aqui e o agora esses valores de bem fazer, usando-os na rotina, para compreendermos a vida, na perspectiva do amor e da compaixão.
No Budismo, de acordo com o documentário, ao invés da genuflexão dos católicos, os praticantes lançam-se por terra, em sinal de profundo respeito. Nos rituais, cantam sutras e mantras, para criar um ambiente propício ao contato espiritual entre o ser e o divino.
Para Hans Küng, o Budismo se alinha a outras religiões quando massifica quatro idéias universais por uma ética global: não matar, não mentir, não roubar e abster-se da devassidão sexual. O monge budista faz um espécie de compromisso consigo mesmo para não agir incorretamente. Por exemplo: "Prometo abster-me de matar..."
Se são quatro exigências fundamentais para uma ética global encontradas em várias religiões, no Budismo há ainda uma 5ª, que é abster-se de bebidas inebriantes.
O palestrante citou algumas vezes a monja Cohen, de São Paulo, monja zen budista brasileira e missionária oficial da tradição Soto Shu.
Para finalizar, a platéia fez algumas perguntas inquietantes. Entre elas: por que uma religião que cresceu e se ramificou sobre os pilares da paz tem origem em região tão bélica?
Para Ivan Ribas, as sociedades são heterogêneas. Enquanto há aqueles que trabalham pelo bem e pela paz, há também os que ainda não compreenderam esta verdade. Segundo ele, no entanto, o diálogo entre as religiões está ocorrendo em vários pontos do Brasil e do planeta e a tendência é que caminhemos, seja através de uma religião ou de outra, rumo a relações pacíficas, em um mundo onde caberão homens e mulheres com direitos iguais, sem armas, sem bomba atômica, menos barulhento e envolto pelo silêncio curativo.
Keka Werneck, da Assessoria de Imprensa do Centro Burnier Fé e Justiça(65) 3023-2959(65) 9922-9445
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